
Há seis anos atrás, a dívida externa líquida cifrava-se em 64% do PIB ou seja 92.205 milhões de euros.
Em 2009 atingiu 100,6% do PIB, isto é 164.689milhões de euros.
Significa isto, que em apenas 6 (seis) anos, a dívida externa portuguesa aumentou 72.484 milhões de euros, ou seja 78,6% em termos percentuais.
Perante os factos impõe-se uma pergunta lógica: O que fez o povo para merecer tal catástrofe?!...
De quem é a culpa?!...
Quem contribuíu para tudo isto?!...
Sendo certo que a culpa morre sempre solteira, há contudo situações que nos deixam perplexos.
A primeira, é a visão para o combate ao problema, de alguns distintos analistas e gestores públicos da nossa praça!... Segundo dados de Outubro de 2009, esta gente, paga principescamente com dinheiro dos contribuintes, recebe em média, mais 32% que os americanos, mais 22,5% que os franceses, mais 55% que os finlandeses e mais 56,5% que os suecos.Todavia, são esses mesmos gestores – a começar pelo ainda governador do Banco de Portugal – que descaradamente já falam, não naquilo que deviam falar, a começar pelo "equilibrio" dos seus vencimentos, mas sim, na redução dos salários dos funcionários públicos e privados, e em valores que podem atingir os 30%.
Para além da vergonha que isto representa, isto é, em boa verdade, um escândalo e uma afronta a quem trabalha e que mostra, sem sombra para qualquer dúvida, um total desrespeito pelos mais desfavorecidos, pelos pensionistas e por todo aquele molho humano, que com o resultado do seu trabalho, faz das tripas coração para poder sobreviver.
A segunda é protagonizada pela classe politica dominante!... Dizem os nossos “digníssimos” políticos, que a crise é para ser paga por todos, surgindo inclusive todos os dias com novos exemplos. É falso!... Falso como Judas... Aqueles que a deviam efectivamente pagar, são os que menos pagam!... Mais: Há gente que não paga nem pagará nunca!... Essa gente, vive num território sideral, num território para lá do alcance das tiradas fáceis - offshores, SGPS, fundações, isenções, facturas falsas, leis ambíguas e, no limite de tudo, a coberto da ineficácia judicial e até da tolerância de quem deveria ser implacável, designadamente daqueles que hoje falam em redução de salários. A estes cavalheiros, ainda não lhes ouvi uma palavra, que contradiga todas estas habilidades e desmandos dos poderosos, a começar pelos banqueiros, que "obrigaram" os contribuintes a tapar buracos com milhões, que não se sabe bem onde foram parar.
Mas sosseguem os nostálgicos: alguém vai pagar... Ai vai vai e com língua de palmo!... Vão pagar os "menos ricos" do escalão máximo do IRS, porque regra geral vivem do trabalho e não fogem, ou não têm como fugir da voragem fiscal de 46,5% de IRS, a que acrescem 11% para segurança social, +-1% para IMI, imposto único sobre o carro, sem esquecer os impostos indirectos - gasolina, electricidade, IVA, impostos sobre o consumo, o que tudo somado ultrapassa os 70%, e a “tropa macaca”, que de tanto esticar a corda, pouco resta para rebentar.
Tudo isto é de loucos!... De loucos para quem paga, como é óbvio …
Infelizmente para quem nos “governa”, a contabilidade pública depende da aritmética e não se compadece com as "verdades". Se o Governo subir 1% do IVA em todos os escalões, se congelar os aumentos da pensões e os salários da função pública, poupa dois ou três mil milhões; se aumentar o IRS mais dois pontos no escalão máximo, um ponto e meio no intermédio e um ponto no mais baixo, arrecada mais cem milhões. A aritmética é uma chatice - mas sempre foi!.. E foi por isso mesmo que o comunismo implodiu, não foi por causa dos Pershing ou dos Cruise contra os SS-20 ou do "Star Wars".
Portanto, só nos resta "cair na real" e entender que já não há mais truques na manga. Como bom português, Sócrates não pode ficar a engonhar...
A verdade é um complicómetro!... Tem custos e consequências, mas tem de ser dita. É lamentável que ainda não se tenha percebido, que o caminho é cortar na despesa do Estado e não confiscar riqueza à economia. Se alguém se desse ao trabalho de fazer um levantamento e cortar tudo aquilo que de inútil o Estado subsidia - falsos produtores culturais, falsos empresários, falsos criadores de teatro de revista, obras da treta, rotundas de aldeia, feiras de moda e design, associações disto e daquilo, fundações fantasma e outras coisas que todos sabemos existirem e envergonham qualquer cidadão de bem - seria o suficiente para baixar radicalmente o défice, sem sequer se pagar uma grande factura eleitoral. E o mesmo sucederia, se não se querendo dar a esse trabalho, José Sócrates decidisse um "corte cego" de 5 ou 10% nas despesas de cada Ministério, de cada Governo Regional, de cada empresa e instituto público, de cada autarquia – obrigando toda essa gente a fazer mais com menos dinheiro, de forma a puxar-lhe pela imaginação e livrando-a do supérfluo. Só que, isso sim, já custaria votos e muitos.
Não!... Assim não vamos lá…E com eleições legislativas no horizonte próximo, muito menos…
NOTA FINAL: Apesar de nunca lhes ter contado as notas, aqui fica uma pequena amostra, daquilo que se consta serem os salários MENSAIS de alguns dos distintos analistas e gestores da nossa praça, entre os quais se encontram alguns dos que clamam pela redução dos salários!... Vejam só:
-Mata da Costa: Presidente dos CTT - 200.200 Euros ; Carlos Tavares: CMVM: - 245.552 Euros; Antonio Oliveira Fonseca: - Metro do Porto, 96.507 Euros; Guilhermino Rodrigues: ANA:-133.000 Euros; Fernanda Meneses: STCP:-58.859 Euros; José Manuel Rodrigues: Carris:-58.865 Euros; Joaquim Reis: Metro de Lisboa:- 66.536 Euros; Vítor Constâncio: Banco de Portugal:- 249.448 Euros; Luis Pardal: Refer:-66.536 Euros; Amado da Silva: Anacom:-Autoridade Reguladora da Comunicação Social, ex-chefe de gabinete de Sócrates: -224.000 Euros; Faria de Oliveira: CGD:-371.000 Euros; Cardoso dos Reis: CP-69.110 Euros;Vítor Santos: ERSE-Entidade Reguladora da Energia:-233.857 Euros; Fernando Nogueira: ISP-Instituto dos Seguros de Portugal:-247.938 euros (este não é o ex-PSD que se encontra em Angola ); Guilherme Costa: RTP: -250.040 Euros; Afonso Camões: Lusa:- 89.299 Euros; Fernando Pinto: TAP:-420.000 Euros e Henrique Granadeiro: PT:-365.000 Euros. A estes falta ainda juntar os das Estradas de Portugal, EDP, Brisa, Petrogal e sei lá que mais. Imaginem agora, o que é pagar um subsídio de férias ou de Natal a estes senhores!... ''Tome lá meus caros amigos para passar férias ou fazer compras de Natal"!...
Que país é este, que na situação em que se encontra, continua a alimentar este "banquete", à custa dos sacrifícios do do Povo?!...