Quando olho para a História recente do meu País, não consigo infelizmente descobrir muitas figuras de que me sinta orgulhoso, e diga-se de passagem, não me apetece perder muito tempo a pensar se noutros países será diferente. Preocupa-me isso sim, que o País em que vivo, seja consequência dos actos de uma enorme quantidade de personagens medíocres que nos têm governado, e que “a apagada e vil tristeza” pareça ser a nossa condição....
Na realidade, as personagens principais da nossa História recente, têm revelado demasiadas fraquezas para que pudéssemos ser melhores. Basta ver, que para muita gente, uma das figuras históricas mais importante do século XX, é ainda um homem, que contribuíu decisivamente para um atraso, que ainda hoje nos faz ter medo de existir. Chamou-se, António de Oliveira Salazar...
E pior que tudo, é que ao fim de quase quarenta anos de Democracia, as coisas parecem manter-se inalteráveis. Em boa verdade, é dos FRACOS QUE A HISTÓRIA VAI CONTINUAR A REZAR.
É hoje evidente aos olhos de qualquer cidadão, que qualquer “politico” desta nova vaga que nos tem desgovernado, tem direito a mais páginas do que teve por exemplo Salgueiro Maia. E dou este exemplo, apenas como prova inequívoca, daquilo que afirmo, tendo em conta, que não há comparação possível entre a generosidade nobre de um homem que não se aproveita da revolução que fez, e a pequenez de certa gente, cuja visão, e para além das vacuidades que frequentemente profere, é a procura de fórmulas, que conduzam ao empobrecimento das populações, à fome e à miséria. E a nossa triste realidade, é que este governo não se move por estratégias elaboradas, que modifiquem este estado de coisas, mas por convicções ou melhor dito, por uma única convicção, tipo fé, que se resume em acreditar que é preciso tudo fazer para agradar aos mercados.Tudo o resto é secundário.
E se tal desígnio até é compreensível, o que não está porém explicado, é qual a utilidade prática deste desígnio para a generalidade dos portugueses.
O governo aumentou impostos, cortou salários, reduziu drasticamente a liquidez em circulação e a atividade económica, provocou uma catadupa de falências e um crescimento brutal do desemprego. O país entrou em recessão e praticamente todos os indicadores económicos pioraram. Para quem não gosta de estatísticas, basta andar pelas ruas e ver a quantidade impressionante de lojas que fecharam e casas para vender e alugar que ninguém quer. Ou falar com os amigos e vizinhos e constatar o pânico e a falta de dinheiro. Concentrados na austeridade, no défice e na conquista emocional dos mercados, não estamos a abordar aquilo que realmente devia estar na ordem do dia, que é o DESENVOLVIMENTO DA NOSSA ECONOMIA. A tarefa prioritária de um governo e aquilo que se devia estar a discutir e não está, seria portanto definir que funções do Estado são essenciais e o que deve ser desmantelado. Saúde, Educação, Segurança Social, Segurança, Fiscalização e Regulação, são óbvias. Tudo o resto pode ser reavaliado e redefinido.Mas o governo não o faz, e para além de não o fazer, ainda ataca os que ousam levantar a vóz, reclamando a justiça que lhe é devida.
Os nossos governantes andam ou fazem-se de muito esquecidos. É preciso recordar-lhes, que os cidadãos pagam impostos em troca de direitos e serviços fundamentais. O Estado não faz nenhum favor quando trata um doente num hospital. Ao contrário do que se diz com frequência, a saúde não é gratuita, pois foi paga em adiantado pelos contribuintes. As pensões não são benesses, as pessoas já as pagaram antecipadamente. O Estado, que hoje só aparece como cobrador, é um grande devedor. Não se vire o mundo de pernas para o ar.
O que hoje verificamos, é que a “doença” que vem atacando Portugal desde há décadas, para além de não ter sido contida se agrava todos os dias!... Os portugueses pagam à “Troika” a módica quantia de 22 milhões de Euros por dia. Isto é obra!... Uma obra que certamente acabará certamente por descambar...
Atravessamos um dos momentos mais difíceis da nossa história, que terá que ser resolvido com urgência, sob pena de deflagrarem crescentes tensões e consequentes convulsões sociais. E não venham dizer, que a “doença” que afecta o país, se deve ao facto dos portugueses terem vivido acima das suas possibilidades!... Pelo menos, aquele leque de portugueses que sempre viveram da força do seu trabalho, o que não significa, que outros o fizessem, particularmente, os que se dedicaram por demasiado tempo à “bobaiéla”, e iniciaram a sua actividade laboral, quase ao mesmo tempo que outros, já se aprestavam para usufruir da sua “merecida” reforma...
Mas deixando de fora estes casos pontuais, o que interessa ao país é que se acabe com a demagogia e com o populismo barato dos incompetentes. Importa pois de forma séria e em primeiro lugar averiguar as verdadeiras causas da “doença”, que são muitas.
A juntar a outras, designadamente a recente crise provocada pelos agiotas financeiros, há porém uma que tem décadas e que revela a fraqueza de quem nos tem governado !... Começa exactamente com a má aplicação dos dinheiros emprestados pela UE, para o esforço de adesão e adaptação às exigências da Comunidade.
Portugal foi dos países, onde mais mais investimento "per capita" se fez e dos que menos proveito retirou. Não se actualizou, não melhorou o tecido empresarial, regrediu na qualidade da educação e vendeu ou privatizou, mesmo actividades primordiais e património que poderiam ser hoje um sustentáculo.
Os dinheiros foram encaminhados para auto-estradas; obras megalómanas; constituição de centenas de instituições público-privadas; fundações e institutos de duvidosa utilidade; auxílios financeiros a empresas que os reverteram em seu exclusivo benefício; pagamento a agricultores para deixarem os campos; a pescadores para venderem as embarcações; apoios estrategicamente endereçados a elementos ou a próximos deles nos principais Partidos politicos; elevados vencimentos nas classes superiores da administração pública; o tácito desinteresse da justiça face à corrupção galopante e um desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança na riqueza da Banca, da especulação e nos grandes negócios, desenvolvendo ao contrário, uma atenção especialmente persecutória junto dos trabalhadores, pequenos e médios empresários e na população mais pobre. Esta é que é efectivamente, a génese da “doença” que afecta o país, que continua sem antídoto e não aquela que o actual primeiro-ministro nos procura vender, como tivesse sido ele um “mouro de trabalho” ou fosse exemplo para alguém...
Mas para além de nada se fazer, que contrarie este estado de coisas, hoje a política lusa, é um campo escorregadio onde os mais hábeis penetram!...
Os Partidos politicos cada vez mais desacreditados (segundo a última sondagem) aos olhos dos portugueses, funcionam essencialmente como agências de emprego. O PSD agora mais conservador que nunca, dependente de um tecido empresarial abastado e mais à direita o CDS com uma actividade assinalável, mas com telhados de vidro e linguagem publica diametralmente oposta ao que os seus princípios recomendam, são os melhores exemplo dessa mesma politica, que custa milhões aos contribuintes .
À esquerda, com um PS “preso” à Troika, com um BE com uma linguagem difícil de se encaixar nas recomendações ao Governo, o qual manifesta um horror atávico à chamada esquerda e à população em geral, laboriosamente formatada para o mesmo receio, e um PC menosprezado pela comunicação social, que o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão inspirada na antiga União Soviética, deixa os portugueses descrentes.
Ora sendo assim e a nada se alterar, não se encontrarão forças capazes de modificar o status, mais parecendo que a democracia pré-fabricada, não encontra novos instrumentos de salvaguarda...
Na génese deste beco sem aparente saída, está a fraca participação civica dos cidadãos a quem se pede mais; está a impreparação - ou melhor - a “ignorância” de uma população deixada ao abandono nesse fulcral e determinante aspecto. Não tão bem preparada quanto seria exigível nos bancos das escolas, no secundário e nas faculdades, não se vê em determinadas franjas da população, capacidade de decisão, a não ser a que lhe é oferecida pelos órgãos de Comunicação, a qual deixa muito a desejar, dado na sua esmagadora maioria ser pertença de privados ligados à alta finança, à industria, ao comércio, à banca e às infiltrações accionistas de vários países.Quando qualquer assunto está na ordem do dia, logo ela aparece para servir de analgésico...
Este é efectivamente o “clima” que interessa ao poder instalado, para que nada mude. E sendo assim, é bom de ver, que com este caldo não se pode cozinhar uma alimentação saudável para o país, mas apenas os pratos que o "chefe" recomenda!... Empobrecimento, recessão, fome e desemprego.
Daí a estagnação que tem sido cómoda para a crescente distância entre ricos e pobres, para as centenas de milhares de desempregados e para a instrumentalização do povo.
A televisão governamental, está dominada por elementos dos dois partidos do poder, com notório assento dos “sociais-democratas”, especialistas que são, em silenciar posições esclarecedoras e calar quem levanta o mínimo problema ou dúvida. A selecção dos gestores, dos directores e dos principais jornalistas é feita exclusivamente por via partidária. Os jovens jornalistas, são condicionados pelos problemas já descritos e ainda pelos contratos a prazo determinantes para o posto de trabalho, enquanto o afastamento dos mais velhos, a quem é mais difícil formatar o processo a pôr em prática, está a chegar ao fim. A deserção destes, está a ser notória...
Não há um único meio ao alcance das pessoas mais esclarecidas, e por isso "non gratas" pelo establishment, onde possam dar luz a novas ideias e à realidade do seu país, envolto no conveniente manto diáfano, que apenas deixa ver os vendedores de ideias já feitas, e as cenas recomendáveis para a manutenção da sensação de liberdade e da prática da apregoada democracia.
Não!... Assim não vamos lá...
Os portugueses estão cada vez mais pobres. e a “doença” alastra... E alastra de tal forma, que é o recente “crânio”, designado para a EDP, que já vem dizer que além dos 78 mil milhões, emprestados pela “Troika”, o país precisa de mais vinte mil milhões.
Catroga disse mesmo: Portugal precisa que um "conjunto de gurus, nacionais e internacionais, que nos ajudem a definir um programa bem estruturado para apresentármos internacionalmente". Ora isto, vindo de onde vem e com as responsabilidades que teve em todo o processo que levou Passos Coelho ao governo é no mínimo, “um retirar do tapete às politicas defendidas pelo primeiro-ministro” . Mas sobre isto, ninguém diz nada, não serve o sistema...
Não fosse Portugal um país sem sociedade civil, e sem pensamento político livre e autónomo, e por esta altura devíamos estar a discutir algumas ideias de Henry Thoreau...
Thoreau e alguma esquerda libertária, consideram que qualquer alteração social sustentável deve partir dos próprios indivíduos e da sua consciência, em oposição à tirania do Estado. Este não pode fazer tudo o que quer, nem gastar o dinheiro dos contribuintes de forma discricionária e venal.
Portugal tem de acordar!... Caso não o faça, continuaremos a conviver com os FRACOS QUE A HISTÓRIA nos reserva...