A
normal nomeação da nova Procuradora Geral da República, Lucília Gago, com a dupla confiança do Governo e
do Presidente da República, pôs termo à guerrilha da direita que a doutora Cristas, os sectores radicais do PSD ligados a Passos Coelho e Marques Mendes se esforçaram por partidarizar. felizmente que a "bem da nação", a Pátria, a democracia e a isenção partidária prescindiram da inédita
recondução, sem sobressalto. Com a sua natural substituição, a Dr.ª Joana Marques Vidal não abdicou da sua
reiterada convicção de que o mandato era único, em sintonia com a opinião do
constitucionalista, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestada de forma clara, na
liderança do PSD e em livro, sobre a Revisão Constitucional de 1997. E a
ministra da Justiça viu o seu entendimento sobre o mandato único, embora omisso
na lei, plenamente confirmado. Pessoalmente, talvez tenha sido severo a apreciar o mandato da doutora Marques Vidal, sem saber o que foi mérito
seu e o que se deve aos Procuradores que investigaram os processos mais
mediáticos, cujo êxito dependerá ainda das acusações e decisões judiciais, mas o que está à vista "escusa candeia"!... Joana Marques Vidal não pôs termo à violação do segredo judicial; não decidiu
reabrir - como admitiu, o caso Tecnoforma; não averiguou a corrupção no caso dos
submarinos; não evitou que imagens de um ex-Ministro, nos interrogatórios aos
vistos Gold, fossem parar à televisão; não mandou investigar as empresas,
algumas de fachada, e os autarcas e dirigentes do PSD, Marco António Costa,
Luís Filipe Menezes, Hermínio Loureiro, Agostinho Branquinho, Virgílio Macedo e
Valentim Loureiro, que viciaram contratos públicos, ludibriaram o Estado e
terão ocultado financiamentos proibidos para campanhas eleitorais, segundo uma
grande investigação de Miguel Carvalho, Visão n.º 1278, de 31-8/a 6-9-2017, que
revela indícios de tráfico de influências e corrupção destapados com o fim da
agência Webran. Da investigação dos esquemas de corrupção escabrosos, relativa
às teias de interesses que os municípios tecem, não houve qualquer investigação
ou emissão de um comunicado sobre tão graves e alarmantes suspeitas. Talvez agora a
próxima PGR esclareça o País. E já agora, também não parece que os processos contra os arguidos nos casos do BPN, BCP,
BES, Banif, BPP e por aí fora, estejam a decorrer da melhor maneira, muito menos se as coisas não poderiam ter funcionado de outro modo.
A renomeação de Joana Marques Vidal dependia apenas por isso do Primeiro-Ministro e do Presidenteda República como se
sabe. Não estava nas mãos de Deus, de quem Marques Mendes queria ser o Arcanjo
Gabriel. De qualquer modo, quem fez chantagem com o Governo e o PR saiu
derrotado.