A
ânsia pelo poder e a emoção nacionalista triunfaram sobre a
razão!... Tudo começou em 2013, quando em campanha eleitoral David
Cameron prometeu avançar com este referendo caso ganhasse as
eleições.
Agora,
com a saída do Reino Unido, a Europa ficou mais fraca, Moscovo e
Pequim fazem das suas fraquezas forças, os anti-europeiistas da
extrema-esquerda à extrema-direita rejubilam, já se pedem
referendos semelhantes por essa Europa fora e as consequências são
para já imprevisíveis. A possível desagregação do Reino Unido,
com a tomada de posição da Escócia, e do Sinn Féin pela vóz de
Declan Kearney na Irlanda, é o primeiro indicador daquilo que poderá
vir a ocorrer.
Mas
a principal e grande ilação a considerar, é que o resultado
verificado está longe de ser apenas sobre a permanência do Reino
Unido na União Europeia!...Este resultado vai igualmente afectar
toda a Europa e terá repercussões por todo o mundo. E sendo assim,
é exactamente por isso que Bruxelas precisa de reformar toda a sua
estrutura e as suas políticas, sob pena do colapso total.
Bruxelas
tem que reconhecer, que a União se afastou perversamente do projecto
e dos valores fundacionais em muitos aspectos e que os resultados
desse afastamento foram catastróficos. As políticas de desregulação
neo-liberais criaram desemprego, exclusão, desigualdades e
injustiças que explicam o ressentimento político, e o sentimento de
insegurança instalados em amplos sectores dos países que compõem a
União. E a estes últimos factos, que se tornaram contamináveis,
não foram alheios a instrumentalização produzida através de
discursos populistas xenófobos, intolerantes e radicalismos que
podem resvalar para o extremismo violento e até para o terrorismo.
Com as suas politicas, Bruxelas permitiu assim que se instalasse a
desunião e a desconfiança, em vez da promoção da solidariedade e
da tolerância. Agora só há uma solução:dar a volta ao texto...
A
integração europeia começou sem os britânicos!... Nunca conseguiu
fazer deles membros a 100%. Agora vai ter de prosseguir sem eles. No
que nos diz respeito e como muito bem referiu o Presidente da
República através de comunicado em reacção ao resultado do
referendo, “Portugal, como vem sucedendo desde há 30 anos, deverá
continuar a manter o seu empenhamento nos ideais da paz, da
liberdade, da democracia, do bem-estar e do desenvolvimento em comum,
que está no cerne da construção europeia, como um eixo central da
visão e da estratégia nacionais para o futuro dos portugueses e do
nosso país.”
Com
a sua parca influência, pouco mais poderá fazer. Quanto ao senhor
Cameron, fica o aviso: há coisas com que não se pode brincar...