O relatório da Inspecção-Geral de
Finanças, solicitado pelo anterior Ministro das Fnanças, Fernando
Medina, por recomendação da Comissão Parlamentar de Inquérito à
tutela política da gestão da TAP, foi agora conhecido e não traz grandes
novidades:!...
Entre
outras referências, diz-nos que não houve racionalidade económica no
negócio de entrada no capital da "VEM Brasil" - a empresa de
manutenção da Varig, coisa que já se sabia, faltando apenas saber a
quantificação da perda, calculada em 906 milhões de euros. Conclui
ainda o relatório, que no negócio da privatização da TAP, David Neelman
foi financiado com um empréstimo de 226 milhões de dólares da
Airbus, em troca do compromisso da compra pela companhia aérea de 53
aviões, garantido pela TAP, que ficou ela própria, obrigada
a pagar os 226 milhões de dólares emprestados a Neelman, se
não comprasse os aviões. Ou seja: dá-nos a conhecer aquilo que desde há 10 anos
muitos andamos a denunciar e que tem a ver com o facto da TAP ter sido comprada
com o próprio dinheiro da TAP.
Dito isto, também não é absolutamente novidade, que esta
estratégia era do conhecimento da Parpública e do Governo da
altura, de que Passos Coelho era Primeiro-Ministro e Maria Luís
Albuquerque a Ministra das Finanças.
Novidade, novidade, é o que se dá como provado e que perante as
provas, a Inspecção-Geral de Finanças tenha concluído, que todos os factos
deste embrenhado processo fossem comunicados ao Ministério Público para
investigação.
O que é porém estranho, é que o documento em causa não refira o
nome de Miguel Pinto Luz, na altura Secretário de Estado das
Infra-Estruturas, Transportes e Comunicações, nessa qualidade responsável
directo por toda a operação, e actualmente Ministro com a tutela da TAP, que se
propõe voltar a privatizar e já com negociações em curso.
Para terminar: o que não é estranho, nem novidade, é que o próprio Miguel Pinto Luz entenda que nada disto o põe em causa, e se entenda legitimado pelo Primeiro-Ministro pelo simples facto de ser membro do seu Governo. Longe vão os tempos de um "parágrafo", em que um Primeiro-Ministro afirmava, que não poderia continuar no cargo "sob suspeita". Cada um, obviamente é como cada qual...