19 outubro, 2010

SÓCRATES EM FIM DE LINHA!...


Chumbar o Orçamento, é neste momento, a solução que menos interessa ao país, a que menos interessa ao PSD, enquanto potencial governante, tendo em conta a alternância democrática, mas se calhar, a que mais interessa ao Primeiro-Ministro José Sócrates.
O chumbo do Orçamento para o próximo ano, levará a uma crise política sem precedentes, à nomeação de um governo de iniciativa presidencial de base socialista, e à realização de eleições. Como por imposição constitucional, só é possível a sua realização em Maio de 2011, e novo governo na sequência das mesmas, na melhor das hipóteses em Junho, teriamos assim e durante oito meses, o país em pantanas, em campanha eleitoral que os Partidos não dispensariam e um país sem Governo e sem Orçamento. Será que iria aguentar?!... Evidentemente que não!... E isso é um dado tão adquirido, que até o cidadão menos informado percebe …
Com uma crise política, as agências de rating não perdoariam, e os especuladores não enjeitariam a oportunidade de fazer subir os juros da dívida pública, isto para não dizer, que correríamos mesmo o risco de nos fecharem a torneira do crédito, o que significaria não haver dinheiro para emprestar a ninguém, e quem sabe, para pagar os salários da função pública.
Mas a desgraça, não se ficaria por aqui!... Quando ocorressem eleições em Maio, já cá estaria o FMI. Ficaríamos iguais à Grécia. E o novo Governo que saísse das eleições, teria que tomar medidas ainda mais duras que as agora anunciadas. Ou seja, um erro dos políticos, levaria os cidadãos a pagarem uma nova factura, porventura bem mais pesada. Teriamos mais desemprego, mais cortes nos salários, pensões ainda mais baixas, mais sofrimento e mais pobreza...
Para o PSD, o maior Partido da oposição, precipitar uma crise política e económica deste tipo, seria por conseguinte e também uma má solução. Apesar de lhe assistir inteira razão - tal como a outros - nas críticas que faz, designadamente no que diz respeito ao aumento desmesurado da carga fiscal, com particular realce nos impostos directos e indirectos, o PSD passaria a ser o bode expiatório de todos os males e José Sócrates ganharia novo fôlego. Isto é: Virava-se o feitiço contra o feiticeiro…
Com uma crise desencadeada pela não viabilização do orçamento, não tenho qualquer dúvida, que com a perspicácia habitual, a culpa cairia por inteiro em cima do PSD; a culpa da entrada em Portugal do FMI seria do PSD; a ausência de crédito e a eventual bancarrota seria do PSD; a falência de algum banco seria do PSD. Em resumo: Por mais injusto que fosse, o PSD, porque se trata do "Partido alternativa", seria o bombo da festa. Levaria com todas as culpas, e mesmo conseguindo ganhar eleições, ainda teria que tomar medidas mais duras, que aquelas que actualmente critica. Maior perversidade é difícil!...
Vendo a realidade com "olhos de ver", esta é, sem "pôr nem tirar", a verdade nua e crua... 
Quanto a José Sócrates, esse, seria o único beneficiário da crise política. Rapidamente passaria de vilão a vítima!... Vítima da crise política, da subida dos juros, da falta de crédito, da entrada do FMI e do aumento do desemprego. José Sócrates, depressa se transformaria em vítima da irresponsabilidade da oposição. Significa tudo isto, que chumbar o Orçamento neste momento, é fazer um frete ao Governo. Não sei se estarei certo, mas cá para mim e no seu íntimo, chumbar o Orçamento, seria mesmo, o que o Engº Sócrates desejava...
É que com a viabilização deste Orçamento, José Sócrates nunca mais será o mesmo!... Com a viabilização deste Orçamento, o Partido Socialista não tardará a regressar à “casa do 20%” do eleitorado onde já esteve, por questões muito idênticas às que hoje se vivem. Para tentar fugir ao buraco em que se meteu, para tentar aligeirar responsabilidades, para tentar sair impune da encruzilhada a que nos vai conduzir, será preciso “ir a Coimbra” para perceber estas evidências?!...
Evitar o que é trágico para as pessoas e impedir o benefício do infractor exigem inteligência e responsabilidade…

11 outubro, 2010

O ORÇAMENTO EM DEBATE!...

Os preliminares para a discussão do Orçamento de Estado, que será vital para a esmagadora maioria do povo português, estão lançados. Todos os dias se fala do mesmo!... O discurso dos intervenientes, é o de darem uma no cravo e outra na ferradura, mas sempre com o pensamento no horizonte de eleições antecipadas. Coma é grande a sêde do poder...e tão pequena a esperança que reina no subconsciente dos cidadãos.
Porém, é preciso... é fundamental, dizer a essa gente, que estão enganados!... É preciso dizer-lhes, que a receita para o crescimento económico do país, não é... nem nunca será, uma receita baseada em políticas de agravamento de impostos, de redução salarial ou de cortes sociais.
Os “fazedores de opinião” do sistema, os “politólogos, economistas e jornalistas de serviço” não se cansam de afirmar na comunicação social, de que os portugueses “vivem acima das suas possibilidades” e portanto, se torna necessário e inevitável a adopção de tais políticas.
E porque tais medidas, atingem sobretudo os 20% de pobres e 65% da população que vive do seu ordenado -  em média o mais baixo da zona euro - ou do seu pequeno negócio, serão estes, 85% da população, que na cabeça desses cavalheiros “vivem acima das suas possibilidades”, sendo assim, os culpados directos do défice público e do agravamento da crise económica e financeira do país.
Claro que quem fala assim  integra os restantes 15% da população!... Mas estes, os "pobres coitados" dos gestores públicos nomeados politicamente para cargos de direcção nos múltiplos órgãos em que se converteu a Administração Pública, os governantes e seu séquito de assessores, os gestores privados dos grandes grupos económicos e financeiros, que nunca terão vivido tão bem como agora, não têm culpa nenhuma...
O raciocínio desta gente é simples: Encontrando-se as contas públicas em permanente défice em cada ano orçamental, tal significa que o Estado não tem receita capaz, e como tal, estará a distribuir mais do que tem, pelo que só haverá uma solução, o aumento de impostos, a redução salarial e os cortes sociais. Não se questiona sobre os gastos supérfluos dos órgãos da Administração Pública, criados sobretudo desde há quinze anos e responsáveis pelo brutal agravamento das contas públicas da ordem dos 10% do PIB.
Num verdadeiro saque institucional, forjado pelo “sistema”, que tão sabiamente a nossa classe política soube erguer, e que agora se tornou num fardo demasiado pesado sobre os ombros de 85% da população portuguesa, só há uma solução!... E essa solução, passa pela ruptura  com este sistema institucionalizado em que vivemos e com uma nova reformulação da Administração Pública. Só assim será possível um desenvolvimento económico sustentável e convergente, sem aumento de impostos nem cortes sociais. Pelo contrário, será possível não só uma diminuição de impostos como ampliar os serviços e os apoios, tão limitados agora, prestados pelo Estado.
Portugal não está condenado a viver com défices crónicos ou com dívidas públicas incontroláveis. Os portugueses terão que alcançar forças capazes para derrubar o sistema político em que vivemos através de uma nova "formação" política, que respeite os ideais hoje inexistentes.
A Crise do capitalismo atingiu o auge e quem ganhou privilégios, faz tudo o que pode, para não os perder ou diminuir. Seria um absurdo pensar, que os responsáveis pela instituição do “sistema” se encontrem interessados em eliminar a fonte de tais privilégios. Do PS ou do PSD só poderemos esperar a mesma receita de sempre, e o melhor exemplo é aquele que passa: gente fingindo defender o “estado social” com o reforço do aumento de impostos, com o aumento do preço das comparticipações, com as reduções salariais, com o aumento para a CGA, com o agravamento do IVA, e outros, prometendo não os aumentar, avançam ainda com novos cortes nos serviços prestados pelo Estado, erguendo a Educação e a Saúde como bandeiras. Tenham paciência...
Para o cidadão comum, que venha o diabo e escolha. De uma coisa poderemos estar certos. Com qualquer destas culturas de governação, o saque ao produto do nosso trabalho agravar-se-á sempre e para o ano será ainda pior.

04 outubro, 2010

ORÇAMENTO DA FOME

José Sócrates e Teixeira dos Santos, apresentaram-nos por estes dias, uma receita orçamental com a fórmula dois em um. Tal receita, apresenta em linhas mestras, o orçamento em que se espatifa o já débil poder de compra e a capacidade de sobrevivência de milhões de pessoas, ao mesmo tempo que acciona um conjunto de medidas com efeitos imediatos!... Isto é: Para além do orçamento em si, e como não bastassem as medidas constantes do PEC I e II, vêmo-nos agora também confrontados com uma espécie de PECIII.
Sendo certo, que era preciso fazer alguma coisa, este pacote do Governo, tem características especiais, senão vejamos: Tudo o que é para cair em cima do pequenino e do fraco é quantificado: 1% para a CGA, 1,5% para a saúde, cortes nos medicamentos, 5% a 10% no corte dos salários, e por aí fora. Tudo o que é reformas de fundo é conversa fiada, o que significa, que tudo aquilo que não tem números, não é para fazer. Portanto, institutos públicos, fundações públicas, reforma dos ministérios, empresas públicas, é para ir fazendo, em função da oportunidade...

Pior que tudo isto, é que o desemprego vai aumentar, o recurso ao crédito vai ser ainda mais difícil, muitas empresas irão chegar ao fim e nós voltamos à estaca zero do nosso descontentamento...
Poder-se-ia dizer que todos estávamos à espera disto, mais dia menos dia, e agora que chegou a negra novidade percebemos que afinal de contas há um discurso só de promessas e há outro, que aparece de vez enquanto, sobre a realidade.
Isto não é política!... É um jogo de mistificações e quem se lixa é sempre o mesmo, ou seja, o mexilhão. Isto é, o povo que paga, o povo que ainda trabalha e aqueles que dia-a-dia, dão o seu melhor para que este país tenha futuro.
A multidão de oportunistas, de boys, de indivíduos que vivem à custa do orçamento e à nossa custa, esses continuam à espera apenas da próxima campanha eleitoral, mantendo-se, quietinhos, sossegadinhos, sem um resmungo que seja. Se nada fôr alterado, com este orçamento e com estas medidas adicionais, vamos viver uma situação que traz fome e miséria.
Quem não se recorda dos inícios da década de oitenta, com uma situação económico-financeira menos grave, ainda sente hoje o que foram aqueles anos de sofrimento e de sacrifício. Foi então que surgiu um dos grandes homens da Igreja, o bispo D. Manuel Martins, que veio impor o grito da revolta contra a injustiça e o desfalecimento do povo da península de Setúbal. Perante o estado de choque em que vivemos, percebe-se que a classe política esteja desorientada.

O PSD, pela voz de Passos Coelho, insistiu, repetiu, impôs cortes drásticos na despesa, em vez de aumentos de impostos. Não basta Passos Coelho insistir!... Devemos fazê-lo todos, insistindo para que se reduza mais a despesa, clamando para que se acabe com os institutos que apenas albergam decrépitos e frustrados militantes partidários, e ao mesmo tempo procurar aliviar a carga de impostos, que nos pretendem impôr. Já se viu que só assim vamos sair deste buraco e Passos Coelho faz bem em não sair dessa posição de compromisso e negociação, pois mais importante do que os interesses partidários que exaltam o histerismo e a prédica fácil, há um país que é a terra dos nossos filhos, que não pode ser entregue ao folclore político e que tem que ser retirado a quem não o sabe governar e não é confiável. Ao menos que os nossos filhos e netos tenham direito à esperança. Ao menos isso.