Uma região que é Património Agricola Mundial, não se compadece com isso. Ninguém quer um cenário destes à porta de casa!... E não o quer, porque o processo e o legado são reconhecidamente pesados e por isso bem difícil de carregar pelas populações e por quem gosta da nossa terra.
Hoje, são mais do que justificadas as apreensões locais em relação à exploração de lítio a céu aberto. Justificadas, porque em maior ou menor escala, o impacto ambiental está garantido. E está garantido, seja na massiva movimentação de solos, seja no ruído da maquinaria, seja nas ameaças aos cursos de água, seja pela evidente e muitas vezes irremediável transformação da paisagem. Barroso, não se compadece com isso!... Uma região que é Património Agricola Mundial, não se compadece com isso. Ninguém quer um cenário destes à porta de casa!... E não o quer, porque o processo e o legado são reconhecidamente pesados e por isso bem difíceis de carregar pelas populações e por quem gosta da terra.
E sendo assim, desde logo uma
pergunta se impõe: após milhares de toneladas de lítio terem sido extraídas em
nome do desenvolvimento económico e da transição energética, o que ficará de
perene, que possa mitigar a transformação da paisagem, a profunda alteração das
rotinas, ou a convivência com um vizinho incómodo e indesejado?!... Sejamos
justos: a extração mineira, não pode ser feita de outra forma que não num
controlado rebuliço de quem tem de procurar minério nas entranhas da terra,
apesar dos avanços tecnológicos que permitem outros cenários de exploração
distintos dos que se encontram datados historicamente, e que estão bem visíveis
em várias paisagens por esse país fora. E sendo assim, são muitas as dúvidas e
as implicações, para que se possa pedir de ânimo leve, que se aceite como
irreversível o avanço da exploração.
É por isso imperioso, que se
conheça ao pormenor o que implica para as comunidades locais uma eventual
intervenção deste cariz, tal como é absolutamente necessário que se justifique
a suposta inevitabilidade desta exploração, elencando o que ela contribuirá
para a economia nacional, e sobretudo para a da região que terá que lidar com o
longo processo de extração e exploração e as respectivas consequências. E o
ênfase, deve ser colocado precisamente neste ponto: a região e a comunidade,
o seu bem estar e o seu futuro. E para que não restem também
dúvidas, quem são os principais beneficiários das contrapartidas, que não serão
obviamente as populações que terão que lidar com este problema. E isso, como
sabemos, não tem sido uma política muitas vezes seguida nem nestes, nem noutros
casos, com a agravante, de que é muito mais fácil ignorar, quando estamos a
tratar o assunto em regiões despovoadas e sem qualquer tipo de peso político
reivindicativo.
O que nos diz a realidade, é que hoje por aqui, poucos sabem algo de substancial sobre este tema. Tudo é feito, decidido e publicado à distância, a partir de gabinetes onde Barroso é apenas um ponto num mapa. O esclarecimento das comunidades, não é só por isso recomendável como absolutamente obrigatório, e não pode ser feito à distância por decreto aos súbditos. E por isso, nada se resolverá esperando pelas conclusões do estudo de impacto ambiental que está para vir, por muito exemplar e íntegro que ele seja. O lítio não serve definitivamente os interesses de Barroso e da sua população.