
Na campanha que se aproxima, quer Sócrates, quer Ferreira Leite, não vão lutar apenas por valores ou políticas. Ambos irão lutar também, pelas respectivas sobrevivências politicas, enquanto chefes dos Partidos que lideram. Ora vejamos:
Poderá José Sócrates sobreviver a uma derrota eleitoral no dia 27 de Setembro?... Pelo que vamos sabendo das sondagens, e lembrando os resultados das europeias, é um dado quase adquirido, que toda a gente espera que o PS perca muitos votos e consequentemente a maioria absoluta. Deste pressuposto, parece ninguém duvidar. Mas... qual será a dimensão dessa perda?... É óbvio que ninguém sabe. No entanto, podemos avançar com alguns cenários. No primeiro deles, admitamos que o PS fica à frente do PSD, e com uma percentagem superior a 35 por cento. Será que o senhor Presidente da República convidará Sócrates a formar governo?... Admito que sim!... Pese embora não se lhe vislumbrem aliados (
BE e CDU já se pronunciaram), quase de certeza que o faz. Apesar de tudo, e tendo em conta os resultados que deram origem à actual maioria, 35 % não é uma derrota demasiado humilhante, podendo mesmo governar em minoria e aqui e ali, tentar fazer acordos pontuais à esquerda ou à direita, conforme os assuntos em discussão e o interesse nacional.
Porém, o caso muda de figura, caso o PS baixe mais do que isso. Mesmo se ficar à frente do PSD, mas apenas com 31 ou 32 por cento, a fragilidade da situação agudiza-se. A perda será muito pronunciada, e a ala esquerda do PS poderá então dizer com a razão do voto, que Sócrates governou demasiado ”
à direita ” e que por isso perdeu um número significativo de votos. Assim sendo, nada impede Alegre e o seu grupo, ou até mesmo, António José Seguro, de se constituírem como alternativas, propondo uma coligação governamental que inclua o Bloco de Esquerda, ou o PCP, ou até os dois ao mesmo tempo.
Neste cenário e caso Sócrates fosse confrontado com tal imposição, as suas dificuldades seriam imensas. É evidente que o actual Primeiro-Ministro, não é o homem indicado para chefiar um governo da “
esquerda unida”, e o máximo que poderia tentar oferecer ao PS, para se salvar (a ele e até a outros) era um improvável Bloco Central com o PSD.
É que no meio disto tudo, não é apenas Sócrates que está em risco!... O mesmo se passa com Manuela Ferreira Leite!...
Se ganhar as eleições, as consequências serão óbvias!... E o óbvio passará pela constituição de um governo de coligação, com o seu habitual parceiro, que lhe permita uma governação, mais ou menos estável e a unidade artificial (não se sabe por quanto tempo) da “ família” social democrata, sob a égide do senhor Presidente da República, que sempre gostou de ver “respeitados” todos os seus aliados e amigos, que consigo conviveram, desde os tempos em que exerceu cargos de governação e pelos quais a "dama de ferro", parece ter um carinho muito especial.
Mas... se entretanto perder, como será?!... Depois da “guerra” da constituição das listas, das homenagens de autarcas sociais-democratas ao 1.º ministro, do retirar da confiança à oposição interna e das criticas, oriundas dos diversos quadrantes, o que acontecerá a Ferreira Leite?!...
Evidentemente o óbvio!... E o óbvio aqui, significa “clarificação”!... Significa mais um congresso extraordinário, em que Pedro Passos Coelho ditará as suas “leis”.
Aliás, não é por acaso, que Passos Coelho pede a maioria para o Partido nestas eleições. Pedro Passos Coelho – estou em crer -, já se vê como o futuro presidente do PSD e tendo em conta as perspectivas de Marcelo Rebelo de Sousa, de que o futuro governo, não resistirá mais que dois anos, este é o momento certo, para começar a fazer contas à vida….
Por tudo isto se conclui, que a carreira política de Sócrates e Ferreira Leite, está em momento de alto risco. Para eles, tudo poderá acabar no dia 27, o que significa que nesta campanh,a não se irá lutar apenas por valores - se é que ainda existem - ou políticas, mas também pela sobrevivência desta duas figuras, da nossa esfera politica.