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2 – Também por estes dias, dizia o general Loureiros dos Santos “que o ambiente de segurança em Portugal é permissivo” e que “do ponto de vista legal, não entendia porque determinados comportamentos não eram alvo das devidas sanções”. Concluía, afirmando que “somos um país onde se faz turismo criminal”…
3 – Só ente Janeiro e Março do corrente ano, as Policias apreenderam verdadeiros arsenais de armas ilegais , que atingem o meio milhar (algumas de elevado calibre) , contra as cerca de duas centenas, em igual período do ano passado. Apesar das mesmas não se destinarem a ornamentar as algibeiras dos seus possuidores, nem para os acompanharem á missa… certo é, que tais ilegalidades, não foram ainda objecto de qualquer sanção, ficando-se todas as infracções pelos vulgaríssimos TIRs, que se presumem ter validade ad eternum…
4 – Também entre Janeiro e Março, foram apreendidos 15 embarcações, 13 das quais destinadas ao tráfico de droga, contra três no mesmo período de 2008... Resultados!... Não se conhecem...
5 – No último fim de semana, um elemento da Polícia Marítima – em casa a gozar a sua folga – baleou de madrugada um cadastrado que estava a assaltar, com mais três comparsas, o café Raio de Sol, em Moreira da Maia. M. M. de seu nome, foi atingido de raspão na cabeça, está internado no Hospital de S. João e não corre perigo de vida. Os seus comparsas abandonaram-no, fugiram e estão a monte!... O Policia foi preso e acusado de excesso de legitima defesa…
6 – Também recentemente, ouvimos a Procuradora-Geral Adjunta, Maria José Morgado, argumentar não a surpreender,”o facto de crimes de grande alarme social, como sejam os assaltos a bancos ou de cariz sexual, não resultarem em prisão preventiva” e esquecerem-se os juízes “que para além do receio infundado de fuga (pressuposto este muitas vezes utilizado para a libertação dos arguidos), existem outros perigos - como o da destruição de provas, perturbação de testemunhos ou a continuação da actividade criminosa” -, que sistematicamente são ignorados …
7 – Já todos sabemos, que hoje em dia, para crimes iguais, são tomadas decisões diferentes!... A este propósito vejamos o seguinte: No passado mês de Março, dois homens mataram as suas mulheres à facada por motivos fúteis – ciúmes -, um em Setúbal e o outro na Mexilhoeira Grande (Portimão), e tanto um, quanto o outro, decidiram entregar-se à Polícia!...
Ora perante este pequeno exemplo de factos, perguntamos: QUE JUSTIÇA É ESTA… E ATÉ QUANDO!...
Já toda a gente percebeu, que este Código de Processo Penal, bateu uma das mais tristes marcas que pode haver no Direito: perdeu o prazo de validade ainda antes de se cumprirem os dois anos da sua vigência.
Ora se cada vez há maiores problemas de reincidência; se as leis não conseguem dar resposta à crescente complexidade da violência; se se mata mais e mais facilmente; se o trabalho das polícias é diariamente desautorizado nos tribunais, que na maior parte dos casos também não têm saída perante leis que mitigam o valor da integridade física e da própria vida humana; se se perdeu a estabilidade das leis como um dos valores primordiais do Direito e se subverteu a lógica preventiva do direito penal, o que é que nos resta?...
Resta-nos, a bem da verdade e da justiça, que ao menos não se tenha perdido a lucidez e que se apresse a revisão de um Código, que apenas tem contribuído para dissolver a imagem das instituições aos olhos do cidadão. É preciso que o bom senso regresse rapidamente e que o silêncio seja maior do que a coscuvilhice. É importante que as divergências sejam rapidamente sanadas. Não é possível continuar por mais tempo este clima de suspeição generalizada pois aquilo que está em causa é a estrutura essencial do Estado de Direito.
Esta malta – sim… sim, aqueles que nós sabemos - anda a brincar com o fogo. Há muito que a discussão séria e consequente sobre os destinos da justiça foi abandonada. Discute-se o funcionamento e a organização das policias, discutem-se os poderes e poderzinhos, discutem-se vinganças e vingançazinhas, mas ninguém assume as suas PRÓPRIAS RESPONSABILIDADES (e nós sabemos de quem são).
Infelizmente, entrámos no território da vulgaridade medíocre e já não é a opinião pública que critica o sistema. É o sistema que se devora a si próprio...