
Não sei se houve ou não
dinheiro envolvido naquilo que o árbitro Luís Godinho fez no último jogo
Setúbal – Benfica!... Suponho que não. Pelos mails, percebemos que esse não é o
“modus operandi” do Benfica. Ou pelo menos, não é o principal. O esquema é tão
simples que corre por si próprio sem que sejam necessários contactos entre as
partes. O Conselho de Arbitragem é apoiado pelo Benfica e dele depende para se
manter no cargo – do qual fazem parte José Fontelas Gomes, que pelos ditos mails
sabemos que tinha um camarote privativo no Estádio da Luz nos tempos da APAF e
João Ferreira, o tal que “pode ser” numa das escutas que a equipa do Apito
Dourado decidiu ignorar Luís Filipe Vieira, que então negociava, com Valentim
Loureiro, a escolha do árbitro para um jogo do Benfica. Sabendo que está nas
mãos do Benfica, que por sua vez tem nas suas mãos um conjunto alargado de
clubes, conseguidos através de diversas “prendas” que vão desde o empréstimo de
jogadores, ao pagamento de verbas avultadas pelo direito de opção de
um determinado jogador “a escolher” que nunca chega a ser exercida, o Conselho
de Arbitragem faz as nomeações dos árbitros que mais interessam ao clube. Era
assim no tempo de Vítor Pereira e nada mudou com Fontelas Gomes. Neste processo, têm um
papel fulcral os classificadores de árbitros, e entre eles, o seu responsável
máximo. Até há dois anos, era Ferreira Nunes – com pseudónimo de Franck Vargas, a quem o Benfica pagou pareceres jurídicos,
bilhetes e noites em hotéis. Hoje em dia, deve ser um outro Ferreira Nunes
qualquer. É que os árbitros sabem que se quiserem ter uma boa nota dos seus
classificadores, têm de favorecer o Benfica. Melhores notas são o garante de
nomeações para mais jogos, o que significa mais dinheiro. Não é por acaso, que Luís
Godinho é o líder das nomeações nesta temporada.
Exactamente!... Um dos
internacionais-proveta do tempo de Vítor Pereira, que na época passada foi contra
um jogador do FC Porto, Danilo Pereira, e expulsou-o por causa disso, num
episódio anedótico que correu mundo. Aliás, nesse jogo em que era preciso
arrumar o FC Porto da Taça da Liga, conseguiu-o: expulsou Danilo e Brahimi e escamoteou
um penalty descarado ao clube azul e branco.
A recompensa pelo bom
trabalho que tem feito aí está!... Na presente época, foi nomeado para mais
jogos do que todos os seus colegas de profissão. Entre eles, tocaram-lhe três
jogos do Benfica, dois dos quais contra o Setúbal. Jornada de pré-clássico é pois
jornada de Godinho – Fontelas Gomes sabe-a toda. Nestas duas últimas
semanas, foi o que se viu: em Braga arredou definitivamente o Sporting da
corrida para o título ao escamotear-lhe um penalty flagrante por falta do
guarda-redes Mateus sobre Bas Dost e logo a seguir manteve o Benfica em
primeiro lugar com a pouca-vergonha que se viu no Bonfim em Setúbal. Luís Godinho chegou à
cidade do Sado com a lição bem estudada!... Sabia que Jardel e Fejsa não poderiam
ver cartões amarelos, caso contrário não jogariam contra o FC Porto, e o
resultado viu-se: nem que arrancassem os olhos aos seus adversários, os iriam
levar. E não levaram, mesmo que tivesse havido razões mais do que suficientes
para isso. Isto, para além de Rúben Dias não ter sido expulso como devia ter
sido. Até – pasme-se, o sectário Duarte
Gomes o disse. Depois o penalty inventado
aos 90 minutos foi apenas a cereja no topo do bolo. Alguém acredita que ele
marcaria aquela falta se fosse na grande área do Benfica, ou numa grande área
qualquer de um adversário do FC Porto ou do Sporting?!... Alguém esquece que em
Outubro, no Benfica – Feirense, que terminou com 1-0, o mesmo senhor não marcou um penalty contra o Benfica ainda que mais flagrante que o de Setúbal?!... E que dizer do de Dost em Braga?!... Não os marcou, nem nunca os marcaria, porque conhece
as regras do jogo. Da mesma forma que as conhece Rui Costa, aquele a quem “temos de dar cabo da nota”, quando também aos 90 minutos
não marcou um penalty escandaloso a favor do FC Porto na Vila das Aves.

Sei o que o Sporting andou a fazer nos anos 50 e porventura 60, sei o que o Porto
andou a fazer nos anos 90, e sei também o que andou a fazer durante o Apito
Dourado. Coisas que não só não me agradam, como me incomodam – e sinto ainda
hoje vergonha, pela forma como alguns jogos foram ganhos durante esses anos.
Mas também sei o que o Benfica tem andado a fazer. E ao contrário de mim, não
vejo nenhum benfiquista incomodado com a forma como ganhou em Setúbal e como
ganhou este campeonato - sim, porque é impossível não ganhar, nem o sistema permitiria
um desfecho diferente. Nem vejo nenhum benfiquista incomodado pela forma como
ganhou o campeonato da época 2014/2015. Para esses, existe o Apito Dourado e
existem os anos 50, 60 e 90. O resto é um mar de rosas e de gente impoluta. Os
portistas são corruptos, os sportinguistas idem, e os benfiquistas são sérios. Pobre
futebol que tão mal tratado és.
Como nota final, repare-se
e comparem-se os conteúdos das fotos