05 julho, 2008

"A PALAVRA", REGRESSARÁ EM SETEMBRO...

A palavra é o instrumento mais belo que o ser humano possui.
Serve para tudo!... Para amar, para ofender, para seduzir, para matar, para ajudar, para confortar, para diabolizar, para rezar, para enganar, para encantar, para poetizar, para ressuscitar e muito mais.
É através da palavra que nos entendemos, que criticamos e louvamos os outros. É através da palavra que exteriorizamos os nossos sentimentos, as nossas dúvidas, os nossos desacordos e acordos.
Somos todos diferentes, quer no aspecto, quer em termos biológicos, mas é através da palavra, que conseguimos provar a principal característica humana: diversidade cultural, intelectual, religiosa, politica e social. É que sem diversidade não há vida, não há evolução.

Hoje em dia, o valor da palavra é muito diferente, consoante se fala em público ou em “privado”!... A liberdade de expressão é a maior conquista de qualquer sociedade civilizada. Ninguém deve ser perseguido ou incomodado por pensar de forma diferente, mas infelizmente nem sempre assim acontece.
A história da Humanidade está mais do que repleta de atentados à expressão do pensamento. Histórias trágicas, com particular destaque para a intolerância política e religiosa. Provavelmente deverá ter causado mais mortandade e sofrimento do que as mais graves epidemias que atingiram os seres humanos.

Apesar de tudo, a “palavra” continua a ser reconfortante e bela!... Não podemos esquecer que o máximo a que podemos aspirar, é precisamente ter liberdade de expressão e coragem em manifestá-la. Mas - em tudo o que diga respeito ao homem há sempre um mas -, a forma como alguns se exprimem, as condições em que proferem certos juízos, os preconceitos subjacentes a muitos deles, a mesquinhice, os julgamentos precipitados, os interesses escondidos, a falta de carácter e a ausência de coragem ou excesso de “timidez” ao ponto de se “esconderem” no anonimato constituem a vertente negativa da palavra.

Inevitável?... Sim!... É inevitável eliminar as formas mais baixas da palavra. É a antítese do seu superior uso que faz as delícias de um pensador, de um poeta, de um amante, de um cientista, de um artista ou de um religioso. Importa que, os que querem expressar as suas opiniões, o façam de uma forma frontal, aberta, fundamentada e não imbuída de sentimentos negativos que tolhem e embrutecem o pensamento e o seu fruto - a palavra -.
Numa sociedade civilizada que se preze, os discordantes devem utilizar os meios ao seu alcance para exprimir e debater as suas ideias. Onde? Nos jornais, mas não a coberto do anonimato ou de qualquer pseudónimo. Em grupos cívicos organizados?... Venham eles! Quantos mais melhor. Em agrupamentos políticos?... É evidente! Nas assembleias?... Claro! Estes são por definição, os espaços de excelência para exercitar o direito de cidadania. Mas há mais!... Há ainda, os que têm raízes nos velhos conselhos de homens-bons, de anciãos e dos povoados, em que os assuntos das comunidades eram e são debatidos e onde a palavra adquire também um estatuto especial e se calhar mais puro.
É que aqui, a palavra vale ouro e marca de forma indiscutível a posição de qualquer um.
É pena, que os cidadãos não utilizem os meios à sua disposição para exporem sem rebuço, sem medo, sem perigo de intimidação ou de retaliação as suas ideias, opiniões, sugestões, conselhos, denúncias ou o que lhes aprouver por bem.

Todos temos direito a exprimir as nossas opiniões, mesmo que sejam totalmente contrárias às dos outros. Todas são bem vindas!... E todas são bem vindas, porque do contraditório podem surgir novas ideias, novos paradigmas, contribuindo para o progresso civilizacional.
É por isso, que não partilho a perspectiva nietzschiana, segundo a qual “O caminho para todas as coisas grandiosas passa pelo silêncio”. Prefiro antes o debate nos locais apropriados, onde sei, atempadamente, que a palavra tem uma cotação preciosa. Chama-se a isto cultura democrática. Não é colocando um boletim de voto de quatro em quatro anos que nos torna democratas, mas sim o procedimento que revelamos entre as eleições. No primeiro caso trata-se de um direito, no segundo um dever...
É por tudo isto, que continuarei a usar a palavra!... E continuarei a usar a palavra, porque é através dela, que procuro fazer-me entender, criticar e louvar os outros. É através da palavra que procuro exteriorizar os meus sentimentos, as minhas dúvidas, os meus desacordos e acordos. Mesmo que alguns não gostem, em SETEMBRO cá estarei, para dar vóz à minha palavra. Até lá, umas boas férias para todos...