03 agosto, 2016

QUANDO UM JUÍZ DECIDE EM CAUSA PRÓPRIA, “ESTÁ TUDO ESTRAGADO”!...

Num Estado organizado estão constituídos os poderes legislativo e executivo que emanam do voto popular e o poder judicial que deriva de uma estrutura não escolhida pelos eleitores, que exerce os seus poderes através dos Tribunais, que julgam de acordo com as normas constitucionais e com as leis criadas pelo poder legislativo.

Enquanto símbolos do Estado de Direito e da observância da Lei, os juizes têm direitos e deveres muito singulares, mas como qualquer cidadão, são humanos e também erram – Errare humanum est - alguns até demasiadas vezes.

Assim parece acontecer com um juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra como deu à estampa o matutino Jornal de Notícias, o qual segundo este jornal já decidiu duas providências cautelares a favor dos colégios privados na polémica que os opõe ao Estado, no caso dos contratos de associação. Pior que isso, terá sido o próprio juíz que avançou em 2012 com um processo contra o Estado em que contestava a redução do número de turmas com contratos de associação na escola onde estudava alegadamente uma sua filha.

Ora sendoassim, não é preciso ser jurista para verificar que há um evidente conflito de interesses, pela simples razão de que nos casos apreciados entra sempre uma filha do juiz em causa. O Ministério da Educação já pediu o seu afastamento destes casos por não ter sido imparcial na sua apreciação, enquanto o Sindicato dos Professores da Região Centro defendeu que recaem sobre o mesmo fortes suspeitas de parcialidade quanto às decisões agora conhecidas e lembrou que o juíz tem uma filha que é aluna do colégio de Ançã. Isto é: um dos tais colégios queixosos, que levou a que o juíz agisse contra o Estado “quando pretendeu que a sua filha fosse subsidiada, apesar de se encontrar na altura fora das turmas com contrato de associação do colégio em que se matriculou”. Poder-se-à portanto concluir, que para o juiz apreciador desta causa vale tudo para proteger a sua filha, não lhe interessando as filhas dos outros cidadãos. De resto, ele próprio terá sido aluno no colégio jesuíta de Cernache e ninguém é indiferente a quem o encaminhou na vida. Não admira pois que este juíz goste de colégios, o que não deve gostar é de os pagar.

Estamos, portanto, perante um lamentável caso em que um interesse particular - de um juiz ou de um colégio - se sobrepõe ao interesse geral que é assumido pelo Estado, o que significa que quando se decide em causa própria, “está tudo estragado”... 

02 agosto, 2016

-O AUMENTO DA DIVIDA E OS “MENSAGEIROS DA DESGRAÇA”...

O aumento da dívida pública e em especial o aumento em Junho, tomou conta das primeiras páginas dos jornais de ontem, especialmente entre as hostes pafistas, sempre prontas a cantar vitória a cada desgraça anunciada.

É evidente que não há nenhuma razão estrutural para a que a dívida não continue a subir!... Não há qualquer foguete para lançar, nem garrafa de champanhe para abrir, dado tudo continuar na mesma. E com tudo na mesma, a dívida só pode continuar a crescer. Mas uma coisa é isso - a dívida ter de continuar a crescer – outra completamente diferente, é o crescimento brusco e repentino, que as notícias de ontem pareciam fazer crer, a justificar os foguetes - aí sim - da massa crítica pafista.

Toda a gente sabe que nas actuais condições da nossa economia - e da quase totalidade das economias europeias - a dívida paga-se com nova dívida. Como um dia alguém disse, "a dívida não se paga, gere-se". Há época, caíu o Carmo e a Trindade, como se tal não fosse assim há décadas.

Com dívida a vencer-se à vista, é pois necessário contratar mais dívida para a pagar!... Com dívida a vencer-se a curto prazo e em tempos favoráveis em matéria de taxas de juro, como é o caso, é natural que se aproveitem essas condições para criar os depósitos com que irá ser paga essa dívida a pagar nos meses mais próximos, a primeira tranche já no final do mês.

É isto o que está a acontecer: a dívida nunca foi tão alta, mas os depósitos também não. A isto chamavam há pouco tempo - há apenas um ano, como se lembrarão - "cofres cheios". Hoje, os mesmos chamam-lhe catástrofe.

Há porém uma excepção, uma honrosa excepção que não posso deixar de aqui salientar: o deputado do PSD Duarte Pacheco, que não teve dificuldade em explicar que "há um empréstimo a ser vencido em setembro e muitas vezes o Estado paga um empréstimo contraindo outro" e que "antes de pagar um fica com dois em dívida, o que altera os números, que depois voltam à normalidade no mês seguinte".