Já
não restam dúvidas, de que Pedro Passos Coelho se anda a preparar para
regressar ao topo da actividade política. Como as não há também, de que no PSD,
e em Belém, esse é um regresso sebastiânico ansiado.
Só
que para tais vontades - a de PPC, as do Partido, e as de Marcelo -
frutifiquem, o problema chama-se Luís Montenegro. Ou seja: a relação pessoal
entre Pedro Passos Coelho e Luis Montenegro. CIrcunstâncias que parecem
impedir, que essas vontades se possam cruzar, sem que sejam rompidos laços de
lealdade e sem traições. E as traições em política, como na vida, têm sempre
custos…
Duas vias para o regresso de
Passos Coelho: Parlamento Europeu, no próximo ano; ou Belém, dois anos
depois!...Diz-se porém, que Belém não lhe interessa, que não é
aquilo que o faz vibrar. Passos, gosta de mandar e de Belém manda-se pouco e
intriga-se muito, o que não faz o seu género. Dados que por isso vão continuara
a alimentar o nevoeiro. Um nevoeiro, que alimenta mais o "passismo"
que o próprio Passos…
E
terá sido isso mesmo, que impediu PPC de aproveitar a oportunidade de suceder a
Rui Rio!... Para ele, teria sido esse o momento certo. Só que Luis Montenegro
já estava há muito na corrida e tinha desde há muito tempo o terreno marcado.
Ora aproveitar essa oportunidade teria sido para PPC, atravessar-se à sua
frente. Admito, que mais por princípios e valores, que por receio de custos de
traição, PPC não tenha por isso querido aproveitar a oportunidadeda de tomar o
Partido, e a partir daí chegar à chefia do Governo - aquela que é afinal, a sua
verdadeira aspiração. Só que isto da politica é uma chatice e a coisa não está
fácil, a não ser que Luis Montenegro perca claramente as europeias do próximo
ano. É que ganhar mesmo que por "poucochinho“, deixará tudo na mesma.
Daí
que sobrem duas vias para o regresso do desejado Passos: o Parlamento Europeu
no próximo ano, ou Belém dois anos depois.
Porém,
diz-se “por aí”, que Belém não lhe interessa!... Que não é aquilo que o
faz vibrar. Passos, gosta de mandar e de Belém além de se mandar pouco,
intriga-se muito, o que não faz o seu género. E depois - acrescento eu, Belém é
também muito difícil – o país não tem suficiente química para lhe oferecer
mais de 50% do eleitorado. A não ser com a estratégia que Marcelo já
colocou em marcha, ao lançar recentemente Ana Gomes, afirmando que “pode
vir a ser Presidente da República”. Ana Gomes, que nunca terá o apoio do
PS, mas cujo eleitorado dividiria numa primeira volta com Artur Santos
Silva. Uma táctica aliás, que a consumar-se estaria longe de estar errada. É
que com Ana Gomes pelo caminho, PPC poderia ganhar ao actual Presidente da
Assembleia da República.
Em
último caso, resta outra hipótese a Passos: encabeçar a lista para o Parlamento
Europeu, muito embora esse não seja o regresso que ambiciona. É apenas um
regresso cómodo, bem remunerado, mas “curto” para o senhor. Aqui, a
vitória eleitoral é certa e será mais uma para o currículo. Tão certa quanto
conveniente a todos os títulos para Luis Montenegro, sem que no entanto a possa
reclamar pessoalmente. Será sempre mais uma vitória de Passos Coelho, que dele
próprio.
Até
lá, vai continuar-se porém a alimentar o nevoeiro!... O nevoeiro que alimenta
mais o "passismo" que o próprio Passos. Este, é pois, sem pôr
nem tirar, o triste fado do PSD…
Crónica de Opinião para a revista A Barrosana!Abril2023