30 dezembro, 2020

QUE 2021 SEJA O ANO DA VIRAGEM PARA O MUNDO...

 Fazermos nos últimos dias de cada mês de Dezembro, um resumo do ano que após ano finda, tornou-se já num hábito. Neste último, a tentação óbvia, é a de o classificarmos como um ano perdido nas nossas vidas.

A pandemia que nos vem assolando praticamente desde o seu início, retirou-nos a proximidade, fechou empresas e escolas, testou ao limite o nosso sistema de saúde, condicionou-nos os afectos e alterou-nos as rotinas. Mas esta é apenas a parte mais branda!... A outra, é a que ceifou milhares de vidas e em paralelo, comprometeu economicamente milhões de pessoas em todo o mundo, arrastadas que foram numa torrente de falências, decorrentes da travagem brusca da economia.
Se no inicio desta malfadada pandemia alguém ousasse fazer-nos um prognóstico do género daquilo que se tornou numa realidade, alguém o chamaria de “louco” e de imaginar uma ficção apenas digna de uma simulação do apocalipse. Ninguém acreditaria que estaríamos a fechar o final deste ano no espiral dessa simulação que infelizmente se tornou real.
Infelizmente porém, é precisamente esse o ponto em que nos encontramos, embora movidos e esperançados com o início do processo de vacinação já a decorrer. O tempo que se começou a desenhar assenta por isso na expectativa de que o próximo ano possa vir a ser o tão desejado ponto viragem, em que possamos readquirir “a normalidade dos dias”, a liberdade de circular, o aperto de mão e o abraçar sem medo de infectar ou ser infectado. Ou seja: os “pequenos nadas” que sempre tivemos como garantidos, e que afinal se vieram a revelar como improváveis para todos nós.
Vacinação, que funcionará como uma conquista, e que irá ao longo dos próximos meses e anos salvar milhares de vidas, e que irá contribuir para readquirirmos a nossa liberdade de circulação, de aprender, de trabalhar, de conviver e que certamente irá dar a sustentação sanitária que se pretende, para que possamos emergir das ruínas de uma severa crise económica à escala global.
É a esperança que mais uma vez a ciência tantas vezes colocada à margem nos trouxe, e não pode, muito menos deve, ficar refém das teorias da conspiração, da ignorância e da maledicência galopante a que muitas vezes assistimos.
Afastado o ruído que nos cerca, é por isso chegada a hora de abrirmos alas a um novo ano. Um novo ano, para o qual temos justificadas razões para entrarmos nele com a crença de que podermos ultrapassar um dos desafios mais exigentes a que as nossas vidas foram submetidas.
Se acompanharmos essa esperança com todas as cautelas que uma guerra ainda por vencer merece, estaremos mais próximos de sorrirmos para um outro mundo onde definitivamente voltem a caber os abraços.
Para toda a minha comunidade familiar, amigos, conhecidos, adversários e até “inimigos” se os tiver, um Feliz ano de 2021.

25 dezembro, 2020

24 DE DEZEMBRO DE 2020 - PARA MEMÓRIA FUTURA...

Este era o dia e a noite que a tradição consagrou para a reunião das famílias. Era!... Hoje, dia 24 de Dezembro deste desditoso ano de 2020, não é. É pelo contrário o dia em que o desalento marca o ritmo de quem costumava rumar às terras de origem ou à casa dos mais próximos para o convívio à volta da mesa.

É o dia e o ano em que a festa dos afectos e a ternura dos habituais encontros de gerações por todos sempre ansiados, nos impôs uma pausa. Tudo mudou!... É a prudência a falar mais alto e a aconselhar-nos o preservar da saúde de quem estimamos e a defesa da nossa.
Este, é pois o desventurado dia e ano do silêncio nas casas e do crispar dos rostos a que nos resignamos. É o erguer dos braços no vazio e no ensaiar dos beijos nas faces que nos acolhiam e hoje nos faltam.
Hoje, 24 de Dezembro, é o tal dia em que nos lembramos de que nem o frio, a neve ou até a distância conseguiam evitar os nossos encontros e afectos, mas para mal dos nossos pecados, é também o dia em que um tal malfadado vírus trouxe consigo o abalar de uma sociedade, da economia e dos momentos felizes.
Este é por assim dizer, o dia e o ano em que o prazer dos encontros fica adiado na esperança de melhores dias para a vida que a todos nos resta. Não vale a pena por isso pensar nos danos irreparáveis que nos perseguem, na falta de tempo para nos ressarcirmos do amor sufocado, dos carinhos que esperamos e não vêm das reuniões de família que se foram, ou da ausência temporária ou definitiva de quem aguardávamos poder estar presente e não está. Este, é por isso o dia e o ano que os “deuses” deviam exonerar do calendário da memória, e levar consigo as lágrimas que explodem e a solidão que nos habita.
Resta-nos a recompensa de continuarmos por cá, de ficar com quem todos os dias e noites nos acompanha, e de “saborear” num ecrã, os sorrisos dos pais, filhos, netos e irmãos que não podem dizer presente - um privilégio de quem tem modernos meios de mitigar a dor da ausência e o vazio do contacto físico com que contávamos preencher o dia e a noite de hoje.
Esperemos que o ano que aí vem seja o da vitória, e que a solidão deste ano se transforme na fraterna comunhão de homens e mulheres de um mundo que consigamos salvar das guerras, do aquecimento global e da escassez de alimentos.
Um abraço para o “mundo” que o coronavírus procura “capturar”, e ao qual vamos resistindo como podemos. Apesar de todas as contingências, votos de um Santo Natal e que o Novo Ano seja diferente para melhor.

11 dezembro, 2020

UM NATAL DIFERENTE, QUE PRECISAMOS SABER ENFRENTAR…

Este vai ser mesmo um Natal diferente!... Independentemente daquilo que estivermos a passar em termos de pandemia, sabemos que os dias que iremos viver serão únicos. Seremos por certo menos à mesa e o ambiente festivo será ensombrado pelas restrições que nos acompanharão em maior ou menor escala. Apesar de tudo, não deixará de ser uma celebração, ainda que marcada pelas dificuldades económicas que muitas famílias já sentem.

São as regras que assim o determinam!... Regras, cujo fim último é a procura de um final tão feliz quanto possível, deste pesadelo colectivo que a todos nos apoquenta, e que não dependendo inteiramente de nós, passa também muito por nós. 

É verdade que a ciência está prestes a dar-nos a definitiva esperança com o aparecimento das primeiras vacinas eficazes dentro de alguns meses, certo é, que a retoma da normalidade não é para ontem ou para hoje!... Segundo os especialistas, ainda irá demorar muito tempo, provavelmente cerca de um ano na melhor das hipóteses. Até lá, continuaremos a estar à prova enquanto indivíduos e comunidade. E não vale a pena colocar em cima da mesa a dicotomia que é feita por muitos entre a saúde e a economia, como se tivéssemos que fazer uma opção definitiva por uma delas. Não é disso que se trata!... Do que se trata, é que tudo o que fazemos ou deixamos de fazer, tem repercussões nesta enorme teia de complementaridades e conexões que nos unem directa e indirectamente enquanto sociedade. 

E sendo assim, aquilo que em tempos de crise nos deve unir cada vez mais, é a defesa do nosso concelho e da nossa gente. Hoje, mais que nunca, a compra e a venda do mais simples produto “dentro de portas”, pode ter repercussões em cadeia e fazer a diferença. É por cá que se deve procurar fazer circular o dinheiro, e isto aplica-se a residentes permanentes e não permanentes que gostem da sua terra. É que a diferença está mesmo aí!... Em gente, porventura no fio da navalha e sem dinheiro nos cofres de que precisam para não comprometerem as suas tesourarias e dessa forma beneficiar da nossa ajuda ainda que pouco significativa para pagamento de salários a funcionários, prestações devidas a bancos, ou até para o pagamento do aluguer de equipamentos ou das rendas aos senhorios.

A questão fundamental, é pois podermos contribuir, ainda que dentro de todas as restrições a que estamos obrigados, e fazermos do pouco algo mais, para dessa forma ajudarmos a manter a resistência destes fios invisíveis que nos ligam à terra.

Ao usarmos a máscara, ao mantermos a distância social, ao cumprirmos o recolhimento, estamos a salvaguardar-nos e a salvaguardar a saúde de quem connosco partilha o quotidiano. Se pudermos juntar a isso a nossa colaboração em termos económicos para amenizar os efeitos colaterais desta pandemia, tanto melhor. É uma obrigação moral que não admite excepções, muito menos a abertura de flancos a charlatanices ou discursos alienados que tudo apostam no quanto pior melhor. Uma obrigação – diga-se, e até um dever. Fazê-lo, é um contributo para segurar a economia local que tantos “encontrões” tem levado nos últimos tempos. Temos por isso o dever de o fazer por nós, por aqueles que nos estão mais próximos e também pelos corajosos que não atiram a toalha ao chão e resistem na criação e manutenção do emprego. É um pouco por tudo isto, que este Natal nos vai oferecer um contexto diferente!... Um contexto em que temos e devemos ainda mais reforçar um outro papel: o de consumidores na nossa terra. Todos temos amigos ou familiares que directa ou indirectamente vivem do comércio e sendo assim, nesta época que antecede o Natal, a forma como compramos também é decisiva, porque há diferenças abissais entre quem precisa urgentemente que se lhe deite a mão e quem tem outro histórico, dimensão e capacidade para resistir aos embates das crises. Consumir neste período, não será apenas “ir às compras” e saber comprar agora, será também um acto solidário. Ou se quisermos até, um acto político, naquilo que de mais nobre este conceito tem.

 

Onde quer que se encontre, Boas Festas para toda a comunidade barrosã…

(Texto escrito segundo a antiga ortografia para a edição de 1 de Dezembro do Planalto Barrosão)