25 maio, 2010

O QUE FEZ O POVO, PARA MERECER ESTA CATÁSTROFE?!...

Há seis anos atrás, a dívida externa líquida cifrava-se em 64% do PIB ou seja 92.205 milhões de euros.
Em 2009 atingiu 100,6% do PIB, isto é 164.689milhões de euros.
Significa isto, que em apenas 6 (seis) anos, a dívida externa portuguesa aumentou 72.484 milhões de euros, ou seja 78,6% em termos percentuais.

Perante os factos impõe-se uma pergunta lógica: O que fez o povo para merecer tal catástrofe?!...

De quem é a culpa?!...

Quem contribuíu para tudo isto?!...

Sendo certo que a culpa morre sempre solteira, há contudo situações que nos deixam perplexos.

A primeira, é a visão para o combate ao problema, de alguns distintos analistas e gestores públicos da nossa praça!... Segundo dados de Outubro de 2009, esta gente, paga principescamente com dinheiro dos contribuintes, recebe em média, mais 32% que os americanos, mais 22,5% que os franceses, mais 55% que os finlandeses e mais 56,5% que os suecos.Todavia, são esses mesmos gestores – a começar pelo ainda governador do Banco de Portugal – que descaradamente já falam, não naquilo que deviam falar, a começar pelo "equilibrio" dos seus vencimentos, mas sim, na redução dos salários dos funcionários públicos e privados, e em valores que podem atingir os 30%.

Para além da vergonha que isto representa, isto é, em boa verdade, um escândalo e uma afronta a quem trabalha e que mostra, sem sombra para qualquer dúvida, um total desrespeito pelos mais desfavorecidos, pelos pensionistas e por todo aquele molho humano, que com o resultado do seu trabalho, faz das tripas coração para poder sobreviver.

A segunda é protagonizada pela classe politica dominante!... Dizem os nossos “digníssimos” políticos, que a crise é para ser paga por todos, surgindo inclusive todos os dias com novos exemplos. É falso!... Falso como Judas... Aqueles que a deviam efectivamente pagar, são os que menos pagam!... Mais: Há gente que não paga nem pagará nunca!... Essa gente, vive num território sideral, num território para lá do alcance das tiradas fáceis - offshores, SGPS, fundações, isenções, facturas falsas, leis ambíguas e, no limite de tudo, a coberto da ineficácia judicial e até da tolerância de quem deveria ser implacável, designadamente daqueles que hoje falam em redução de salários. A estes cavalheiros, ainda não lhes ouvi uma palavra, que contradiga todas estas habilidades e desmandos dos poderosos, a começar pelos banqueiros, que "obrigaram" os contribuintes a tapar buracos com milhões, que não se sabe bem onde foram parar.

Mas sosseguem os nostálgicos: alguém vai pagar... Ai vai vai e com língua de palmo!... Vão pagar os "menos ricos" do escalão máximo do IRS, porque regra geral vivem do trabalho e não fogem, ou não têm como fugir da voragem fiscal de 46,5% de IRS, a que acrescem 11% para segurança social, +-1% para IMI, imposto único sobre o carro, sem esquecer os impostos indirectos - gasolina, electricidade, IVA, impostos sobre o consumo, o que tudo somado ultrapassa os 70%, e a “tropa macaca”, que de tanto esticar a corda, pouco resta para rebentar.

Tudo isto é de loucos!... De loucos para quem paga, como é óbvio …

Infelizmente para quem nos “governa”, a contabilidade pública depende da aritmética e não se compadece com as "verdades". Se o Governo subir 1% do IVA em todos os escalões, se congelar os aumentos da pensões e os salários da função pública, poupa dois ou três mil milhões; se aumentar o IRS mais dois pontos no escalão máximo, um ponto e meio no intermédio e um ponto no mais baixo, arrecada mais cem milhões. A aritmética é uma chatice - mas sempre foi!.. E foi por isso mesmo que o comunismo implodiu, não foi por causa dos Pershing ou dos Cruise contra os SS-20 ou do "Star Wars".

Portanto, só nos resta "cair na real" e entender que já não há mais truques na manga. Como bom português, Sócrates não pode ficar a engonhar...

A verdade é um complicómetro!... Tem custos e consequências, mas tem de ser dita. É lamentável que ainda não se tenha percebido, que o caminho é cortar na despesa do Estado e não confiscar riqueza à economia. Se alguém se desse ao trabalho de fazer um levantamento e cortar tudo aquilo que de inútil o Estado subsidia - falsos produtores culturais, falsos empresários, falsos criadores de teatro de revista, obras da treta, rotundas de aldeia, feiras de moda e design, associações disto e daquilo, fundações fantasma e outras coisas que todos sabemos existirem e envergonham qualquer cidadão de bem - seria o suficiente para baixar radicalmente o défice, sem sequer se pagar uma grande factura eleitoral. E o mesmo sucederia, se não se querendo dar a esse trabalho, José Sócrates decidisse um "corte cego" de 5 ou 10% nas despesas de cada Ministério, de cada Governo Regional, de cada empresa e instituto público, de cada autarquia – obrigando toda essa gente a fazer mais com menos dinheiro, de forma a puxar-lhe pela imaginação e livrando-a do supérfluo. Só que, isso sim, já custaria votos e muitos.
Não!... Assim não vamos lá…E com eleições legislativas no horizonte próximo, muito menos…

NOTA FINAL: Apesar de nunca lhes ter contado as notas, aqui fica uma pequena amostra, daquilo que se consta serem os salários MENSAIS de alguns dos distintos analistas e gestores da nossa praça, entre os quais se encontram alguns dos que clamam pela redução dos salários!... Vejam só:

-Mata da Costa: Presidente dos CTT - 200.200 Euros ; Carlos Tavares: CMVM: - 245.552 Euros; Antonio Oliveira Fonseca: - Metro do Porto, 96.507 Euros; Guilhermino Rodrigues: ANA:-133.000 Euros; Fernanda Meneses: STCP:-58.859 Euros; José Manuel Rodrigues: Carris:-58.865 Euros; Joaquim Reis: Metro de Lisboa:- 66.536 Euros; Vítor Constâncio: Banco de Portugal:- 249.448 Euros; Luis Pardal: Refer:-66.536 Euros; Amado da Silva: Anacom:-Autoridade Reguladora da Comunicação Social, ex-chefe de gabinete de Sócrates: -224.000 Euros; Faria de Oliveira: CGD:-371.000 Euros; Cardoso dos Reis: CP-69.110 Euros;Vítor Santos: ERSE-Entidade Reguladora da Energia:-233.857 Euros; Fernando Nogueira: ISP-Instituto dos Seguros de Portugal:-247.938 euros (este não é o ex-PSD que se encontra em Angola ); Guilherme Costa: RTP: -250.040 Euros; Afonso Camões: Lusa:- 89.299 Euros; Fernando Pinto: TAP:-420.000 Euros e Henrique Granadeiro: PT:-365.000 Euros. A estes falta ainda juntar os das Estradas de Portugal, EDP, Brisa, Petrogal e sei lá que mais. Imaginem agora, o que é pagar um subsídio de férias ou de Natal a estes senhores!... ''Tome lá meus caros amigos para passar férias ou fazer compras de Natal"!...

Que país é este, que na situação em que se encontra, continua a alimentar este "banquete", à custa dos sacrifícios do do Povo?!...

14 maio, 2010

O TERCEIRO PLANO-EXTRA?!...

Em 1975, logo após a revolução de Abril, contribuí - obviamente obrigado e sabe Deus com que sacrifício -, com um dia de salário para a Nação!...
Dizem os entendidos, que o titular da pasta do Trabalho, o então Capitão Costa Martins (falecido recentemente), "fugiu com o papel"...
Com fundamento ou sem fundamento, uma coisa é certa: O problema, persistirá ad eternum...
Mais tarde, mais ou menos a meio da década de oitenta, com Mário Soares, o "esquema" foi mais complicado: O FMI exigiu e o "subsidio de natal foi à viola"...
Ontem, depois de ter ouvido o anúncio de mais um plano de austeridade-extra, as dúvidas que andavam no ar dissiparam-se e fiquei a saber, que mais uma vez vão ao bolso dos portugueses sem pedir licença. Mais: e que os 133 dias dos 365 anuais que trabalhamos só para pagar impostos, já não chegam. Vamos ter de trabalhar "mais uns diazitos" e pagar ainda mais ao fisco...
Dizem os "dois mais altos responsáveis pela medida", que vamos pagar todos!... Uma coisa é certa: uns "pagarão" mais do que outros. Daquilo que ouvi e li não creio que a distribuição do esforço seja equitativa, quer na repartição entre o Estado e a sociedade, quer no seio da própria sociedade. O meu pensamento vai para as pessoas pobres, os pensionistas de baixos rendimentos e os desempregados que querem trabalhar, pessoas e famílias que já vivem com grandes dificuldades e a quem vão ser exigidos sacrifícios adicionais. Não sei como se lhes pode exigir mais um esforço...
Uma coisa é certa: não encontrei no anúncio deste terceiro plano de austeridade-extra, qual é o compromisso do Governo para que a despesa pública seja sustentadamente reduzida, de modo a que os nossos filhos (se não nos tocar ainda a nós) não voltem a ter daqui a uns anos, mais um agravamento de impostos.
Antes de terminar e já agora, o que pensa o novo PSD-conivente sobre o assunto?...
Está claríssimo como a água, que o País não aguenta os elevados níveis de despesa pública a que se chegou, ou seja, é necessário encarar de frente a necessidade de reformar o Estado e de repensar o seu papel. Mas é também fundamental olhar para a economia e resolver o défice de crescimento económico com que nos debatemos há mais de uma década. Sem economia - ninguém tem dúvidas - continuaremos a empobrecer. Mas sobre este assunto, do PSD, nem uma palavra!... É certo, que ninguém pode (ou deve) viver acima das suas possibilidades, mas esta regra também se aplica ao Estado, como muito bem referiu Portas, e o Estado como todos muito bem sabemos, nem de perto nem de longe a cumpre. Ora sendo assim, das duas uma: Ou o Estado muda de figurino, ou não tardará muito, que Bruxelas nos imporá mais um novo plano-Extra. A ver vamos...

11 maio, 2010

O FASCISMO-FINANCEIRO!...

Há dias, na sequência de uma dessas auto-proclamadas reuniões de ex:ministros da economia – os tais que estão inocentinhos no que diz respeito à actual crise das finanças públicas -, uma distinta figura que dá pelo nome de Carlos Santos Ferreira, citado por um diário a propósito do estado do País, proclamou, presumo que sem indisposições ou espelhos por perto o seguinte: "Acabou a festa"!...
Àparte o carácter circense da frase, é pena que ninguém tenha perguntado o óbvio ao senhor Carlos Ferreira: Afinal "acabou a festa para quem?...". E já agora: "Que festa?...".
Entre gestores, banqueiros e alguns políticos de turno, existe pelos vistos, uma ideia generalizada: o português comum, vive em permanente banquete, sempre acima das suas possibilidades, a armar em rico. Curiosa ideia esta, que transforma a nova versão da sardinha para três num repasto de faisão. E ainda por cima, em permanência!...
Em boa verdade, devo ter andado muito distraído nos últimos tempos...

De facto, devem ser os gestores de grande porte, o "bloco central de interesses" e os bancos, esses pobres coitadinhos, que têm levado o País por bons caminhos e sem turbulências. Eles cumprem, está bom de ver, a espinhosa missão de nos colocar nos eixos. E nós, os delinquentes, teimamos em sair fora dos trilhos. Fica-se assim a saber, por exemplo, que assuntos relacionados com negócios de sucatas, aeroportos, privatizações, BPP´s, BPN´s, PT´s e submarinos fazem parte de um modelo de gestão rigorosa e acima de qualquer suspeita. Nós, pelos vistos, é que abusamos e estamos a prejudicar o País, a tal ponto que teremos que fazer a respectiva compensação, com o 13.º mês e a subida dos impostos. Somos, no fundo, uma despesa social incomportável e dispensável nos intervalos entre eleições.

Não tenho dúvidas, de que por este andar, a democracia terá custos insuportáveis e não tardará muito que as portas do FASCISMO-FINANCEIRO, fiquem completamente escancaradas...

03 maio, 2010

13.º e 14.º MÊS PARA O "TECTO"?!... NÃO OBRIGADO!...

Pela parte que me toca, e em jeito de resposta às declarações de Pedro Passos Coelho, ao Diário Económico da última 6.ª Feira 30ABR2010, considero que o congelamento do 13.º e do 14.º mês, constitui uma verdadeira afronta aos trabalhadores portugueses.
A proposta do presidente do PSD, é a meu ver indigna, moralmente inaceitável, politicamente inadmissível, economicamente errada e socialmente intolerável.

Ora vejamos: Em 2005, a dívida pública do Estado, rondava os 62,9 % do PIB!... Em 2009, essa mesma dívida chegou aos 80,6% do PIB, o que traduzido em “números”, ronda qualquer coisa como um acréscimo de 42 milhões de Euros em apenas quatro anos. Em 2010 - segundo as previsões - tudo aponta, para que a mesma dívida pública atinja os 87,7% do PIB.

Ora sabendo-se que entre 2005 e 2008 inclusivé, os salários e progressões nas carreiras foram congelados em nome da contenção e da redução do défice, que segundo o Governo ficou abaixo da fasquia dos 3% , sabendo-se que um em cada três trabalhadores ganha menos de 500€ mensais, sabendo-se que o salário médio em Portugal é de 645 €, sabendo-se que os salários reais em 2010 estão na mesma bitola comparativamente a 2005 e sabendo-se que de um universo de 10 milhões de portugueses, 2 milhões são hoje considerados pobres, como se pode pedir ainda mais sacrifícios a esta gente, quando são os que menos culpa têm do descalabro a que chegaram as contas públicas?...

Na minha terra, costuma dizer-se, que “grão a grão enche a galinha o papo”. Contudo, e para mal dos nossos pecados, parece não ser esse o entendimento de quem nos governa!... Valendo aquilo que vale, mas sendo deveras significativo, é o exemplo que recentemente o senhor Presidente da Assembleia da República deu aos portugueses, acerca das viagens semanais que todos pagamos, da deputada Inês de Medeiros a Paris!... Pois bem… Para o senhor Presidente da Assembleia da República, numa escala de 0 a 100, este problema deve ser relegado para a 300.ª posição.

Ora este pequeno exemplo, uma vez multiplicado por muitos outros, revela-nos tudo!... Revela-nos que situações como esta, existem aos milhares e que não constituem problema sério; revela-nos que centenas e centenas de serviços públicos não são objecto de qualquer fiscalização, sem se saber em que patamar de preocupação se encontram; revela-nos que o património público é diariamente delapidado sem que ninguém se oponha, porque isso são casos menores; revela-nos que há usos e abusos que não lembram ao “diabo”, mas tudo de somenos importância; o que é certo, é que feitas as contas, a “galinha” engorda... engorda, e de tanto engordar, acaba por socumbir…

Ora face ao desinteresse e à ausência de fiscalização a esta conjuntura, previa-se desde há muito, este resvalar contínuo das contas públicas e da economia nacional. O sistema corrupto institucional que paulatinamente foi erguido, em especial nesta última década, com a criação de múltiplos e parasitários órgãos do Estado, num total e astronómico desperdício de verbas, associado às políticas (as ditas “reformas” indispensáveis e da “modernidade”) de figurino único desta nova Europa, só poderiam ter o desfecho a que agora assistimos.

E como as políticas continuarão a ser as mesmas; como a curto prazo não se vislumbram alternativas; como não se discute a redução da despesa pública pela extinção das empresas municipais que proliferam, dos institutos públicos e outros órgãos do estado e dos seus gestores pagos principescamente como se em Portugal houvesse petróleo; como não se fala da extinção dos governos civis e da redução de deputados; como não se fala de contenção orçamental, designadamente ao nível dos órgãos do poder central e local; como não se combatem as economias paralelas em expansão contínua permanente e sem qualquer fiscalização; como não se fala no combate à desertificação e na promoção e desenvolvimento dos diversos sectores de produção; como não há um programa de combate ao desemprego, que poderia ser seriamente reduzido, se uma parte significativa das mais de 312.000 empresas existentes no país - mediante incentivos do Governo - fizessem também um esforço no sentido de criarem mais postos de trabalho e assim aliviar a bolsa de desempregados e os custos aos mesmos inerentes; como não se fala numa justiça eficaz, que coloque na ordem e sirva de exemplo à “nova gatunagem” que não olha a meios para atingir os fins; como não se fala na reapreciação das grandes obras públicas, designadamente aquelas que não são prioritárias e não estão ainda sujeitas a contratos; como não se fala numa fiscalização eficaz à politica subsidiária-dependente; os portugueses bem poderão esperar sentados pelo fim da crise, e pelo desagravamento da situação económica do país, a qual se traduzirá não tardará muito, no aumento dos impostos, como consequência dos custos da má gestão e pela continuação dos custos da corrupção institucional instalada.

Os funcionários públicos, os aposentados, os que trabalham por conta de outrem e seguramente também os pequenos e médios empresários já pagam de mais, para tanto desperdício.

Para que o "figurino" mude, das duas uma: Ou aparece um novo D.Afonso Henriques, que de espada na mão expulsa a "mouraria" e "reconquista" o país, ou a sociedade portuguesa se vê livre destes ónus, destes fardos que pesam sobre os seus ombros, e que todos os anos se tornam mais pesados e inviabilizam um crescimento económico saudável.

Então… aí sim, estará certamente disponível, para fazer mais um esforço para “salvar” o seu país. Até lá e para continuar a "engordar galinhas" NÃO!... Obrigado…

NOTA FINAL:Inês de Medeiros acaba de prescindir do pagamento das suas viagens.