20 abril, 2008

1. O ESPÍRITO DE ABRIL... - 2. FINAL TRISTE...

O ESPIRITO DE ABRIL... OS TRABALHADORES... E AS VOZES DO DONO.

No momento em que se celebra mais um aniversário do 25 de Abril, e perante as profundas transformações que na última década vêm fustigando o campo do trabalho no nosso país, fará sentido interrogarmo-nos se valeu a pena e onde pára o espírito da Revolução dos Cravos!...
Há que dizer com toda a frontalidade, que nenhum português de boa fé, poderá colocar em causa a LIBERDADE.
Em boa verdade, vão longe os tempos das velhas ilusões colectivistas e dos ideais socialistas da época – a solidariedade, a igualdade, a justiça social. Porém, também não tenho dúvidas, que estamos longe do equilibrio e que o actual cenário social e laboral é marcado pelo individualismo, pela indiferença e por sentimentos de vulnerabilidade, de insegurança e de dependência. Hoje, é corrente verificar-se, que em vez de formas de gestão modernas e democráticas, da responsabilidade social das empresas, do diálogo social, da autonomia individual, do respeito pela cidadania – salvo as poucas e honrosas excepções – prevalece o autoritarismo e um absoluto seguidismo imposto pelas hierarquias.
Hoje, revolta-me verificar, que sejam os próprios subordinados, trabalhadores e funcionários, a abdicar dos seus direitos, na expectativa de com isso preservarem o emprego, ou consolidarem a sua posição. Com tal postura, o elo fraco está cada vez mais fraco e a aversão ao sindicalismo – ou a qualquer outra forma de associativismo autónomo – tornou-se a regra. A cultura anti-sindical ou associativa, vai-se impondo a partir do topo, e estende-se já, a algumas franjas da base da pirâmide. A luta que resta é hoje meramente individual e pela segurança, ou seja, regressámos às necessidades primárias.
É por tudo isto, que penso ser inaceitável, que mais de três décadas após o 25 de Abril, o espírito obediente, submisso e acrítico, seja premiado, em clara contraposição à verdade, à lealdade e à frontalidade! A falta de verticalidade tem hoje grandes vantagens, contrariamente ao espírito livre e autónomo. E obviamente que quem ascende pela obediência, jamais pode aceitar que abaixo de si, subsista a mais leve irreverência. Resulta daí, que aqueles que mostrem a mais pequena veleidade em questionar as opções da cadeia hierárquica, embora competentes, entram de imediato nas listas de candidatos à “prateleira” ou à eterna estagnação na posição subalterna ou burocrática que ocupam, quando não são simplesmente despedidos no final do contrato. Este tipo de comportamentos, é hoje perfeitamente visível e são os próprios Partidos, sustentáculos da nossa Democracia, que muitas vezes os promovem e incentivam. Esta é a verdade, e quer se queira ou não, a obediência cega, vem-se tornando um padrão, um requisito já não para progredir, mas tão somente para agarrar o emprego a todo o custo.

O ponto nevrálgico de toda esta situação, está pois nas lideranças e no espectro do desemprego. Estamos perante uma lógica em cadeia, imposta de cima, que penetra nos níveis intermédios e atinge os inferiores, isto é, num processo em que as chefias, os directores, os coordenadores, no fundo, aqueles que centralizam o poder em diferentes sectores, sobem e ganham protagonismo, não pelas suas qualidades e talento, não porque possuam reconhecido mérito ou grandes competências técnicas, não porque sejam inovadores e tenham mais iniciativa do que os outros, mas pelo contrário, eles sobem justamente, quando já deram repetidas provas de que obedecem à “voz do dono”, de que seguem até ao “tutano”, a vontade e a estratégia de poder daqueles que os promoveram ou os propuseram.
É sobretudo por isso que são nomeados, chamados para encabeçar listas, para assumir cargos públicos e controlar posições-chave dentro das instituições. A “lealdade” e a “confiança”, em vez de traduzirem dedicação à instituição, à sociedade e às causas, tornam-se meros paliativos para esconder obediências pessoais.
Este é um poder social que não possui um único centro. É um poder que se dissemina no mundo empresarial, na administração pública, no parlamento, nas universidades, assumindo formas distintas e cobrindo âmbitos diversos.

Perante isto, aos cidadãos e trabalhadores – dos que já esqueceram as promessas de Abril e aos mais jovens que as ignoram –, cabe perguntar se o discurso tecnocrático, hoje novamente dominante, sobre a aposta nas pessoas, nas qualificações, nas oportunidades e no mérito, não será uma enorme falácia e o que é feito do espírito de Abril?...
Pela minha parte e como sempre, não me resigno!... Por circunstâncias da vida, participei activamente na “revolta” e jamais esquecerei a noite maravilhosa de 25 de Abril, as peripécias que a envolveram e os dias que se lhe seguiram. È por tudo isto, que continuo a pensar... VALEU, E VALE A PENA LUTAR POR ABRIL!...



2. FINAL TRISTE...

A candidatura e posterior eleição de Menezes, para a presidência do PSD, foi sem sombra de dúvida, um erro de casting na história do Partido.
A sua carreira politica, tem uma marca da qual jamais se livrará, e essa marca tem um nome: "Congresso do Coliseu" em Lisboa.
Aí, Menezes mostrou o tipo de pessoa que é, e o seu estilo, que decisivamente viria a pesar e a comprometer o seu percurso politico. Parece que ainda hoje estou a ouvir, a tremenda assobiadela com que ali foi contemplado, e as suas "lágrimas" de "Madalena arrependida"...
Mas Menezes não aprendeu!... Pela parte que me toca, havia-lhe dado como tempo limite para a manutenção do seu mandato, o final do ano, porém, para bem do PSD e do próprio país, folgo, que tal tenha acontecido a destempo.
É que em boa verdade, os genuínos Sociais Democratas - notáveis ou bases -sofriam e sentiam-se incomodados com os sucessivos episódios...

Os comentadores comentavam...

Os críticos criticavam...

Os tácticos calculavam...

E os "sucessores" ameaçavam...

Não sei o que vai seguir-se no PSD. O que sei isso sim, é que como estava, o estiolamento era o próximo passo. Sei eu, e sabe toda a gente, excepto Ribau, Santana & C.ª!...

Porém e há que dizê-lo, foi triste ao que assistimos. Luis Filipe Menezes desabafou um putativo “basta” de proporções magnânimas. De seguida, "amigo" do Partido e do «povo» social-democrata, marcou eleições directas para 24 de Maio de 2008, concedendo um prazo de 37 dias, para os «terroristas» e respectivos «mandantes», bem como outros «quejandos» (repare-se na elegância do estilo utilizado), se organizarem.

Meus senhores:

O que impressiona em Menezes já não é tanto a nulidade doutrinária que o habita, a vocação para franco-atirador de ideias erráticas, desgarradas e ininteligíveis, o péssimo gestor de conflitos, o agitador por interposta pessoa. O que mais impressiona é a forma como este homem não percebeu, que como líder de um partido com ambições de poder, foi um tremendo e horrendo erro de casting. O que perturba, é ele não perceber ainda, quem foi, quem o acompanhou, e o mal que fez ao PSD.
Até na saída, Menezes foi ridículo, triste, injurioso e abjecto.

PARA TERMINAR, UM VOTO:
Que o patriotismo Social-Democrata, do PSD – e não do PPD/PSD, entenda-se - obrigue, agora e já, a centrar esforços numa "lufada" de credibilidade. de um partido que nunca esteve ausente das grandes reformas no Portugal pós 25 Abril, de um partido que traçou uma matriz ideológica e demarcou um espaço político que só ele preencherá.
Haja coragem e autenticidade

11 abril, 2008

DUAS "ANEDOTAS" NO PAÍS DAS MARAVILHAS / O REGRESSO ANUNCIADO...

1 - DUAS " ANEDOTAS" NO PAÍS DAS MARAVILHAS...
A ideia de colocar estas duas imagens lado a lado, tem como objectivo recordar, não só o atraso em que o país se encontra, mas também chamar a atenção de dois belos exemplos, de homens de PROMESSAS, senão vejamos:
Um prometeu 150.000 empregos, durante a legislatura e o outro colocar o Benfica na Europa dos campeões. Nem mais, nem menos...
Fomos todos nós, que ajudamos as respectivas personagens, a ocupar os cargos a que actualmente presidem. Porém, apesar do descalabro, ainda nos querem fazer acreditar nas promessas vãs e fantasiosas, com que ambos nos vão brindando todos os dias. E nem sequer a taxa de desemprego que a 1 de Abril se cifrava nos 7,5% e o facto de o F.C.Porto se ter sagrado tricampeão com 18 pontos de avanço, a cinco jornadas do fim do campeonto, os faz corar de vergonha, se é que de facto a têm. Uma coisa é certa: Digam lá que a COMPARAÇÃO não é perfeita?....


2 -O "REGRESSO" ANUNCIADO ...
No PSD, toda a gente parece estar a viver fechada no quarto como Estaline depois da invasão alemã. As últimas sondagens, dão os piores resultados de sempre para o PSD, mas Menezes parece continuar a achar que "o povo" continua com ele (talvez por o líder do PSD não querer vencer as próximas legislativas). Enquanto a credibilidade do partido aos olhos dos eleitores bate no fundo, os seus responsáveis entretêm-se a comentar a escolha de uma jornalista da moda, por parte da RTP, para apresentar um programa televisivo. Enquanto o país vai vivendo no seu marasmo habitual, o PSD e os seus responsáveis caminham alegremente para o abismo, sem perceberem para onde estão a ir, e como arrastam todos os portugueses com eles. Não há melhor exemplo da alienação da realidade do PSD que o momento do debate parlamentar de ontem (11 ABR), em que Pedro Santana Lopes anunciou, com visível deleite, que o Primeiro-Ministro estava "de saída", e ele, "guerreiro-menino", estava já "de regresso".
O homem, escusado será dizer, achou a tirada genial, e decerto que os seus parceiros de bancada lhe garantiram que ele não estava enganado. O problema é que foram os únicos a pensarem assim. Se alguém estivesse ouvir, já que não são muitos os que têm paciência para ouvir este PSD, hoje em dia, certamente se desatou a rir com as palavras de Santana. E Sócrates, como seria de esperar, não desperdiçou qualquer oportunidade de ridicularizar ainda mais o partido laranja e o líder da sua bancada parlamentar.
A cada intervenção, os responsáveis do PSD contribuem para uma futura reeleição de Sócrates em 2009. O pior é que, como se vê pelo entusiasmo com que Santana quinzenalmente se atira para o fundo de um poço, nem sequer se apercebem do que estão a fazer. Como Estaline, daqui a um ano acabarão a fechar-se num quarto a chorar o que lhes vai acontecer. Mas na realidade, já há muito que estão lá fechados, sem um mínimo de ligação ao mundo real em que todos os outros portugueses têm de viver.

04 abril, 2008

CONSERVADORISMO DE MERKEL Versus SOCIALISMO DE SÓCRATES

Foi notícia esta semana no F. Times um acordo entre sindicatos da Função Pública e Governo Federal da Alemanha para uma actualização salarial de 8%, válida para 2 anos (2008 e 2009).
Este acordo, traduz a mais elevada variação salarial no sector público na Alemanha desde 1992. Com base nele, os funcionários públicos alemães (a notícia refere 1,3 milhões) vão receber:- Em 2008, um aumento mensal igual para todos de € 50,00 acrescido de um aumento da tabela salarial de 3,1%; - Em 2009, um aumento igual para todos de € 225, pago de uma só vez, acrescido de um aumento da tabela salarial de 2,8%.

Significa isto, que os aumentos são bastante mais generosos para os salários mais baixos, valorizados pela componente fixa dos aumentos, tanto em 2008 como em 2009. Em contrapartida, os funcionários - só na parte correspondente à antiga Alemanha Ocidental - aceitam um aumento do horário de trabalho de 30 minutos/dia.

Trata-se de mais um acordo salarial relativamente generoso no corrente ano, que se segue aos dos trabalhadores da industria do aço (aumento de 5,2% para 2008) e dos maquinistas de comboios (+11% também para 2008), esperando-se para breve um outro acordo, com os trabalhadores da industria química, de +7% igualmente para 2008. O Ministro dos Assuntos Administrativos (o MAI lá do sítio) e negociador por parte do Governo, Wolfgang Schauble, conhecido dirigente cristão-democrata explicou a razão de ser desta generosidade salarial: “O aumento tem custos elevados mas é aceitável, pois os funcionários públicos têm o direito a partilhar, com justiça, da evolução positiva do crescimento económico da Alemanha”...

A inflação na Alemanha terá subido de 2,9% em Fevereiro para 3,2% em Março e, segundo as indicações mais recentes, deverá, pelo menos nos meses mais próximos continuar a subir... E todos sabemos quanto a Alemanha preza, como mais nenhum outro país, a estabilidade de preços...

Perante isto, apetece perguntar: São os Democratas-cristãos alemães conservadores ou os Socialistas de cá progressistas?... QUE CONFUSÃO....