03 abril, 2023

SALGUEIRO MAIA, MORREU HÁ 31 ANOS

Uns devem-lhe todos os lugares onde chegaram, e todos lhe devemos a liberdade de que gozamos. Uns ficaram-lhe eternamente gratos, outros querem esquecê-lo, e há quem não lhe tenha perdoado.

Cavaco Silva, que tudo lhe deve, nunca lhe perdoou, e não é o único.

Entre a grandeza do homem que arriscou a própria vida ao serviço de todos e um sujeito videirinho, que se serve de todos para tratar da vida, há a imensa diferença entre um herói e um oportunista.

Obrigado, Capitão de Abril, Salgueiro Maia. Todos os dias. Sempre.

O REGRESSO DO PASSISMO

Já não restam dúvidas, de que Pedro Passos Coelho se anda a preparar para regressar ao topo da actividade política. Como as não há também, de que no PSD, e em Belém, esse é um regresso sebastiânico ansiado.

Só que para tais vontades - a de PPC, as do Partido, e as de Marcelo - frutifiquem, o problema chama-se Luís Montenegro. Ou seja: a relação pessoal entre Pedro Passos Coelho e Luis Montenegro. CIrcunstâncias que parecem impedir, que essas vontades se possam cruzar, sem que sejam rompidos laços de lealdade e sem traições. E as traições em política, como na vida, têm sempre custos…

Duas vias para o regresso de Passos Coelho: Parlamento Europeu, no próximo ano; ou Belém, dois anos depois!...Diz-se porém, que Belém não lhe interessa, que não é aquilo que o faz vibrar. Passos, gosta de mandar e de Belém manda-se pouco e intriga-se muito, o que não faz o seu género. Dados que por isso vão continuara a alimentar o nevoeiro. Um nevoeiro, que alimenta mais o "passismo" que o próprio Passos…


E terá sido isso mesmo, que impediu PPC de aproveitar a oportunidade de suceder a Rui Rio!... Para ele, teria sido esse o momento certo. Só que Luis Montenegro já estava há muito na corrida e tinha desde há muito tempo o terreno marcado. Ora aproveitar essa oportunidade teria sido para PPC, atravessar-se à sua frente. Admito, que mais por princípios e valores, que por receio de custos de traição, PPC não tenha por isso querido aproveitar a oportunidadeda de tomar o Partido, e a partir daí chegar à chefia do Governo - aquela que é afinal, a sua verdadeira aspiração. Só que isto da politica é uma chatice e a coisa não está fácil, a não ser que Luis Montenegro perca claramente as europeias do próximo ano. É que ganhar mesmo que por "poucochinho“, deixará tudo na mesma.

Daí que sobrem duas vias para o regresso do desejado Passos: o Parlamento Europeu no próximo ano, ou Belém dois anos depois. 

Porém, diz-se “por aí”, que Belém não lhe interessa!... Que não é aquilo que o faz vibrar. Passos, gosta de mandar e de Belém além de se mandar pouco, intriga-se muito, o que não faz o seu género. E depois - acrescento eu, Belém é também muito difícil – o país não tem suficiente química para lhe oferecer mais de 50% do eleitorado. A não ser com a estratégia que Marcelo já colocou em marcha, ao lançar recentemente Ana Gomes, afirmando que “pode vir a ser Presidente da República”. Ana Gomes, que nunca terá o apoio do PS, mas cujo eleitorado dividiria numa primeira volta com Artur Santos Silva. Uma táctica aliás, que a consumar-se estaria longe de estar errada. É que com Ana Gomes pelo caminho, PPC poderia ganhar ao actual Presidente da Assembleia da República. 

Em último caso, resta outra hipótese a Passos: encabeçar a lista para o Parlamento Europeu, muito embora esse não seja o regresso que ambiciona. É apenas um regresso cómodo, bem remunerado, mas “curto” para o senhor. Aqui, a vitória eleitoral é certa e será mais uma para o currículo. Tão certa quanto conveniente a todos os títulos para Luis Montenegro, sem que no entanto a possa reclamar pessoalmente. Será sempre mais uma vitória de Passos Coelho, que dele próprio.

Até lá, vai continuar-se porém a alimentar o nevoeiro!... O nevoeiro que alimenta mais o "passismo" que o próprio Passos. Este, é pois, sem pôr nem tirar, o triste fado do PSD…

Crónica de Opinião para a revista A Barrosana!Abril2023

02 abril, 2023

UM ANO DE GUERRA


CRÓNICA DE OPINIÃO PARA O JORNAL PLANALTO BARROSÃO/MARÇO

A guerra já vai para dez anos, mas só contamos um!... Fez no passado dia 24 de Fevereiro um ano, que a Federação Russa resolveu invadir a Ucrânia. A ideia declarada do ditador Putin, é que seria para resolver a “velha guerra” num simples fim-de-semana. Só que as suas contas estavam mais uma vez erradas, e como era óbvio, tal não ocorreu.

Um ano depois a Ucrânia vai resistindo, e uma parte boa do mundo uniu-se à sua resistência. Uns genuinamente, outros com muita hipocrisia, como aquela ilusão da integração europeia, ou até das sanções económicas á Rússia, desde que obviamente para a elite global, só contem as que não toquem nos seus interesses. Essas, estão sempre noutro patamar e bem acima dos valores, dos princípios, e do sofrimento do povo ucraniano, ou de qualquer outro, ou outros por acréscimo. 

Certo é, que um ano depois, Putin continua a poder financiar a guerra, e enquanto puder, não dará espaço à paz, isto, sem prejuízo de quando deixar de poder, “poderá até ser pior”…

 

À boa maneira dos fascínoras fascistas, Putin, um ano depois encheu um estádio de futebol com 200 mil pessoas para um comício de "Glória aos Defensores da Pátria", que em êxtase validarem uma operação de lavagem ao cérebro de duas horas, como não se via desde o Reichsparteitag de Nuremberga em 1935.

Um ano depois, morreram nesta guerra – dizem-nos, 100 mil militares ucranianos, 180 mil do lado russo, e oficialmente 8 mil cidadãos, que poderão ser na realidade mais de 30 mil.

Um ano depois, mais de 10 milhões de ucranianos – cerca de 25% da população, são refugiados em diversos países europeus e 6 milhões são desalojados no seu próprio território.

Um ano depois, o PIB da Ucrânia caíu mais de 30%; um ano depois, a destruição provocada pelos bombardeamentos russos nas estruturas e equipamentos da Ucrânia rondará os 750 mil milhões de dólares; e um ano depois, os danos ambientais da guerra ultrapassarão os 48 mil milhões de dólares.

Só que um ano depois, após nos terem sido "vendidas" tantas vitórias  e derrotas, já não conseguimos fazer ideia do que seja uma vitória e uma derrota.

Sabemos apenas, que não tendo o mundo mudado assim tanto, se tornou num lugar ainda muito mais perigoso, onde os homens teimam em fingir não perceber, que  a única opção é a paz ou o caos.

(Texto escrito segundo a antiga ortografia)