
Sócrates e Passos Coelho, não se "topam"!... Aliás... nunca se "toparam"...
Quando Passos Coelho frequentava os congressos da U.E.Comunistas, Sócrates alinhava pelo PSD. Quando Sócrates resolveu vestir a camisola do PS, Passos Coelho, agarrou-se ao PSD.
Enquanto jovens, estiveram sempre em barricadas diferentes. Hoje, a principal razão que os motiva, é a luta pelo poder, esse tal poder, que mesmo em tempos de crise, todos adoram.
Desta vez porém, os ímpetos que os movem, foram-lhes refreados, se calhar até, contra as suas próprias vontades. Por razões diferentes, ambos colocaram a fasquia demasiado alta, todavia alguém os colocou nos devidos lugares, impondo-lhes a aprovação do OE para 2011.
Quer isto dizer, que apesar de mau, Portugal vai ter um orçamento. Ainda bem!... A alternativa era muito pior. Era o risco da ausência de crédito do exterior, da falta de dinheiro para as empresas, para salários, e se calhar até, para as pensões de reforma. Um cenário de horror e sofrimento, que os portugueses de bem, não merecem.
Com a garantia da aprovação do OE na generalidade, damos assim um pequeno passo para começar a resolver a nossa grave crise financeira. Mas faltam dois outros igualmente urgentes: uma política que fomente o crescimento económico e um programa de emergência social.
O problema estrutural de Portugal, continua a ser, a incapacidade de criar riqueza!... O último governo que conseguiu um défice abaixo dos 3% e um crescimento acima dos 2%, foi o já longínquo governo de António Guterres, o tal, que muitos "predestinados cá da nossa praça" acusam de ter fugido...
Mas vamos ao que agora interessa: É exactamente desde o último governo de Guterres, que oscilamos entre a recessão e a estagnação económica. Passámos quase vinte anos a empobrecer, a gerar desemprego e a agravar as desigualdades sociais. Assim, ou invertemos esta tendência ou passaremos outros vinte a marcar passo e a divergir da Europa.
Para tanto, não chega ter em ordem as contas públicas. Temos de ambicionar mais. Precisamos de fomentar as exportações, estimular o investimento privado, atrair o investimento estrangeiro, criar condições para reduzir os encargos das empresas, melhorar a produtividade nacional e de ter um Estado mais pequeno e menos gastador.
E aqui volto a Guterres: Naquele período, éramos a moda na Europa. Desde que bateu com a porta, e não esteve para aturar o tal "pântano politico" ainda hoje existente e que teima em não nos largar, começamos a baixar na classificação.
De quem foi a culpa?!... Todos sabemos: Das políticas desgraçadas que passaram por Durão Barroso, Santana Lopes, Portas & C.ª, e mais recentemente pela actual governação, minada até ao tutano, por gente sem escrúpulos, cujo lugar onde deveria estar, era nas masmorras das cadeias. Graças a Deus que os portugueses de bem, continuam a ser os mesmos e não perderam qualidades.
Todos sabemos, que o desemprego galopante está a ter consequências sérias. Há famílias inteiras sem meios de subsistência, idosos sem dinheiro para comprar medicamentos, crianças que chegam à escola subalimentadas, pessoas da classe média que envergonhadamente recorrem a instituições sociais para tomarem uma refeição, cidadãos que esperam o fecho de supermercados para tentarem encontrar nos recipientes do lixo meios de subsistência. Tão grave é a situação, que até nos envergonhamos de falar nela. A solução, porém, não é fechar os olhos à realidade.
A tal "Esquerda Moderna" saída do Congresso que elegeu Sócrates e que este resolveu utilizar como bandeira, nunca me convenceu. Esta "Esquerda Moderna", é aquela mesma, onde os ideais ficaram na gaveta, onde sempre proliferaram o clientelismo, os lambe-botas, onde ao longo dos anos se criaram suspeições, alegados actos de corrupção como nunca se viu e que serviram de tranpolim, para crucificar o próprio Secretário-Geral do PS e actual Primeiro-Ministro. Primeiro-Ministro, a quem nem a determinação que se lhe reconhece bastou para resistir.
José Sócrates está de rastos (nota-se), e depois dos erros cometidos, das deslealdades, dos oportunismos, da falta de solidariedade e dos tiros nos pés que sistematicamente vem dando e de que a proposta de orçamento do Governo é o melhor exemplo, ao servir os interesses de Passos Coelho e do PSD em bandeja de prata, é fácil constatar que Sócrates chegou ao fim da linha. Não dá mais...
E aqui cabe perguntar: Sabendo Socrates, que o lider do PSD teria de viabilizar o orçamento, sob pena de ser "triturado" pela banca, pela UE e até pelo seu próprio Partido, como é possível dar de mão beijada a Pedro Passos Coelho, a reavaliação das obras públicas, o "cabaz do IVA" e as deduções fiscais, que agora lhe servirão de bandeira?... Estaremos já perante um ajuste de contas, com alguém do seu partido?!...
Não sei se a sede do poder permitirá a Execução Orçamental!... Creio bem que não... Os interesses são muitos, e as pessoas vivem em permanente contra-ciclo. O que sei, é que Portugal precisa rapidamente de um programa de emergência social, sob pena de corrermos o risco de uma implosão social.
Estarão os politicos preparados para isso?!... Creio sinceramente que também não. Do PCP, ao BE, passando pelo CDS/PP, os portugueses já não esperam nada. Diga-se em abono da verdade, que nada se esperando dos Partidos ditos de esquerda, o Dr. Paulo Portas, teve um comportamento deplorável em todo este processo. Ora sendo assim, perguntar-me-ei: Merece então este Governo a governação do país?!... É evidente que não... Só resta o PSD...
Só que o PSD para ser governo, terá primeiro que ganhar a confiança dos portugueses e aí, tudo dependerá do voto que em sede própria lhe fôr dado. No meio de toda esta embrulhada e no caso das diversas hipóteses não serem clarificadas através de uma maioria, caberá ao próximo Presidente da República "sair da casca", "dar um murro onde deve dar" e colocar os politicos na ordem, através de um governo de coligação, que defenda efectivamente o país. Se assim não fôr, o regabofe - que já se reiniciou - nunca mais terá fim e o país cairá no abismo.
Meus amigos: A verdade é só uma: ou mudamos de vida, ou não seremos um país decente, solidário e com futuro. Será muito difícil perceber isto?...