Pedro Passos Coelho, acaba de anunciar a sua candidatura à chefia do PSD!...
Figuras gradas do Partido, argumentam aos quatro ventos, que o actual ciclo se fechou e há que criar alternativas!...
Da Madeira e ao seu melhor estilo, Alberto João diz que o PSD/Local é uma coisa e o PSD/Nacional, outra bem diferente!...
Ora sendo assim, pergunta-se: Qual a razão, porque se obstina a direcção de Ferreira Leite no poder, apesar da derrota nas Legislativas e do declínio nas Autárquicas?!...
Existe algum desígnio estratégico, ou trata-se de pura e simples teimosia?!...
Sejamos claros: Ferreira Leite é representante de um grupo que se habituou a mandar no PSD. Há anos que põem e dispõem do Partido a seu bel-prazer, dividindo entre si as oferendas, brindes e mordomias que o regime lhe proporciona. Como consequência das eleições de 11 de Outubro último, a partilha está feita. Ora sendo assim, que mais resta à actual direcção?!... A conservação do seu poder no partido?!... Provocar alguns dissabores ao novo executivo minoritário de Sócrates e ajustar com este contas antigas?!...
Em boa verdade, creio que esta liderança, não vai conseguir uma coisa nem outra!... O que irá conseguir isso sim, com a sua postura, é atrasar a renovação do PSD para que daquela agremiação de interesses possa brotar uma candidatura que consiga fazer frente – principalmente a Pedro Passos Coelho. Pelos vistos, o país e a melhor escolha, nem importam muito… desde que sejam os mesmos de sempre a comandar.
"Mudando de linha" e quanto ao Governo que aí vem, apetece-me dizer o seguinte: Ao longo de quatro anos, José Sócrates fartou-se de fazer ziguezagues políticos. Umas vezes agradava ao centro-direita, outras à esquerda. Agradou ao centro-direita quando atacou os privilégios de juízes e professores; agradou à esquerda quando subiu o IRS para os mais abonados; agradou ao centro-direita por ter praticado a contenção orçamental; e agradou à esquerda, apoiando e votando a lei do aborto e do divórcio.
Apesar de tudo, nem sempre foi bem-sucedido. Nas presidenciais, Alegre candidatou-se contra o PS já por causa dos incómodos "direitistas" que Sócrates lhe causava. E compreendendo esse sinal, o primeiro-ministro rapidamente deixou cair Correia de Campos, o seu ministro mais liberal.
No entanto, pouco tempo depois desceu o IVA, e talvez gostasse de ter descido outros impostos, mas a crise internacional que se abateu sobre as nossas cabeças impediu-o de ir mais longe e voltou a empurrá-lo para a esquerda. Decretou nesse momento o fim do "liberalismo", anunciou mais despesas do Estado e aumentou os funcionários públicos.
Pouco antes do Verão, recuperou a táctica do ziguezague e tentou ainda fazer um 2-em-1. Como:Prometeu menos carga fiscal para as classes médias e apoios às PME, piscando o olho ao centro-direita; e prometeu os "casamentos gay", piscando o olho à esquerda.
Esta "triangulação" permanente, em movimento pendular entre a esquerda e a direita, foi uma fórmula que parecia habilidosa, mas revelou-se "perdedora", pois Sócrates viu desaparecer a maioria absoluta. À esquerda e à direita, fugiram votos para o CDS-PP e para o Bloco de Esquerda.
A ironia do destino, é que em minoria, Sócrates será obrigado a governar usando de novo essa "fórmula".
Só que, aquilo que antes foi vontade própria, agora é imposição das circunstâncias. Uma espécie de governo "à la carte", escolhendo o aliado consoante o menu.
Ao pequeno-almoço CDS-PP; ao almoço Bloco de Esquerda e ao jantar o PCP, já que do PSD, aquilo que parece levar - seja o prato bom ou mau - é zero.
Para as questões financeiras, o centro-direita é o caminho; para as questões ideológicas a esquerda é o que vai dar...
Apesar de Centristas e Bloquistas não estarem na disposição de perderem o brilharete de 21 e 20 deputados respectivamente (a que eventuais novas eleições os condenaria) e de o PCP não estar virado - pelo menos para já - para grandes ondas, esperemos para ver...
Todavia fica uma pergunta: será que o que o levou Sócrates a perder tantos votos, não foi exactamente esse permanente ziguezague ideológico?...
Então, para quê insistir nele se já ficou provado que ele conduz à perda de tantos deputados? Não seria bem mais eficaz o PS negociar uma "frente de qualquer coisa" que lhe permitisse uma maioria sólida?...
Se em Lisboa funcionaram os acordos secretos por baixo da mesa, porque não tentar no país?... E mais não digo...