Há uma coisa porém
que me recuso a fazer!... Confundir propositadamente mensagens de “opinião” com
“ódio”. A opinião vale aquilo que vale, as mensagens de ódio são crime. E tudo
isto, para chegarmos à essência da questão: as eleições autárquicas estão aí à
porta, e pelo andar da carruagem, candidatos ao “pote” é coisa que não
falta!... É como diz o nosso povo – andam todos ao mesmo. Podem até faltar
testes ao Covid, podem faltar vacinas, voluntários para o combate à pandemia e apoio
a quem precisa, mas para as colmatar não há voluntários. Voluntários há e
muitos, para ocuparem o “cadeirão do trono” e procurar “arrebanhar” tanto
quanto possível para lá chegar.
Dito isto e tendo
em conta as presumíveis alterações à Lei eleitoral autárquica, que a serem
aprovadas vêm criar mais dificuldades às candidaturas dos chamados
“independentes”, à primeira vista, tal desiderato poderá até repugnar que sejam
os Partidos a ter o monopólio das candidaturas. Impedir grupos de cidadãos de
se proporem a uma Junta de Freguesia ou a uma Câmara Municipal poderia ser
visto até como uma restrição à liberdade de associação. É verdade que sim, mas
sendo verdade, os exemplos que temos do seu contrário também não são bons!... E
não são bons, porque podendo até sugerir a possibilidade de existirem modelos
de democracia local mais participativa, animada e transparente, aquilo que se
constata através dos seus discursos nos diversos canais onde fazem vida, é
precisamente a promoção do seu contrário. “Candidaturas”, que passando ou não
de bluff, cumprem afinal apenas e só, o seu papel para o agudizar de conflitos,
de desmandos e até de dissidências partidárias, seja por intervenção directa ou
delegada. É a pobreza politica ao seu mais elevado nível!... Uma pobreza, que
vai até mais longe: apesar do passado que alguns ostentam, aparecem - nesta
nova fase da sua vida política - com uma retórica infestada por posições
anti-partidárias, o que em boa verdade pressupõe uma idoneidade democrática
muito suspeita, sabendo-se como se sabe, que sem Partidos não há democracia –
por isso as rejeito, ponto final.
E rejeito-as por mais duas razões: a primeira, é porque não aceito a constituição de listas de dissidentes partidários no assalto às autarquias e na oportunidade para “partidos” sem representatividade se ocultarem sob pseudónimos. O escrutínio do poder autárquico, excepto nas grandes cidades, praticamente não existe!... Aliás, é difícil saber o que é isso de independentes. Habitualmente, são os preteridos pelos Partidos onde militam, ou para os quais trabalham por um desejo de Poder que consegue ser mais forte do que a fidelidade às suas próprias convicções, e depois quando se vêm descartados ripostam.
Recentemente para
aquilatar as “águas em que navegam”, perguntei a um desses potenciais
candidatos, se o seu “grupo” era de esquerda ou de direita. Foi-me explicado
que não era, nem de um, nem do outro lado, mas conhecendo eu as suas
convicções, fiquei perfeitamente elucidado. Por isso, podem mudar os nomes que
quiserem, “Mais Montalegre”, “Menos Montalegre” ou qualquer outro!... Só
avançam em grupo, porque outros lhes fecharam as portas.
A segunda, é que
quando alguém é eleito sob a sigla partidária, ainda que designado de
independente, podem os eleitores julgar o Partido que o integrou na sua lista,
pela gestão ou eventuais desmandos que possa cometer. Mas este é um facto que
não sucede com os autodesignados independentes. Meteram-se em sarilhos, vão à
sua vida, e depois, quem vier atrás que feche a porta.
Um exemplo
concreto: no Porto, a provarem-se os benefícios com uma bolsa valiosa de
terrenos adquirida por usucapião, com escritura feita em Montalegre e
nebulosamente caída na família de um autarca e dele próprio, que Partido pode o
eleitorado punir em próximas eleições?!... Nenhum…
Por isso não tem
nada que saber!... Os tais independentes que se querem fazer passar por “filhos
de pais incógnitos da politica”, não são melhores nem piores que os outros –
são iguais. Mas a responsabilidade terá sempre de cair sobre quem lhe dá guarida,
o que com os chamados independentes não sucede. Por isso tenho pena,
independentes não – obrigado.
(A minha crónica para o Planalto Barrosão de 1 Março- Texto escrito segundo a antiga ortografia)