Já todo o “mundo” percebeu, que Pedro Passos Coelho é um homem multifacetado!...
Tem um discurso quando na oposição, tem discurso diferente quando no governo, dá uma no cravo perante Berlim e dá outra na ferradura junto de Bruxelas e da Comissão Europeia.
Em boa verdade, já todos percebemos na presença de quem estamos. E já percebemos, porque o velho lema de que o “diabo” tem duas capas prevaleceu !... Uma tapou, a outra destapou...
Ora foi munido dessas duas capas, que o “diabo” se apresentou aos portugueses, como o homem que se propunha salvar o país. Apresentou-se com uma capa e munido de uma cábula, prometendo não subir os impostos directos ou indirectos; apresentou-se com uma capa e o argumento de que o corte que se propunha fazer nas gorduras do Estado, chegaria para resolver o défice das contas públicas, e apresentou-se ainda com a mesma capa, com o discurso, de que a crise não era internacional, mas sim interna e que para se sair do “atoleiro” em que nos meteram, era fundamental pôr a economia a crescer, para colocar em marcha o processo de desenvolvimento do país.
Para consumo interno, era efectivamente o discurso que interessava!... Tão cativante, que qualquer “Santo Antoninho” não faria melhor. Mas porque o “cheiro a poder” era tão intenso, havia a necessidade de ir mais além. Era necessária uma segunda cábula para cativar o exterior, não fosse o “diabo” tecê-las!... Era preciso convencer os “donos” da Europa e o capital financeiro, que o derrube do então governo era um imperativo nacional, pelo facto deste – segundo ele - não enfrentar o seu eleitorado tradicional, não querer tirar benefícios à classe média/média-baixa e não querer ou não ser capaz de tirar “regalias” à administração pública.
Estes foram efectivamente os guiões previamente estudados ao pormenor por Passos Coelho, para atingir os objectivos de chegar ao “poleiro” da governação. E se bem os pensou, melhor os levou à prática!... Mentiu... mentiu e voltou a mentir. Hoje temos o governo de direita, mais à direita desde o 25 de Abril de 1974, e infelizmente para os portugueses, o "diabo", rápida e meticulosamente vai aplicando os seus guiões.
Pedro e Paulo - esse mesmo que já esqueceu dos agricultores e dos reformados - afirmaram no início da governação que jamais utilizariam o passado para justificar a sua acção no presente. Porém, cansamos de ouvir os Deputados da maioria, os Secretários de Estado, os Ministros, os Comentadores políticos do sistema e todos os seus correlegionários, todos os dias e a todas as horas a falar do passado, a reinventar o passado, a reescrever o passado, para justificar as medidas que ambicionam e prometem implementar no país, como se estivessem a injectar carneiros.
O aumento de impostos directos e indirectos, o corte no subsídio de natal e de férias até 2013 ou ad eternum, os cortes nas pensões dos reformados, os cortes na educação, na segurança social e na saúde e a liberalização encapotada dos despedimentos, são realidades que a partir de agora e mais que nunca, todos nós passamos a conhecer e a sentir.
Como não têm coragem de assumir por inteiro o seu projecto ideológico, montaram todo este teatro, com vários actos e actores, para justificar o que é injustificável. E foi com este pano de fundo, que elaboraram um OE para 2012 profundamente ideológico, mas cujo resultado não engana. Um orçamento, que será a ruína do país e como muito bem diz o primeiro-ministro, fará dos portugueses mais pobres.
Quando este tsunami ideológico estiver implementado, Portugal, terá como fica claro no documento de estratégia orçamental, uma dívida pública superior à actual, um desemprego superior a 14%, serviços públicos minimalistas, uma pobreza crescente, uma economia em recessão e sectores estratégicos da economia portuguesa negociados, entregues e vendidos a qualquer preço e aos do costume, isto é: à mão invisível do poder económico.
Perguntar-me-ão: Então e o défice!... O défice?!... Talvez seja nessa altura inferior a 3 %, mas com um cheiro a bolôr tal, como já não sentíamos há quase quarenta anos. Isto é: Com um cheiro muito semelhante ao velho lema “Livro-vos da guerra, mas não vos livro da fome”, de “Santo Antoninho”…
Para compor o ramalhete, esta gente não se coibiu mesmo de rasgar o memorando assinado com a troika!... Renegociou a sua revisão à revelia dos partidos da oposição, construíu um Orçamento de Estado afrontando o Presidente da República, os partidos da oposição, os Sociais-Democratas que militam no PPD e pura e simplesmente, rasgaram a cábula que continha todas as promessas feitas aos portugueses, sacaram-lhe os subsídios, aumentaram-lhe os impostos, e ofereceram tudo em bandeja de prata ao capital financeiro, tal qual tinham prometido, quando da “apresentação” da segunda cábula, -a tal do servilismo a Berlim e à Comissão Europeia.
Perante este estado de coisas, nenhum democrata que se preze poderá viabilizar um monstro destes. Aqueles que o fizerem tornar-se-ão cúmplices da desgraça do país e dos portugueses. A maioria – mesmo contra a consciência e a vontade de muitos – poderá viabilizá-lo, aqueles que amam a sua pátria e estão ao lado do povo, jamais o poderão fazer. Nem por convicção nem por coisa nenhuma. A força do povo e da democracia irá prevalecer…