Há
pouco tempo foram detidos dois inspectores da Polícia Judiciária
acusados de vender informações a traficantes de droga; ainda mais
recentemente foi tornada pública a suspeita de que funcionários do
fisco andariam a vender segredos fiscais; agora um suposto espião,
andaria a vender segredos aos russos. Suposto espião porque ao que
parece os nossos espiões não espiam nada!... Estão segundo se diz
por aí, alegadamente em gabinetes de Lisboa, a analisar informação
que outros espiam, sejam eles os espiões de outros países, ou até
pequenos bisbilhoteiros de empresas de telecomunicações.
Não
deixa porém de ser divertido que num país onde tudo se sabe e há
muito que não há segredos, o que “esteja a dar” é precisamente
vender segredos. Talvez por isso, à uns tempos atrás se tenha
assistido a tanta agitação por causa do acesso ao segredo fiscal
dos cidadãos. Até ouvimos alguns sindicalistas defenderem que o
acesso aos segredos de cada um, era um direito profissional
inalienável dos funcionários do fisco. Na ocasião, o que se
defendeu não era o direito ao segredo, mas antes a desbunda, isto é,
ninguém devia estar acima do cidadão comum na hora de sabermos dos
seus segredos fiscais.
E
sendo assim, que argumentos terão levado a Arrow Gloal a contratar
Maria Luís Albuquerque?!... O que terá a ex-Ministra de
especial, para que seja contratada por uma empresa que compra dívidas
aos bancos, num país onde estes estão intoxicados até ao pescoço?
Dir-se-ia que é a experiência, ora a experiência aqui, não é mais
do que o facto de ter estudado os dossiers, dossiers que porventura
estarão cheios de segredos.
Pois
é!... Dantes vendiam-se favores, mas parece que com a crise o grande
negócio são agora os segredos. Os políticos levam os segredos para
o privado, os gestores vendem os segredos à concorrência e depois a
dedução é óbvia: nunca foi tão verdade, que o segredo é a alma
do negócio. Indo mais longe: a venda de segredos virou negócio da
China. "Pobres segredeiros" que mais dia menos dia, vão acabando no "xadrez". E ainda bem...