22 setembro, 2022

A ENCRUZILHADA DO CLIMA

 

Com a floresta a arder, as fontes e os rios a secar, e as torneiras nos limites da poupança, nada de bom nos espera!... Não vale a pena por isso tapar o sol com a peneira: chegamos a um ponto extremo. Ultrapassamos enquanto sociedade colectiva, todas as barreiras perigosas e os culpados são mais que muitos: Estados, governos, empresas e cidadãos. Todos temos culpa na destruição que provocamos a este canto onde vivemos. 

Tínhamos a obrigação e até o dever, de deixar por cá um lugar melhor do que aquele que recebemos, “mas como bons seres humanos que somos”, continuamos a fazer precisamente o contrário. E é exactamente por isso, que o Planeta já não aguenta, “grita ferozmente”, e nós, enquanto principais culpados, não percebemos as consequências dos nossos erros e omissões, e continuamos a fechar os olhos como se nada estivesse a acontecer.

O cenário é já hoje dramático, e mais do que os tardios esforços individuais, é agora também chegada a altura de todos sem excepção, enfrentarem a batalha do clima por forma a minimizarmos e repormos, o que de mal temos feito por cá. E tudo isso começa em cada um de nós!... Nas nossas aldeias, nas nossas casas, nos gestos e nos comportamentos diários, em práticas mais sustentáveis de mobilidade, na forma como devemos proteger os recursos que a natureza nos oferece, e na responsabilidade acrescida dos Governos e Oposições. Cada acção individual e colectiva conta, e conta… muito. É essencialmente a “guerra da água” que a todos nos deve preocupar e fazer o que é possível para a evitar.

Se nada fizermos, a catástrofe ambiental que se vem desenrolando, iremos pagá-la mais cedo do que julgamos. E se a esperança é resiliente, certo é também que está prestes a chegar o dia em que ela deixará de vingar a partir das cinzas, porque a hecatombe ambiental que vivemos dificilmente deixará as portas escancaradas para que se recupere tudo o que vem sendo perdido.

Os iludidos, os passa culpas, ou mesmo quem acha que mais onda, menos onda de calor, que com mais chuva ou menos chuva, ou que por alguma intervenção da providência, a água jorrará do céu na quantidade exacta para encher as albufeiras e regar os sequiosos campos, mais não faz que procurar vender gato por lebre, assacando todas as culpas em função das suas conveniências. Fora dos incompreensíveis contextos dos negacionismos, já todos percebemos o que se está a passar e o que aí vem.  E o que aí vem, é o aumento da temperatura global e o agravar dos períodos de seca extrema em vastas regiões do globo, a que o nosso país não é imune.

E depois vêm as pessoas!... Sim, aquelas que são ameaçadas, aquelas que vivem nestes territórios de interioridade a permanente angústia de perder tudo o que construíram. Aquelas que estão sempre em risco perante uma marcha indomável de um fogo que pode surgir em qualquer lugar e a qualquer hora. Aquelas que vivem todos os verões com o receio de que a água lhes falte nas torneiras das suas habitações, ou as chamas arrasem com aquilo que conquistaram e faz parte dos parcos sonhos que ainda guardam para o futuro. 

Olhando em volta, sabemos que estamos face a face com um ponto de não retorno e tudo o que se fizer a partir de agora será para evitar que o planeta se torne num lugar quase inabitável. Urge por isso acelerar os processos globais de transição e reajustar os nossos gestos a um novo tempo. Poupar, em casa ou fora dela, cada gota de água possível, e proteger a nossa floresta será sempre um bom ponto de partida.

(Texto escrito segundo a antiga ortografia)

 

ADIAR O PAÍS, É O COMPROMISSO DO NOVO PSD…

 

A desertificação é hoje um dos maiores flagelos que assola o país e a região!... Trata-se por isso, de um problema e de um desafio que é preciso enfrentar e que deveria ser entendido à escala politica global, procurando-se desse modo, mitigar o mais possível os respectivos impactos para o futuro. 

Enquanto via para lhe fazer frente, no passado recente, PS e PSD, acordaram finalmente apostar na regionalização, e convocar um referendo para 2024, de acordo com as normas constitucionais que a isso obrigam. Foi por isso com muito agrado, que todos quantos vem tomando a defesa desse Portugal esquecido, receberam em 17 de Junho último, a noticia de que o nosso País acabara de lançar uma plataforma dedicada ao assunto.

Porém, esse era ainda o tempo do “Portugal primeiro” preconizado por Rui Rio, apostado que estava com o Governo do país, em levar por diante uma iniciativa que respondesse à necessidade cada vez mais premente de tal desígnio, e ao mesmo tempo, procurar a curto-médio prazo, assegurar a neutralidade da degradação dos solos, e mitigar os efeitos da seca já visível e com tendência para se agravar, com todas as consequências que daí resultam e de que os recentes incêndios são um exemplo.

Só que, o que ontem era verdade, hoje deixou de o ser!... O “Portugal primeiro” de Rio, foi substituído pelo “Acreditar” de Montenegro e o discurso mudou radicalmente.  Montenegro, desde logo deixou claro ao que vinha, e o que será o seu PSD, ou seja: um Partido saudosista e plagiador de um passado não muito distante e perfeitamente dispensável; focado na conflitualidade política, em vez de centrado nas exigências e nos desafios do país que haviam sido preconizados por Rio; indefinido quanto ao seu posicionamento político; populista na sua retórica; demasiado vago e vazio na estratégia, nas políticas, nas medidas e nas alternativas; e indeterminado quanto à ética política e às respectivas linhas vermelhas. No último debate sobre o Estado da Nação, foi aliás confrangedor olhar para este “novo” PSD, que nem a sua história, muito menos a sua liderança recente soube respeitar, dignificar e honrar, deixando as despesas da casa para o chefe do Governo, António Costa.

Mas tudo isto tem um significado politico: matar o tal desígnio do “Portugal primeiro” enquanto “cúmplice” de Costa, e o processo da regionalização. E “matar”, significa começar de novo e dar cartas; e reacender a discussão quanto às necessidades regionais e das respectivas comunidades, ainda que com os argumentos mais estapafúrdios e surreais. Dito de outra forma: ao contrário de Rio para quem a politica era uma missão, o que interessa a Montenegro – custe o que custar, são os votos das grandes metrópoles e do litoral, tendo em conta que com os do interior, não se ganham eleições.

Ou seja: para o novo lider do PSD, discutir e ouvir o que os portugueses têm a dizer em referendo sobre o tema regiões não conta, assim como não conta esse tal “país em desativação”, ou mesmo o que o Partido havia decidido para a realização do referendo em 2024.

Mas já que é assim, seria óptimo que a nova liderança do PSD e os novos órgãos de gestão do Partido, principalmente os que “brilharam” em redor de Passos Coelho entre 2011 e 2015, e que agora regressaram do "nevoeiro sebastianista", nos dessem a conhecer as alternativas que têm. É que não basta dizer “não”, ou procurar iludir-nos com 2027, sabendo-se como se sabe, que daqui até lá, muita água vai passar por baixo da ponte. Mais: é que esse tal país abandonado, que Montenegro sempre se opôs a reverter, não se compadece com brincadeiras como aquelas que resultaram da Reorganização Administrativa do Território em 2012, da qual e à semelhança de Miguel Relvas, o mesmo Montenegro é um dos cúmplices.

Montenegro, tem por isso que fazer contas e dizer claramente o que pretende, em vez de nos procurar presentear com aquela velha e gasta “estória” do despesismo, dos tachos a granel, e sabe-se lá mais o quê. Contas, cujas soluções nos dizem para quem já as fez, que desde o referendo que sepultou a regionalização em 1998 e a nulidade da sua Reforma Administrativa de 2012 - que não serviu para nada - se continuaram a verificar perdas em termos populacionais, ao ponto de atingirem cerca de 70 mil cidadãos em idade activa, só no distrito de Vila Real.  Sejamos por isso claros: quem vive no interior, quer saber se Montenegro pretende ou não, trocar a desertificação, pelo centralismo do Terreiro do Paço, como via para atingir os seus objectivos pessoais à custa da interioridade. Quem por lá vive, quer saber se o seu designio é continuar a financiar bancos e banqueiros, as grandes multinacionais do PSI20, e tudo quanto sejam clientelas para  “arrebanhar” votos, ou quais as soluções para esse Portugal abandonado, que se nada for feito é para encerrar a curto prazo e daí apenas se retirar o que possa ser fonte de lucro.

Hoje, é já um dado adquirido, que o combate à desertificação só terá resposta com mudanças drásticas de paradigma. Mudanças que contemplem claras e evidentes excepções para as vastas zonas do território abandonadas, e para quem as habita ou as queira vir a habitar. Mudanças, que impliquem o repensar das prioridades e investimentos; a criação de infraestruturas de raiz; e a desativação ponto por ponto daquilo que torna os territórios repulsivos demograficamente. E isso só se consegue com a regionalização, à semelhança aliás, do que vem acontecendo com as regiões autónomas. A titulo de exemplo, a Madeira com uma área equivalente ao concelho de Montalegre, recebeu este ano 217 milhões de euros e os Açores 281 milhões, no âmbito das transferências do Orçamento de Estado. Mas as verbas, ou apoios, não se ficaram por aqui!... Para a construção do novo Hospital da Madeira está igualmente autorizado um empréstimo até 158 milhões de euros e a companhia aérea SATA foi igualmente abrangida com 130 milhões de euros. Tudo com dinheiro dos contribuintes. Será que o interior continental não merece tratamento idêntico?!...

Perante os factos, é por isso urgente “mexer”!... Mexer, em nome do país e das futuras gerações. E estes, são só por si argumentos mais que suficientes, para que um Governo suportado por uma maioria absoluta não hesite, e remeta Montenegro para o lugar que merece. O resto, será o povo a decidir se quer ou não, acompanhar os países desenvolvidos da Europa, onde as regiões são já uma realidade hà muitas décadas.

(Texto escrito segundo a antiga ortografia)