27 julho, 2021

VAMOS REGIONALIZAR O CONTINENTE

O que era obrigação constitucional e necessidade de ordenamento territorial passou a ser depois da proposta de Marcelo Rebelo de Sousa, então líder do PSD, e do exótico mapa das nove regiões, proposto por António Guterres, a arma de propaganda partidária, alheia à necessidade de tornar eficaz a regionalização administrativa do País.

Não vale a pena “pintar quadros”!... França tem actualmente 18 regiões; Itália 4; e Espanha 17 comunidades autónomas. Por cá, os referendos à Regionalização e à despenalização do aborto serviram apenas para uma coisa: moeda de troca para a aprovação do OE que permitiu a Guterres cumprir uma legislatura sem maioria.

É claro que assim não vamos lá!... Desde 1989 que aguardamos pela famosa “Municipalização” e os resultados estão à vista. Progresso e investimento são princípios que vigoram apenas onde hà votos a captar.

Os referendos – e contra mim falo, que votei contra – são apenas instrumentos para adiar decisões.

É por isso que considero, que os passos que vêm sendo dados por este Governo para regionalizar o Continente vão no caminho certo, consolidando as cinco CCDR`s com a sua eleição pelos autarcas de cada região e transferindo para elas os actuais serviços do Estado susceptíveis de regionalização e os respectivos meios financeiros.

É a última oportunidade para a democracia representativa fazer o que é preciso fazer sem os erros da Regionalização das Regiões Autónomas, maus exemplos que geraram desconfiança, face aos órgãos faraónicos em número de deputados, membros do Governo e organismos parasitários, sem fiscalização eficaz e com obscenos custos nacionais.

Erros, que chegam ao ponto de impedir ao PR a dissolução das suas Assembleias Regionais, em contraste com o Poder que lhe cabe em relação à Assembleia da República e de arrecadar todos os impostos aí gerados, que representam cerca de 60% dos seus Orçamentos, cabendo o restante ao Estado Central e aos fundos da União Europeia, sem que as ditas RA contribuam para as despesas com Tribunais, Segurança, Forças Armadas, representação externa do Estado português, e nem sequer, para quaisquer organismos internacionais, nomeadamente para os fundos da UE de que recebem cerca de 20% do seu orçamento. É claro, que não é esta a regionalização que defendo!...

O que se pretende isso sim, é que a Regionalização prevista modere os apetites dos caciques regionais e o pior do que o bairrismo é capaz.

O que assusta por isso alguma gente, não é a regionalização do País!... O que assusta isso sim, é a incapacidade de reduzir os 308 municípios e as 3092 freguesias, bem como a de limitar o número de

vereadores, assessores e outros dispendiosos ornamentos do Poder Local em Municípios onde três ou quatro mil habitantes não os justificam.

Se tiver êxito como se prevê, a regionalização deste Governo porá fim à fuga a decisões melindrosas através do recurso a um referendo, sem poder ser acusado de incapacidade de decidir ou de falta de coragem para assumir riscos, criando as necessárias instâncias intermédias entre os Municípios e o Poder central.

As eleições legislativas não se destinam a escolher quem convoca referendos, isso sim a quem governa e delibera sem manobras dilatórias e maiorias conjunturais de geometria variável. De outra forma “não vamos lá” e o exemplo dos países citados, são a prova disso mesmo.

O COVEIRO DA DIREITA DEMOCRÁTICA...


As sondagens não são favoráveis e confirmam que a Direita democrática toda somada ainda é pouco para arredar os socialistas. E quando no mês passado o Presidente disse numa entrevista à RTP que após as autárquicas de Setembro ou Outubro Rui Rio pode “não querer” ou “não poder” manter-se como candidato a Primeiro-Ministro, foi o tiro de alerta para o alvoraçar das hostes. Um tiro, que sendo provocatório, não é alucinado. A um mês do país entrar de férias, esta direita ainda vive momentos decorrentes do Congresso do Chega e do encontro do MEL — Movimento Europa e Liberdade, que se realizaram na última semana e serviram de testes a empatias, antipatias e sinais de que com a crescente fragmentação, dificilmente a Direita chegará ao Poder nos próximos tempos. 

Principal culpado, o Partido Chega de André Ventura, ao aglutinar parte significativa do eleitorado do PSD e do CDS, deixando estes dois Partidos à beira de um ataque de nervos, tal a fuga das suas bases de apoio que todas as sondagens reflectem. No meio do naufrágio, caberá ao PSD liderar e criar as dinâmicas necessárias para inverter esta situação, o que diga-se em abono da verdade não é tarefa fácil. Se optar por uma aproximação ao PS, a fuga acentuar-se-à da ala direita do Partido para o Chega!... Se pelo contrário abrir as portas ao Chega, o “centrão” engrossará as fileiras do Partido Socialista.

Um dilema, com o primeiro episódio já agendado para a estação Outono - Inverno!... Com as autárquicas no fim de Setembro ou início de Outubro e directas no PSD em Janeiro, o maior Partido da Oposição vai ter de decidir com quem irá a jogo contra o Partido Socialista. E sendo assim, uma conclusão lógica se adivinha: não vêm aí tempos fáceis para a Direita democrática e principalmente para o PSD. André Ventura, tornou-se afinal no verdadeiro abono de família de António Costa a curto- médio prazo e do Partido Socialista no futuro.

Uma palavra de louvor para Rui Rio, ao não se deixar acolitar pelo MEL!... Era a estrela desejada e até com honras de encerramento. Mas Rio acabou a dizer que estava ali, mas que o seu Partido não é de direita. Ou no mínimo feita a limpeza, o que dele resta. Sim, porque MEL, o Chega não tem certamente - só moscas. MEL que não passa do albergue espanhol onde se reúne a pior direita com a direita tradicional e os seus acólitos liberais da IL e do PS, numa frenética viagem onde se renega o passado à espera de futuro. 

Rui Rio, o que “tinha a perder já perdeu” e daqui para a frente, a hora é de passar a “facturar”. Daí as palavras do Presidente terem tudo de assertivas.