30 novembro, 2021

Definitivamente “não ao lítio” em Barroso…

Uma região que é Património Agricola Mundial, não se compadece com isso.  Ninguém quer um cenário destes à porta de casa!... E não o quer, porque o processo e o legado são reconhecidamente pesados e por isso bem difícil de carregar pelas populações e por quem gosta da nossa terra.

Hoje, são mais do que justificadas as apreensões locais em relação à exploração de lítio a céu aberto. Justificadas, porque em maior ou menor escala, o impacto ambiental está garantido. E está garantido, seja na massiva movimentação de solos, seja no ruído da maquinaria, seja nas ameaças aos cursos de água, seja pela evidente e muitas vezes irremediável transformação da paisagem. Barroso, não se compadece com isso!... Uma região que é Património Agricola Mundial, não se compadece com isso.  Ninguém quer um cenário destes à porta de casa!... E não o quer, porque o processo e o legado são reconhecidamente pesados e por isso bem difíceis de carregar pelas populações e por quem gosta da terra.

E sendo assim, desde logo uma pergunta se impõe: após milhares de toneladas de lítio terem sido extraídas em nome do desenvolvimento económico e da transição energética, o que ficará de perene, que possa mitigar a transformação da paisagem, a profunda alteração das rotinas, ou a convivência com um vizinho incómodo e indesejado?!... Sejamos justos: a extração mineira, não pode ser feita de outra forma que não num controlado rebuliço de quem tem de procurar minério nas entranhas da terra, apesar dos avanços tecnológicos que permitem outros cenários de exploração distintos dos que se encontram datados historicamente, e que estão bem visíveis em várias paisagens por esse país fora. E sendo assim, são muitas as dúvidas e as implicações, para que se possa pedir de ânimo leve, que se aceite como irreversível o avanço da exploração.

É por isso imperioso, que se conheça ao pormenor o que implica para as comunidades locais uma eventual intervenção deste cariz, tal como é absolutamente necessário que se justifique a suposta inevitabilidade desta exploração, elencando o que ela contribuirá para a economia nacional, e sobretudo para a da região que terá que lidar com o longo processo de extração e exploração e as respectivas consequências. E o ênfase, deve ser colocado precisamente neste ponto: a região e a comunidade, o seu bem estar e o seu futuro. E para que não restem também dúvidas, quem são os principais beneficiários das contrapartidas, que não serão obviamente as populações que terão que lidar com este problema. E isso, como sabemos, não tem sido uma política muitas vezes seguida nem nestes, nem noutros casos, com a agravante, de que é muito mais fácil ignorar, quando estamos a tratar o assunto em regiões despovoadas e sem qualquer tipo de peso político reivindicativo.

 O que nos diz a realidade, é que hoje por aqui, poucos sabem algo de substancial sobre este tema. Tudo é feito, decidido e publicado à distância, a partir de gabinetes onde Barroso é apenas um ponto num mapa. O esclarecimento das comunidades, não é só por isso recomendável como absolutamente obrigatório, e não pode ser feito à distância por decreto aos súbditos. E por isso, nada se resolverá esperando pelas conclusões do estudo de impacto ambiental que está para vir, por muito exemplar e íntegro que ele seja. O lítio não serve definitivamente os interesses de Barroso e da sua população.

O “regresso em força” do Covid…

 O país, que deveria nesta altura estar orgulhoso dos seus mais de 87% de vacinados - um exemplo na Europa e no mundo - precisa é de perceber por onde está agora a passar a pandemia.

A ansiedade está de regresso, de mão dada com o aumento dos números diários de novas infecções e de óbitos com Covid, e com a notícia que a quinta vaga está aí, a ensombrar mais um Natal, 

Sabemos que os números são o que são, mas não são os que eram no passado. E sabemos também, que a ansiedade nunca é boa companheira. Sabendo então estas duas coisas, seria bom que soubéssemos três outras, bem simples: quem, como e onde; quem é atingido pelas novas infecções, em que circunstâncias, e onde acontecem; e quem está a morrer - segmento etário,  e se há ou não outras co- morbidades.

Despejar números sem os fazer acompanhar desta informação complementar não me parece nesta altura, salutar. Como não é salutar, falar-se do regresso a medidas que bem conhecemos - mesmo que algumas delas nunca tenham deixado de ser generalizadamente usadas, como o uso de máscara na rua, e que por isso nem representem sequer um regresso - tipo peditório, a que o Presidente Marcelo é, como habitualmente, dos primeiros a chegar. 

E com tal assertividade, que passa logo para o "estado de emergência". Acha que não precisará de o utilizar, mas lá vai dizendo que o pode fazer, e que nem a dissolução da Assembleia da República o impedirá, o que nem sequer será exactamente da mais óbvia constitucionalidade. 

O país, que deveria nesta altura estar orgulhoso dos seus mais que 87% de vacinados, constituindo um exemplo na Europa e no mundo, precisa é de perceber por onde está agora a passar a pandemia. Não precisa de alarmismo nem de ansiedade. Precisa que a entrada de bares, discotecas,  espaços de eventos e espectáculos, seja efectivamente vedada a quem não esteja vacinado, ou a testar negativo. Precisa que nas chegadas aos aeroportos, haja controlo efectivo da situação da cada passageiro. E, francamente, falar de uso obrigatório de máscara na rua, quando a maioria das pessoas a continua a usar por sua própria iniciativa  e nada dizer sobre o uso obrigatório - e em condições de eficácia, não como adereço de pescoço - nos estádios de futebol, só serve para aumentar o ruído.

08 novembro, 2021

O “ESTADO” DO NOSSO ESTADO…

“Aproxima-se uma festa feia e sem preceitos nem modos!,,, Aproxima-se o regabofe da impossibilidade dos apoios sociais!.... O fascista que entrou para o Parlamento já se baba de alegria e quando esta direita se baba, teme-se o pior. Entretanto, o povo paga”…

Não sendo político, tenho obviamente opinião!... E por isso, me dá prazer escrever, dizer o que sinto, transmitir o que penso e pôr os outros a pensar. Se bem ou mal, pouco me interessa. Não há maneira de abdicar disto. É uma forma de participar não só na vida da comunidade, como também procurar entender os seus comportamentos, as suas motivações, as suas decisões, as suas escolhas e os seus paradoxos.

Desta vez, e ainda em jeito de rescaldo eleitoral, poderia vir a “terreiro”, e falar de uma espécie de “golpe de estado” preparado ao longo de quatro anos na nossa terra – está-me atravessado. Mas como dos fracos não reza a História, não vale a pena “chover no molhado”. Prefiro ir por outro caminho!... Um caminho que vai mexer nos bolsos dos portugueses e se revela muito mais importante neste momento – o chumbo do Orçamento de Estado para 2022.

Assim, começo por dizer, que quando existem inúmeros problemas económicos e sociais para serem resolvidos e se impõe a sua resolução, afectados que foram pela crise pandémica – a maior desde a Segunda Guerra Mundial -, o país vai envolver-se de novo em campanhas eleitorais e em eleições antecipadas, que muito dinheiro vão custar, que muitas energias vão consumir e que talvez nada resolvam - é “sina” nossa. Uma “sina”, ditada por uma classe politica a roçar a mediocridade; num tempo até, em que as alternativas políticas ainda estão por constituir; em que o chamado interesse nacional afinal cede aos interesses partidários, corporativos e à demagogia; e em que a ideia de “Portugal Primeiro” e do bem comum tão propalado, se sobrepõem a visões e interesses egoístas. Mau de mais para ser verdade, mas é o que temos. Dito de outro modo: uma factura de mais de mil milhões de euros, a suportar pelos contribuintes.

Excepto os políticos”, toda a gente sabe que a vida dos cidadãos depende do OE!... Seguindo o mesmo raciocinio e num quadro de necessidades ilimitadas e de recursos escassos, toda a gente sabe também, que a sua preparação é um exercício muito complexo. Assim sendo, e porque não é possível satisfazer as aspirações de todos com menos impostos e mais rendimentos, com mais saúde, mais educação, mais justiça, mais segurança, melhores estradas, melhores transportes, menor divida pública e por aí adiante, há que fazer escolhas. E as escolhas foram feitas!... No entanto, nem todos pensam assim e nesta discussão, veio ao de cima a sua verdadeira face. A face de uma classe politica, que para além de nos mostrar aquilo que verdadeiramente vale, nos deu ainda conta, de que afinal o que está em causa não é o país e os portugueses, isso sim, os interesses e as estratégias partidárias que se movem como se o país fosse um tabuleiro de poker. A tudo se sobrepôs, inclusivé a dar trunfos de borla, à extrema-direita populista e fascista…

É verdade que o Governo que elaborou o OE 2022 é minoritário e tem de procurar as alianças necessárias para conseguir uma maioria que o vote favoravelmente. Por isso se deseja e até exige, que negoceie e ceda à Oposição, o que é normal. Há sempre a possibilidade e é desejável, que se aperfeiçoe um documento com esta importância !... O que já não é desejável, é ir de cedência em cedência, desvirtuando a sua proposta e tornando-a na proposta de outros.  Intransigências – diga-se, que uma vez concretizadas, levam a que por acréscimo, alguém vá também perder e provavelmente muito – o país e os portugueses.

Agora, resta-nos esperar pela resposta, que se espera adequada do nosso povo. Até lá, vamos ainda assistir a acalorados processos de eleições partidárias internas, e ao benefício da dúvida que as novas lideranças carregam. Já o discurso da campanha que se lhes seguirá, é fácil de prever: o passa-culpas sobre quem são os responsáveis pelos portugueses serem chamados a votos antes da legislatura terminar; por não existir durante quase meio ano um orçamento do Estado; e por se adiar parcialmente a efectivação dos fundos da “bazuca europeia”, num país a precisar deles como de pão para a boca.

Custos elevadíssimos, para que talvez tudo fique na mesma, sobrando apenas  a arrogante teimosia de alguns interesses pessoais e minoritários, que nada têm para oferecer aos portugueses, a não ser a sua própria sobrevivência. São palavras obviamente duras e talvez até elitistas, mas com uma virtude: para além de traduzirem a realidade, não deixam de nos desafiar.

(Texto escrito segundo a antiga ortografia)

 

05 novembro, 2021

A CRISE POLITICA | Quem sai a ganhar, a perder e a não desejava…


BE, PCP e PEV, entregaram o ouro ao bandido, sem se interrogarem do que seria Portugal fora da U.E.!... Chega, passará a ser a terceira força politica, relegando-os para as “calendas” e liberais poderão

Depois de tanta “roupa suja” lavada, já não importa tecer qualquer comentário ao chumbo do Orçamento do Estado para 2022.  Importa isso sim, uma reflexão mesmo que sucinta, sobre a tão propalada crise política que tal chumbo acarretou, quem sai a ganhar, quem perde, quem a quis ou quem a não a desejava.  E sendo assim, começo exactamente por este último ponto, citando o recém empossado Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas: “uma crise política no país preocupa-me. Preocupa-me e penso que todos têm de ser chamados à responsabilidade de que essa crise política é muito má para os portugueses”.

Declarações elucidativas!...  Porém, Rui Rio, o tal adepto do “Portugal Primeiro”, sucumbiu encurralado. E ai dele que não o chumbasse. Era “queimado vivo” e nem às directas tinha direito.  De Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, nada mais havia a esperar!... No dia em que não tiverem motivos para reivindicar, é o declarar do óbito dos respectivos Partidos.  A sua conduta, faz parte de uma estratégia e de um jogo político-partidário que os alimenta, e sem os quais não podem sobreviver. Só que os tempos hoje são outros e o povo – o principal perdedor nesta contenda, não lhes vai perdoar. Mais de mil milhões de euros provenientes das deduções nas taxas do IRS, aumento das reformas até aos 1.097,00 euros, aumento extradordinário das pensões, aumento do salário mínimo nacional e a extinção do PEC entre outros, foram algumas das propostas atiradas ao charco. Ou seja: mais de mil milhões só em 2022, deixaram de entrar nas carteiras dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas, e dos pequenos e médios empresários. E sendo assim, desde logo uma pergunta: quando é que Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, vão recuperar e reverter, o que agora resolveram deitar fora?!...  

Dito isto, não será por isso fácil ao BE e ao PCP assumirem o ónus de provocarem eleições antecipadas e criarem até eventualmente condições para uma mudança política na governação do país. Nada de novo!... Já o haviam feito em 2011 com o chumbo do PEC IV e nada admira, se a dose não se vier a repetir. É o que temos!....  BE e PCP, serão por isso politicamente os principais perdedores na equação que se segue e com uma nuance: abriram as portas de terceira força politica, ao Chega do fascista André Ventura. Chega, a quem saíu a sorte grande!... Com 12,60 euros por cada voto acima dos 50.000 durante quatro anos, vai ser uma mina. André Ventura, terá por isso razões para sorrir

Das restantes forças politicas, ganhar ou perder será sempre uma questão de futurologia política, mas há obviamente algumas conjunturas que poderão fazer pender a balança eleitoral. À cabeça, apesar do referido anteriormente, o próprio PS. A vitimização política colheu sempre grandes frutos no eleitorado e poderá haver nas hostes socialistas, quem sonhe com uma sempre possível conquista da maioria absoluta. Depois, a vitória de Rangel nas directas do PSD, também pode pesar neste caso. O Centrão, onde se decidem eleições, poderá beneficiar Costa. Quem poderá também aspirar aos louros da vitória – mais com Rui Rio - é o PSD. O argumento e a mensagem política do falhanço da geringonça, será sempre uma bandeira extremamente relevante num processo eleitoral tendo em vista o regresso ao “arco da governação”. Uma relevante e "apetitosa" ideia para a direita, tornando-se desse modo num pilar de alternativa governativa.

Depois, da subida dos liberais, até à agonia do CDS tudo dependerá também das futuras lideranças em disputa!... Cotrim de Figueiredo e Francisco Santos ou Nuno Melo, terão muito mais a ganhar com Rui Rio na direcção do PSD que com Paulo Rangel – trata-se num e no outro lado, da “fuga dos desalinhados” à direita, que tenderão  a engordar o Chega, ou a fixar-se nas hostes liberais ou democrata-cristãos. Até lá porém, muita água vai passar por baixo da ponte.  

Mas saia o que sair, aquilo que se pede é que se entendam!... Num tempo em que Portugal e a comunidade internacional renasce das "cinzas" de uma crise pandémica que teve tanto de inédito e curioso, como de grave; numa altura em que há a necessidade de aplicar de forma sustentada e eficaz, os fundos da chamada "bazuca europeia“; e num momento em que se preparam as estratégias do Portugal 20.30, o que não precisamos de todo é de um novo "revés governativo". Portugal não pode esperar…