Com a floresta a arder, as fontes e os rios a secar, e as torneiras nos limites da poupança, nada de bom nos espera!... Não vale a pena por isso tapar o sol com a peneira: chegamos a um ponto extremo. Ultrapassamos enquanto sociedade colectiva, todas as barreiras perigosas e os culpados são mais que muitos: Estados, governos, empresas e cidadãos. Todos temos culpa na destruição que provocamos a este canto onde vivemos.
Tínhamos a obrigação e até o dever, de deixar por cá um lugar melhor do que aquele que recebemos, “mas como bons seres humanos que somos”, continuamos a fazer precisamente o contrário. E é exactamente por isso, que o Planeta já não aguenta, “grita ferozmente”, e nós, enquanto principais culpados, não percebemos as consequências dos nossos erros e omissões, e continuamos a fechar os olhos como se nada estivesse a acontecer.
O cenário é já hoje dramático, e mais do que os tardios esforços individuais,
é agora também chegada a altura de todos sem excepção, enfrentarem a batalha do
clima por forma a minimizarmos e repormos, o que de mal temos feito por cá. E tudo
isso começa em cada um de nós!... Nas nossas aldeias, nas nossas casas, nos
gestos e nos comportamentos diários, em práticas mais sustentáveis de mobilidade,
na forma como devemos proteger os recursos que a natureza nos oferece, e na
responsabilidade acrescida dos Governos e Oposições. Cada acção individual e
colectiva conta, e conta… muito. É essencialmente a “guerra da água” que
a todos nos deve preocupar e fazer o que é possível para a evitar.
Se nada fizermos, a catástrofe ambiental que se vem desenrolando, iremos pagá-la mais cedo do que julgamos. E se a esperança é resiliente, certo é também que está prestes a chegar o dia em que ela deixará de vingar a partir das cinzas, porque a hecatombe ambiental que vivemos dificilmente deixará as portas escancaradas para que se recupere tudo o que vem sendo perdido.
Os
iludidos, os passa culpas, ou mesmo quem acha que mais onda, menos onda de
calor, que com mais chuva ou menos chuva, ou que por alguma intervenção da
providência, a água jorrará do céu na quantidade exacta para encher as
albufeiras e regar os sequiosos campos, mais não faz que procurar vender gato
por lebre, assacando todas as culpas em função das suas conveniências. Fora dos
incompreensíveis contextos dos negacionismos, já todos percebemos o que se está
a passar e o que aí vem. E o que aí vem, é o aumento da temperatura
global e o agravar dos períodos de seca extrema em vastas regiões do globo, a
que o nosso país não é imune.
E depois vêm as pessoas!...
Sim, aquelas que são ameaçadas, aquelas que vivem nestes territórios de
interioridade a permanente angústia de perder tudo o que construíram. Aquelas
que estão sempre em risco perante uma marcha indomável de um fogo que pode
surgir em qualquer lugar e a qualquer hora. Aquelas que vivem todos os verões
com o receio de que a água lhes falte nas torneiras das suas habitações, ou as
chamas arrasem com aquilo que conquistaram e faz parte dos parcos sonhos que ainda
guardam para o futuro.
Olhando
em volta, sabemos que estamos face a face com um ponto de não retorno e tudo o
que se fizer a partir de agora será para evitar que o planeta se torne num
lugar quase inabitável. Urge por isso acelerar os processos globais de
transição e reajustar os nossos gestos a um novo tempo. Poupar, em casa ou fora
dela, cada gota de água possível, e proteger a nossa floresta será sempre um
bom ponto de partida.
(Texto escrito segundo a antiga ortografia)