02 maio, 2022

Eleições em França, aliviam a Europa e o mundo…

Estaria a faltar à verdade, se dissesse que não ficaria preocupado, caso Marine Le Pen, tivesse chegado ao Eliseu. E ficaria preocupado, tal como qualquer pessoa que acredita no nosso modo de vida, no projecto europeu, na democracia liberal e na nossa segurança colectiva. É que ter esta mulher como líder da única potência nuclear da UE, cuja ascensão foi em larga medida patrocinada e financiada pelo Kremlin, ainda por cima num momento como o que vivemos, iria fazer soar todos os alarmes. E porquê?!... Porque ter uma emissária de Putin com poder em Bruxelas, na NATO e no próprio Conselho de Segurança da ONU, alterando a balança do Poder em favor do eixo Moscovo-Pequim, poderia ser o fim da História tal como a conhecemos. Mais: quando alguém assegura que a sua linha política é a de Trump e de Putin, tece rasgados elogios à intervenção russa na Síria que resultou na total destruição de Aleppo; que entende que a Federação Russa não representa uma ameaça militar para a Europa e para o mundo; que a Ucrânia faz parte da esfera de influência de Moscovo e que o governo de Putin é muito popular entre os russos, visto que é constantemente reeleito, está tudo dito. E esse alguém, é nem mais nem menos, que a senhora Marine Le Pen.

Pegando apenas neste último dado, qualquer pessoa que não se tenha convertido em avestruz sabe, que as eleições russas não são livres nem democráticas. São pelo contrário uma encenação, só que Le Pen prefere dar o peito às balas pela narrativa do Kremlin, porque os milhões que recebeu da oligarquia russa não se vão pagar sózinhos.

Kremlin, que com muita pena, teve que fazer regressar ao frigorífico  as garrafas de champanhe que tinha preparado. A esperança deles, era proporcional ao medo do lado de cá, mas Putin acabou por ser o grande derrotado. Putin, Salvini, Orbán, Farage, Gauland, Wilders, Abascal, o comediante português, e todos os novos fascistas que sonham com uma Europa dividida à mercê de Moscovo.

Uma sugestão: aqueles que continuam a normalizar o partido do comediante, notem que Ventura e Putin estiveram no mesmo coro de apoio a Le Pen. E jogam todos na mesma equipa, diga o Chega o que disser no Parlamento. E quem tiver dúvidas e quiser sentir o pulso a esta extrema-direita fascista portuguesa, recomenda-se que leiam a “carta de amor” da senhora deputada Maria Vieira ao regime russo.

Nem Nuno Melo consegue descortinar, de onde lhe vêm os sete milhões de euros para comprarem a sede do “velho CDS” do Largo do Carmo.

Tal como Putin, Le Pen e os seus parceiros europeus, representam esses sim, um verdadeiro perigo para o “Velho Continente” e para o mundo…


Editorial escrito para a Revista A Barrosana