23 novembro, 2009

A TRAFICÂNCIA...


O estalar da “batata quente”, entre os senhores PGR e o presidente do STJ, que resultou das escutas do chamado processo Face Oculta, deu naquilo que era já previsível, isto é: Ausência de índicios, que eventualmente pudessem comprometer a figura do Primeiro-Ministro.

Posto isto, há que retirar deste e de outros processos – atinjam eles quem atingirem e trate-se de quem se tratar – algumas ilações. E a principal ilação a tirar, é que tudo quanto “cheira” a escutas, está de facto a passar das marcas!... Digo-o com convicção.
Como disse há dias – e a meu ver bem - um destacado membro do Governo, todo este emaranhado de escutas, contra-escutas, noticias e contra-noticias, nada tem a ver com justiça. Tem a ver isso sim, com autêntica espionagem politica e o retirar de dividendos pessoais, não se olhando a meios para atingir os fins.

Ao longo do tempo em que me conheço, não me recordo de atitudes de tanto sarcasmo, de tanta ironia e de tanta desconfiança, como aqueles que certos senhores de poderes diferenciados, conseguiram montar contra o sistema judiciário e até politico. Aquilo que está à vista escusa candeia: Instalou-se, informalmente, na comunicação social portuguesa um programa de justicialismo cujos resultados estão à vista e já cheiram a podre.

Por mais esforços que centenas de polícias, de procuradores e de juízes possam fazer para entregar dignidade à sua profissão, a traficância de informação (porque é disso mesmo que se trata) entre gente que vive no meio judiciário, na comunicação social e na política tornou-se num verdadeiro prostíbulo. O segredo de justiça já não passa de um arroto. A falta de decisão judicial em vários processos arrasta-se e arrasta Portugal para a lama. A comunicação social mistura, tempera e agita notícias apocalípticas, que em lume brando, desfazem vidas, destroem a honra e o carácter dos visados. A pretensa moralidade de comentadores comprometidos ou avençados faz o resto.
Quando o País se torna governável à luz do boato ou da notícia do dia, deixou de haver Governo, deixou de haver Oposição, deixou de haver política na sua maior nobreza para emergirem graves personalidades, botando discurso beato sobre a intriga, desleixados das suas obrigações.

Impõe-se que governe quem deve governar. Que faça oposição quem a deve fazer. Que investigue quem tem competência para investigar. Que julgue quem deve julgar. É preciso que certa gente ganhe vergonha na cara e cumpra as suas obrigações para com o País e os cidadãos. É para isso que lhes pagamos com os nossos impostos e as nossas contribuições. E porque lhe pagamos, exigimos uma justiça séria, uma justiça que julgue, em vez de mandar julgar na praça pública, muitas vezes "degolando" inocentes.

A mediocridade já foi longe demais, cheira a podre e a indignidade.
Não é com esta prostituição moral que o País sairá da crise.

16 novembro, 2009

A RADIOGRAFIA DO PAÍS!...

A radiografia do país - seja pelos indicadores estatísticos publicados por organizações nacionais e internacionais, seja pelos estudos analíticos de personalidades ou equipas de reconhecido mérito – refere, invariavelmente, diagnósticos e prognósticos que nos dão alguma esperança. Porém e pese embora tais indicadores, as conclusões do cidadão comum, continua a mesma de sempre: a continuar assim, Portugal caminha rapidamente para o abismo – se é que à beira dele não está já.
Diz ainda o dito cidadão - e não se engana – que a continuarmos com esta “onda” de gestores públicos, não é fácil, nem mesmo entre os mais optimistas, encontrar quem com conhecimento e lucidez, esteja disposto a apostar palavra e reputação no sucesso futuro do país. Mais: Não haverá governo que consiga remar, contra estas e outras demandas de vigaristas profissionalizados.

Por estes dias, três reputados economistas – Ernâni Lopes, António Carrapatoso e Vítor Bento -, partilharam a ideia, ainda que com diferentes graduações, do cepticismo ou pessimismo, que é aliás comum à generalidade dos economistas. Diz Vítor Bento, que o problema por cá , como pelo resto do mundo, começa na crise das religiões. Tudo deixou de medir-se pelo que há-de vir e perdeu-se na busca dos interesses imediatos.

O que conta é o curto prazo, os resultados do dia seguinte, do trimestre, do semestre ou do ano. De nada importam as consequências a médio ou longo prazo, os valores ou padrões comportamentais e o legado ou a herança que se transmitem para as gerações vindouras.
Infelizmente, este é o prato-do-dia para as pessoas, quer sejam elas individuais ou colectivas, e consequentemente para os Estados.

A triste realidade, é que as sociedades modernas perderam as referências e cederam à crise de valores, com todos os custos inerentes. E tudo piora ainda mais, quando como afirma Ernâni Lopes, “vale tudo para enriquecer de qualquer maneira e depressa, sem critério”, ou quando o país, precisado de uma elite dirigente de excepção, fica à mercê de golpadas do ordinareco que faz umas jogadas, uma burlas, umas corrupções, enfim… tanta nojice, que nem o padre da minha terra "consegue suplantar".
Infelizmente é este, ou está a ser este o Portugal do século XXI.

Mas o pior de tudo, é se à crise de valores e de referências – ou das religiões, na tese de Vítor Bento – se junta a crise da Justiça terrena. Aí é que a “porca vai torcer o rabo”!... Espera-se – a todo o custo -, que tenha capacidade suficiente para dar resposta célere e em tempo útil a tanta gatunagem, quando não, ninguém resistirá…
Haja esperança e inconformismo !... É preciso dizer “não” à resignação. Portugal só pode ter um mau futuro se continuar assim. Há que acreditar que é possível mudar, e mais do que acreditar, fazer por isso.

09 novembro, 2009

PAULO BENTO, MERECE MELHOR!...

Sou sócio do SCP com as quotas em dia, e disponho em conjunto com os meus filhos, de três lugares no Alvalade XXI. Estou por isso à vontade para dizer aquilo que me vai na alma, relativamente a uma figura ímpar, que durante 12 (doze) anos, fez parte dos quadros do Sporting Clube de Portugal, primeiro enquanto atleta e mais tarde como técnico.
Mas vamos aos factos:-Há quatro anos, quando iniciou a sua carreira de treinador na Liga Principal do nosso futebol, Paulo Bento foi então a solução encontrada para aguentar a situação do Sporting, a passar por um péssimo momento, até que fosse contratado treinador com o estatuto, que Bento – segundo os entendidos da época - não tinha.

Com o decorrer do tempo, afirmou-se no clube e fez-se respeitado no futebol português, não só pelos resultados, mas pela atitude, pela verticalidade, pelo carácter e pelo querer que sempre demonstrou.
Paulo Bento, não foi só o treinador de campo, que fez de uma equipa vulgar, num clima de grandes dificuldades e disputas internas, o motivo de muitas alegrias para os sportiguistas, ficando perto, mesmo muito perto, de conseguir o que há muito o Sporting não lograva obter, e que lhe foi negado pelo “sistema” e pela mão do “diabo”.
Paulo Bento, foi também o dirigente do clube que outros, pagos para o serem, nunca foram, foi o homem, que em menos tempo conquistou mais títulos, foi ao longo destes últimos quatro anos, a corporização da alma sportinguista, ao protestar corajosamente contra injustiças inenarráveis de que o clube foi alvo, sofrendo as consequências, mas dispondo-se ao sacrifício como é próprio de quem faz da razão, força.
Não vi ninguém, senão ele, a fazê-lo, apesar de ser apenas um dirigente da equipa técnica do futebol, sem responsabilidades directivas e muito menos de administração.

Após a humilhação frente ao Bayern no final da época passada, a actual situação do Clube, só veio confirmar a falta de empenho e de profissionalismo de alguns jogadores, que nunca esconderam o desencanto por não rumarem a outras paragens, pensando apenas em si, e de outros que não têm a mínima qualidade para envergar a camisola verde e branca.
Apesar desta evidência, apesar da evidência de Paulo Bento concorrer com os seus adversários com muitos menos meios, apesar de concorrer com “artistas” de segundo e até de terceiro plano, apesar de lhe terem fornecido “gato por lebre”, apesar de não poder fazer “omeletes se ovos”, foi ele que saiu maltratado, por um conjunto de “corrécios” que a única coisa que sabe fazer na vida, é alimentar a quadrilhice.
Este fenómeno passa-se no futebol, como se passa em qualquer outra actividade. Traduz-se na habitual e implacável ingratidão, que é, a par da inveja, das condenações de preceito (de preferência na praça pública) e do gosto pelos assassinatos de carácter, apanágio dos fracos, dos incompetentes e daqueles que nada fazem. PAULO BENTO é um EXEMPLO… e por isso, merece MELHOR…

QUE TRIBUNAIS SÃO ESTES?!...

Ela chegou aqui à meses e nós estamos a tentar fazer tudo para normalizar a situação, mas esteve oito anos em Portugal e vocês não viram o estado em que ela estava?... Mas que Tribunal entregou a menina a uma pessoa assim?...”

Estas afirmações foram produzidas por Iúri Kudiravtsev, responsável pela protecção de menores na zona onde a pequena Alexandra – de que tanto se tem falado – vive, por imposição de um Tribunal português.
No meio de tudo isto, o grave... o grave é que nós vimos e sabemos como tudo se passou. E viu também o casal que acolheu a criança durante quatro anos, viram os vizinhos, viu a Segurança Social, viram os técnicos cujos relatórios declaravam que aquela mãe não podia ficar com a criança e viu o Juiz de 1.ª instância, que manteve a confiança nos pais afectivos, no julgamento do caso.

Na verdade, só há duas entidades que não viram: O Juiz(es) do Tribunal da Relação de Guimarães e a Embaixada Russa em Lisboa, que testemunhou em favor da mãe da criança, e através do seu depoimento, encontrou a fórmula célere de a “nacionalizar” e lhe pagar prontamente os bilhetes para com a mãe partirem de abalada até à Rússia. Mas afinal, porque não viram estas duas entidades, aquilo que estava à vista de todos?...


Pela leitura do Acórdão, fica-se com a ideia de que os senhores decisores puseram o “sangue” acima dos interesses da criança, e que a sua leitura da realidade foi toldada por preconceitos contra a mãe de acolhimento, cujo amor pela Alexandra foi apelidado – lembram-se? – de “amor serôdio”, sendo o seu testemunho, nomeadamente sobre a constante embriaguez da mãe da menor, visto como uma estratégia para lhe “roubar a filha.

E o que cegou a Embaixada Russa?... Provavelmente, o desejo de lavar a imagem, como se o que nos faltasse, fossem casos de alcoolismo... enfim..., por esse malfadado mundo.


O que dói é que tudo era tão previsível, tão claro. O que insulta é que a decisão foi tomada apesar de se saber que era irremediável e que Alexandra ficava completamente desprotegida.

E já agora para terminar, deixemo-nos mas é de circos com Ministros à mistura. O que não tem remédio, remediado está. O que tem de ser feito, é pedir contas à justiça portuguesa, em nome desta criança, que agora é objecto de reportagens e contra-reportagens, e de tantas outras crianças que o Estado maltrata, sem responder pelos seus actos. Coitada da "pobre" Alexandra, que ainda se arrisca a ir parar a um orfanato...

03 novembro, 2009

OPERAÇÃO "FACE OCULTA"!...

A operação "Face Oculta", levada a cabo pela Policia Judiciária, colocou sob a alçada judicial cerca de uma dúzia de distintas personalidades e denunciou esquemas de viciação de concursos e consultas públicas - de várias das maiores empresas com participação do Estado -, envolvendo milhões de euros na área das sucatas e resíduos industriais. Enfim, "lixo"...

O que está aqui em causa, são crimes económicos de corrupção, associação criminosa, branqueamento de capitais, tráfico de influências... ou seja, o que tradicionalmente é conhecido por crimes de "colarinho branco" e que por regra, vinham escapando às malhas da justiça.


Felizmente que os tempos vão mudando, e este caso prova já o contrário daquilo a que ao longo dos tempos nos fomos habituando, e prova também, que pelos vistos, não são necessárias "equipas especiais" e intervenções superiores, quando as magistraturas e as Policias operam conforme está previsto na Lei.


Assim, tudo pia mais fino, mesmo quando megaprocessos como este, depois se embrenham nas complicadas teias que infestam os Tribunais.