Por variadas vezes, nomeadamente no
contexto da celebração destes 50 anos do 25 de Abril de 74, ouvimos,
repetidamente: “é preciso cumprir Abril”. Em sentido oposto, é
também vulgar ouvirmos o apelo “Abril Sempre!... Pela minha parte e porque
procurarei estar sempre do lado certo da História, prefiro – e hoje mais que
nunca, o termo “Abril Sempre”.
E porquê?!... Porque Abril se cumpriu
há 50 anos!... Cumpriu-se com o falhanço das “Caldas” a 16 de Março de 1974 e a
prisão do Varela e de quem o acompanhava; cumpriu-se na coragem dos Capitães de
Abril protagonizada no Golpe Militar e na queda do regime ditatorial e fascista
na madrugada de 25 de Abril de 1974; cumpriu-se na consequente Revolução dos
Cravos que alimentou e solidificou o processo político, garantindo a solidez da
Liberdade e da Democracia conquistadas e oferecidas ao Povo pelos militares; cumpriu-se
com o PREC, com o Verão Quente de 75 e com o 25 de Novembro; cumpriu-se com as
Reformas Políticas da Junta de Salvação Nacional, do MFA e do Conselho da
Revolução; com uma Assembleia Constituinte; cumpriu-se com a aprovação de uma
Constituição da República; cumpriu-se com um Parlamento saído de Legislativas;
com os primeiros Governos Constitucionais e do Poder Local; e cumpriu-se, com a
implementação de um Estado de Direito Democrático. Mas há mais: cumpriu-se
também com as Reformas Sociais implementadas e vividas no pós-revolução -
alfabetização, liberdade, garantia dos direitos fundamentais; com o voto
representativo, igualitário e livre; com o SNS; e com a reforma na educação e com o Estado Social.
E Abril cumpriu-se ainda, quando no
dia do cinquentenário o Povo saiu à rua, dando expressão política, social e
libertária à resistência de tantos que foram amordaçados, agrilhoados,
perseguidos, exilados ou mortos; de tantos que resistiram e lutaram; e de
tantos que na sujeição da subsistência pessoal e familiar viveram sufocados
pela opressão do regime. Abril
cumpriu-se por isso na Democratização e no Desenvolvimento, deitando para trás
das costas, 48 anos de obscurantismo.
Perguntar-me-ão: o que falta então
cumprir?!... Nada. Falta é manter vivos os princípios e os valores de
Abril, principalmente quando hoje, percorridos que são 50 anos de liberdade e
democracia, ainda aja quem queira reescrever a História por um mero interesse
ideológico, querendo esvaziar um dos seus marcos mais excelsos e aproveitar-se
da liberdade e da democracia conquistadas, para a ferir, despejar e destruir
com saudosismos do passado e o regresso à ditadura e ao fascismo, num claro
retrocesso civilizacional, político e social.
Nestes 50 anos de Liberdade e
Democracia, o que importa é viver e fortalecer Abril, não esquecer um dos seus
ícones - Salgueiro Maia, e um obrigado aos Capitães de Abril, principalmente e
por orgulho de quem me está mais próximo, ao Vasco Lourenço, ao Aniceto Afonso
e ao Jorge Golias. Não há
futuro para a liberdade, sem a memória da falta dela!… Importa por isso,
viver Abril Sempre…