24 outubro, 2009

"Deus" e "Demónio"

Qual a diferença entre um fanático religioso e um fanático ateu?...
Simples!... Um fanático religioso vê o demónio em toda a parte. O fanático ateu vê Deus em toda a parte.
Mas a estrutura mental é a mesma!... Uma cabeça maniqueísta e vigilante povoada pelo ressentimento e pelo ódio.
Por isso, acompanhei as palavras de Saramago sobre a Bíblia com interesse.
Um mero golpe publicitário, como disseram os cínicos?...
Saramago, não precisa de publicidade para vender. Uma exibição de mendicidade intelectual, como acusaram os eruditos?...
Um fanático, por definição, não se distingue pela sabedoria letrada. As palavras de Saramago valem como fenómeno político. Na sua intolerância e violência, elas mimetizam verbalmente o que em outras paragens se resolve pelas armas ou pela bomba.
Mais: Saramago têm uma religião, muito mais intolerante, fundamentalista, irracional, sectária e castradora e só por isso os portugueses deveriam merecer-lhe mais respeito.

14 outubro, 2009

QUE OPOSIÇÃO?!... QUE GOVERNO?!...

Pedro Passos Coelho, acaba de anunciar a sua candidatura à chefia do PSD!...
Figuras gradas do Partido, argumentam aos quatro ventos, que o actual ciclo se fechou e há que criar alternativas!...
Da Madeira e ao seu melhor estilo, Alberto João diz que o PSD/Local é uma coisa e o PSD/Nacional, outra bem diferente!...
Ora sendo assim, pergunta-se: Qual a razão, porque se obstina a direcção de Ferreira Leite no poder, apesar da derrota nas Legislativas e do declínio nas Autárquicas?!...
Existe algum desígnio estratégico, ou trata-se de pura e simples teimosia?!...

Sejamos claros: Ferreira Leite é representante de um grupo que se habituou a mandar no PSD. Há anos que põem e dispõem do Partido a seu bel-prazer, dividindo entre si as oferendas, brindes e mordomias que o regime lhe proporciona. Como consequência das eleições de 11 de Outubro último, a partilha está feita. Ora sendo assim, que mais resta à actual direcção?!... A conservação do seu poder no partido?!... Provocar alguns dissabores ao novo executivo minoritário de Sócrates e ajustar com este contas antigas?!...

Em boa verdade, creio que esta liderança, não vai conseguir uma coisa nem outra!... O que irá conseguir isso sim, com a sua postura, é atrasar a renovação do PSD para que daquela agremiação de interesses possa brotar uma candidatura que consiga fazer frente – principalmente a Pedro Passos Coelho. Pelos vistos, o país e a melhor escolha, nem importam muito… desde que sejam os mesmos de sempre a comandar.

"Mudando de linha" e quanto ao Governo que aí vem, apetece-me dizer o seguinte: Ao longo de quatro anos, José Sócrates fartou-se de fazer ziguezagues políticos. Umas vezes agradava ao centro-direita, outras à esquerda. Agradou ao centro-direita quando atacou os privilégios de juízes e professores; agradou à esquerda quando subiu o IRS para os mais abonados; agradou ao centro-direita por ter praticado a contenção orçamental; e agradou à esquerda, apoiando e votando a lei do aborto e do divórcio.
Apesar de tudo, nem sempre foi bem-sucedido. Nas presidenciais, Alegre candidatou-se contra o PS já por causa dos incómodos "direitistas" que Sócrates lhe causava. E compreendendo esse sinal, o primeiro-ministro rapidamente deixou cair Correia de Campos, o seu ministro mais liberal.
No entanto, pouco tempo depois desceu o IVA, e talvez gostasse de ter descido outros impostos, mas a crise internacional que se abateu sobre as nossas cabeças impediu-o de ir mais longe e voltou a empurrá-lo para a esquerda. Decretou nesse momento o fim do "liberalismo", anunciou mais despesas do Estado e aumentou os funcionários públicos.
Pouco antes do Verão, recuperou a táctica do ziguezague e tentou ainda fazer um 2-em-1. Como:Prometeu menos carga fiscal para as classes médias e apoios às PME, piscando o olho ao centro-direita; e prometeu os "casamentos gay", piscando o olho à esquerda.
Esta "triangulação" permanente, em movimento pendular entre a esquerda e a direita, foi uma fórmula que parecia habilidosa, mas revelou-se "perdedora", pois Sócrates viu desaparecer a maioria absoluta. À esquerda e à direita, fugiram votos para o CDS-PP e para o Bloco de Esquerda.
A ironia do destino, é que em minoria, Sócrates será obrigado a governar usando de novo essa "fórmula".
Só que, aquilo que antes foi vontade própria, agora é imposição das circunstâncias. Uma espécie de governo "à la carte", escolhendo o aliado consoante o menu.
Ao pequeno-almoço CDS-PP; ao almoço Bloco de Esquerda e ao jantar o PCP, já que do PSD, aquilo que parece levar - seja o prato bom ou mau - é zero.
Para as questões financeiras, o centro-direita é o caminho; para as questões ideológicas a esquerda é o que vai dar...
Apesar de Centristas e Bloquistas não estarem na disposição de perderem o brilharete de 21 e 20 deputados respectivamente (a que eventuais novas eleições os condenaria) e de o PCP não estar virado - pelo menos para já - para grandes ondas, esperemos para ver...
Todavia fica uma pergunta: será que o que o levou Sócrates a perder tantos votos, não foi exactamente esse permanente ziguezague ideológico?...
Então, para quê insistir nele se já ficou provado que ele conduz à perda de tantos deputados? Não seria bem mais eficaz o PS negociar uma "frente de qualquer coisa" que lhe permitisse uma maioria sólida?...
Se em Lisboa funcionaram os acordos secretos por baixo da mesa, porque não tentar no país?... E mais não digo...

07 outubro, 2009

A IMAGEM DE MARCA DO PSD

Mais à esquerda, ao centro, à direita, afinal qual é o caminho a traçar?!...
Em boa verdade, parece ninguém saber!... A resignação, o alheamento e a intriga, são hoje, algumas das imagens de marca que afectam a "família" social-democrata.
De norte a sul do país, joga-se no subterrâneo e sendo assim, não tenho qualquer dúvida, que após as autárquicas de 11 de Outubro, o verniz estalará de vez!... De Vila Real a Gaia, do Porto a Lisboa, de Santarém a terras de sua majestade na Madeira, o PSD está transformado numa agremiação de iluminados, capazes de se trucidarem em nome de míseros interesses pessoais, que já não conseguem esconder. Anda tudo à procura de qualquer coisa... até lá para as "minhas berças", a regra não constitui excepção!...

Mas vamos ao que interessa: Depois de 7 de Setembro, o PSD descobriu que tinha nas suas sucessivas derrotas um ‘trunfo’ indesmentível. A saber: quanto mais o partido se afunda em eleições, mais se afirma como uma fulgurante alternativa. Só assim se justifica o tom triunfal com que alguns dos seus principais dirigentes anunciam que, ao longo dos últimos dez anos, o PSD teve o mérito de ganhar apenas uma das cinco legislativas.
Se levarmos em conta que essa pequena e suada excepção se deveu a circunstâncias únicas decorrentes da demissão do engº Guterres, percebe-se que, para honra e glória do partido, este podia ter feito o pleno e ter saído de rastos de todas as eleições legislativas, colocando-se gloriosamente ao lado dos pequenos partidos e à margem de qualquer solução governativa.

É à luz desta sofisticada tese que se percebe o que está a acontecer no PSD. Do alto dos seus míseros resultados, o partido, como qualquer partido marginal, especializa-se na intriga, enrola-se em pequenas tácticas, em pequeninos jogos de poder e em pequeníssimas vaidades inverosímeis. Quando se esperava uma palavra sobre o país, o PSD discute afincadamente quando é que a drª Ferreira Leite deve abandonar a liderança: se agora, se a seguir às autárquicas, se mais tarde, se em Maio, de forma a poder assegurar a candidatura de Paulo Rangel ou de qualquer outro hipotético sucessor, que dê garantias ao Kremelin. Tudo, como diz o prof. Marcelo Rebelo de Sousa – que "pondera ponderar" sobre a sua própria candidatura – para impedir, a todo o custo, a hipotética vitória do dr. Passos Coelho, esse "Sócrates de segunda" que convém, desde já, eliminar.
É triste, ver um partido desta natureza, a "boiar"da forma como o vem fazendo, tentando a todo o custo socorrer-se das tábuas de salvação santanistas na capital e de Rio no Porto, como remédio para salvar uma "época", que logo à partida sofreu duros golpes, principalmente de quem afirmava a pés juntos que se iria manter calado, mas cuja promessa durou apenas duas ou três semanas.
Agora, após o veredicto popular, quando se esperava que se apresentasse como uma oposição responsável, o PSD ameaça veladamente brindar-nos com uma moção de rejeição ao Governo, cujo principal objectivo é "colar" Paulo Portas ao PS. Quando se esperava uma reflexão séria sobre a derrota, o PSD viceja – como sempre vicejou nos últimos anos – num deserto de ideias alimentado pelo caciquismo que o controla e pelo poder autárquico que lhe garante votos e nomeações.
A partir de domingo, quando as autárquicas estiverem resolvidas e o pudor que qualquer campanha eleitoral impõe, se dissipar, é natural o PSD volte a exibir, com abundância de pormenores, aquilo em que há muito se transformou: uma agremiação de luminárias sem estofo, capazes de se trucidar mutuamente, em nome de míseros interesses pessoais.
A balbúrdia que se avizinha transformou-se, infelizmente, na imagem de marca do PSD.

02 outubro, 2009

O "REINO" DO FUTEBOL!...

Hoje vou falar do desporto rei!... de futebol.
Quem não se lembra, das velhas acusações de Dias da Cunha, ex:Presidente do Sporting Clube ao “Sistema”?!...
Quem não se lembra da chacota, que era feita ao tema e à própria pessoa?!...
Falar do “sistema” soa a teoria da conspiração, mas… que existe, disso não tenho a menor dúvida.

A nomeação do árbitro Duarte Gomes, para o jogo FC Porto-Sporting, e o seu comportamento no mesmo, é um excelente retrato do que é de facto o “sistema”.
Quer isto dizer que o "sistema" é o Porto e Pinto da Costa?... Evidentemente que não!...
O “sistema” é muito mais que isso!... É um circulo vicioso do qual o futebol português não parece conseguir sair. É um circulo vicioso, que impede a introdução das novas tecnologias na arbitragem; é o circulo vicioso, que impede que os intervenientes se entendam em regras claras para as nomeações; é o circulo vicioso que deu aos irmãos Oliveira, um poder absurdo na transmissão televisiva dos jogos, prejudicando – e de que maneira – todos os clubes, sem aspirações a títulos; é o círculo vicioso, que permite que haja equipas a jogar, que não pagam aos seus atletas; é o círculo vicioso, que faz do desrespeito pela liberdade de imprensa a regra e não a excepção; é o circulo vicioso, que faz da justiça desportiva uma anedota; é enfim a podridão quase completa, e que me leva, enquanto amante do futebol, a meditar se vale mesmo a pena continuar a acreditar…

Para concluir, direi o seguinte: O “sistema”, é uma espécie de vício colectivo, onde nada muda, porque todos têm medo de perder algum dos seus pequenos e medíocres poderes e previlégios; é um vício colectivo, que alimenta a podridão, a desonestidade e até a vaidade de muitos dos seus intervenientes.
Olhe-se para Espanha aqui bem perto e veja-se como os clubes perceberam que as polémicas e as suspeições, estavam a dar cabo da galinha dos ovos de ouro. Puseram a casa em ordem e hoje têm um dos campeonatos mais competitivos da Europa, com estádios cheios e a ditar as suas leis, em termos de clubes e selecções.
Acredito, que nunca seremos tão fortes. O nosso mercado não dá para tanto, mas podia ser tudo diferente e a esmagadora maioria dos estádios passariam a contar com muito mais espectadores, do que aqueles que presentemente ali afluem.
Mas para isso, é preciso mudar o dirigismo desportivo, a começar pelos árbitros. O episódio Duarte Gomes, foi apenas mais um!... O da retaliação, o da vingança, o da vontade de fazer sangue. É necessário que o "Reino do Futebol" vire "República" e que a democracia prevaleça...
Só espero que quando acordarem, não seja demasiado tarde…