30 novembro, 2020

O CONGRESSO DO PCP

Em tempos de pandemia e ainda por cima em ambiente fechado, é claro que nunca poderia ser favorável à realização de um qualquer Congresso, fosse ele do PCP, ou de qualquer outra  força politica. Mas entre o não ser favorável, a sua efectiva realização – como aconteceu - e o facto do Governo ter o dever de o proibir, vai uma grande distância. E isto quer dizer o seguinte: quer dizer, que Rui Rio e todos os Partidos à sua direita, são demasiado inteligentes para “treslerem” a Lei, a qual, por acaso ou não, emana de um Governo de Cavaco Silva. E porquê?!... Porque sabem muito bem, que o Governo, o Presidente da República ou o Parlamento, nunca o poderiam impedir. E sendo assim, isto tem um significado: toda esta franja optou pela chicana politica, servindo-se para o efeito do erro comunista. Ora isto não é sério!... Ou seja: uma questão moral da responsabilidade de uns, jamais poderá ser confundida com questões de legalidade, que num Estado de Direito só poderá ser subvertida, através de um qualquer Golpe de Estado de cariz totalitário. É um facto, que os comunistas deveriam saber, que a solidariedade com a restante população que sofre com as restrições, assim como a elementar prudência, mandariam que adiassem o seu Congresso, tal qual fizeram  em relação a outros eventos PS, PSD e BE – e não o Chega que para apimentar a chicana, ainda se deu ao luxo de desconvocar um Conselho Nacional que nunca havia sido convocado. Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Tem isso sim um significado diferente!... Um significado de que o Chega é o melhor intérprete na arte do populismo franciscano, ao qual toda a direita, na qual se inclui o PSD, se associa como testemunhas de abonação. Ou seja: uma onda de populismo e uma campanha tão bem orquestrada e eficaz contra o Governo e o PCP, nunca vista em 46 anos de democracia, com a agravante de ter tido a bênção  de quem tem responsabilidades politicas acrescidas – como é o caso de Rui Rio, e pelos fascistas ressuscitados e organizados de forma demolidora nas redes da desonra em que tudo vale.

Eu sei que em política não há gratidão!... Mas como um dia referiu Sá Carneiro, “o que parece é” – e neste caso foi!...

Foi chicana politica ao mais alto nível, conhecendo-se como se conhece a letra da Lei. E sendo assim, o mínimo que se poderia exigir a esta gente, era pudôr nas atoardas, decência nos ataques, e alguma verdade que fosse no combate democrático – nada disso existiu.

Dito isto, pode toda essa gente esquecer os militantes comunistas que morreram nas masmorras da Pide; os combatentes que lutaram contra a ditadura; os torturados; os assassinados; os demitidos da função pública e deportados; podem esquecer até o seu sofrimento; o contributo do PCP para a arquitectura democrática; para o equilíbrio partidário da democracia oferecida pelo Movimento das Forças Armadas; podem esquecer a sua participação na elaboração da Constituição da República Portuguesa; a sua contribuição para a implementação do Serviço Nacional de Saúde pelo qual agora tanto clamamos e contra o qual votaram os agora “moralistas”; e podem até esquecer o seu contributo na organização sindical dos trabalhadores e no combate democrático para a sua defesa. O que não podem, é negar ao PCP ou a qualquer outro Partido, o direito de reunião e de serem eles – bem ou mal - a decidir. A moral não se impõe – pratica-se e toca a todos – ou devia tocar.

Uma coisa é certa: ao contrário de outros, aos comunistas, não conheço, depois da normalização democrática e já lá vão 45 anos, a mais leve tentativa de conquista do Poder pela via revolucionária; uma única proposta de lei contra a democracia e a Constituição da República, ou ainda, qualquer tentativa de desestabilização política clamando por uma IV República, para servir de embrião a actividades conspirativas.

Quando o silêncio mata e cada um de nós se cala, torna-se cúmplice de uma traição à democracia. A esta democracia que a pluralidade partidária mantém viva, mesmo nas horas amargas e incertas que estamos a viver. Pela minha parte “cantarei até que a voz me dôa”…

Viva a Liberdade

07 novembro, 2020

MONTALEGRE | O GOLPE…

 Os políticos assumem-se, os covardes pensam com as pernas…

Vamos lá chamar os bois pelos nomes!... Montalegre não é governado, como aconteceu no passado, por gente nomeada pelo regime salazarista, muito menos à custa da intimidação armada dos eleitores, em que a Oposição PPD/PSD no mínimo já foi perita. Será que já se esqueceram?!... Montalegre é sim governado e desde hà 30 anos, por quem o povo entende que o deva ser através do voto directo e secreto em urna, e em alguns casos até, com o apoio de figuras gradas do próprio PSD e dos seus Vereadores que votaram favoravelmente Planos e Orçamentos. E sendo assim desde hà 30 anos, é porque o povo não hesita em conceder-lhe o seu voto de confiança e em passar um atestado de incompetência à dita Oposição. E este, é de facto um problema para os arredados!... Um problema sim, mas que cabe a eles resolver, ao invés de reiteradamente continuarem a refugiar-se em desculpas de mau pagador e na falta de democracia. Recorrer a terceiros, seja através de programas de televisão para o efeito encomendados, seja a discursos de ocasião importados e concertados com evangélicos brasileiros que fazem de Salazar e Bolsonaro as suas bandeiras de estimação para “malharem” a governação que o povo consagrou, nunca será a solução, isso sim o problema. Um problema decorrente de uma táctica que confirma a tal incompetência que o povo lhe atribui e o esconder de acções e comportamentos de quem não as assume.  E já agora, porque não dizê-lo também, seria óptimo deixarem-se de rituais. “Desenterrar os mortos” para além do pecado, revela ausência de soluções. Dito por outras palavras: fazer bandeira de imagens fora de prazo, de discursos truncados e descontextualizados e de reacções públicas a uma distância de sete anos, gravadas por um canal local privado e rebuscadas na internet para servirem como arma de arremesso politico, é de um amadorismo tal, que não há palavras para o descrever. Será que ainda ninguém percebeu que tudo isso já foi politicamente julgado pelo povo em 2013 e em 2017, com duas estrondosas maiorias absolutas?!... Se esta é a táctica, bem podem mudar de treinador. Não há televisão ou encomenda, ainda que tenha eleito Montalegre como “bicho careto a abater”, que entregará seja a quem fôr, a chave do galinheiro – só o povo é soberano. Povo que não está de cócoras, muito menos é lambe botas como alguns tentam fazer crer. O povo não esquece o seu passado. Não esquece as razões porque milhares de compatriotas foram obrigados a fugir à única coisa que o país e a sua terra tinha para lhes oferecer até aos anos 80 e se resumia à pobreza, ao analfabetismo, à miséria, à escola facultativa, à mais elevada taxa de mortalidade infantil e à inexistência de serviços médicos e cuidados de saúde, que hoje ardilosamente alguns nostálgicos saudosistas procuram branquear. E não esquece o povo residente, nem esses tais que foram em busca de uma vida melhor e hoje se vêem  confrontados com a desconsideração e até a ameaça… Assim como não esquecem, que a tal fuga ao contrário daquilo que querem vender, se iniciou na década de 60, no tal tempo a que os desbocados televisivos chamaram  de “reino maravilhoso”, como se soubessem o que isso significa e se prolongou até aos anos 90. Era o tempo em que andávamos por cá 32.728 resistentes à desgraça que nos impunham. Era o tempo em que  passados 10 anos e já em 1970 passamos a ser 22.925. Era o tempo em que 11 anos depois, que coincidiram com os primeiros 5, dos 4 mandatos da governação do PPD/PSD, passamos a ser 19.403. E era o tempo, em que a diferença já abismal, aumentou em mais 3.939 almas nos 7 anos que se lhe seguiram, face à ausência de politicas de fixação que hoje tanto reclama. Feitas as contas, restaram então 15.464 resistentes. E isto tem um significado: um significado que se traduz no diferencial de 32.728 para 15.464, entre 1960 e os finais da governação PPD/PSD em 1989. De então para cá, agora sim nos últimos 30 anos - e esta é que é a verdade, saíram mais 4.927 almas e a população segundo o Census de 2011, fixou-se nos 10.537 indivíduos, números idênticos aos actuais. Ora sendo assim e ao contrário daquilo que a “calhandrice” argumenta, pergunta-se: quem promoveu e quem conteve afinal o surto migratório que atingiu a região?!... As evidências estão todas à vista e o que está à vista escusa candeia. Desiludam-se pois todos aqueles que apostam no quanto pior melhor!... O concelho não está em saldo e dispensa os “novos fariseus”. Felizmente e em todos os quadrantes políticos, gente existe ainda por cá, que sabe honrar a sua condição de Homem ou Mulher. Quanto aos oportunistas, que outra coisa não sabem fazer, que não seja colocar o concelho na lama, não  carecendo de açaime, que lhe seja distribuído um arganel que lhe fira bem os beiços ao refocilarem no esterco que eles próprios cavam.

Revista A Barrosana de 1 de Novembro 2020


06 novembro, 2020

 CONCELHO DE MONTALEGRE - O GOLPE FALHADO…

Aspirar à presidência de uma Câmara, será sempre um desejo louvável quando alguém se propõe defender um território e o bem estar da sua população. Pelo contrário, será sempre um acto censurável, quando para atingir tal objectivo, se atribui aos outros a indignidade própria, se fomentam intrigas e calúnias, e se fabricam factos de que só os “filhos do acaso” são capazes. Melhor exemplo: o sumo produzido por um programa como aquele que a RTP nos presenteou no passado dia 23 de Outubro e que à boleia dos do costume e pela enésima vez, de uma forma requentada, bolorenta e fora do prazo de validade, teima em achincalhar todo um concelho e o seu povo. Digam o que disserem, quando um programa pago com dinheiro dos contribuintes, se permite com declarações e imagens truncadas, deturpadas e descontextualizadas, humilhar uns para regozijo de outros, está tudo explicado. Assim como está explicada a forma ardilosa de protecção face à justiça dos delatores, ao importarem-se declarações desde o Brasil, proferidas por alguém, conhecido como um inimigo figadal dos visados e eterno evangélico salazarista e bolsonarista, para servir como escudo de protecção aos seus amigos que sem passado, têm fome de futuro. Amigos, que em vez de cumprirem com o seu dever civico, se arrogam em policias de aviário para manuseamento de factos para consumo público e promoção dos contactos para o efeito. E assim sendo, uma questão desde logo se levanta: com tantas certezas, porque razão não se assumem e se escondem por detrás daquilo que bolsam?!... Muito simples: porque fingindo apreço pela diferença, fazem da sua manifestação de força, a força da provocação que desejam. O seu único objectivo é apenas “ferir para matar” e para dessa forma ficarem com o caminho aberto para atingirem os seus objectivos.

É isto que é preciso denunciar!... As eleições autárquicas estão à porta e candidatos ao “pote” é coisa que não falta. Esquecem porém o mais importante: não serão programas de televisão encomendados, mesmo que servidos em doses venenosas, que lhe abrirão as portas do galinheiro. Preparem-se por isso todos aqueles que verdadeiramente puxam pela sua terra!... O conluio está montado, pronto para o arranque e para o desencadear do “assalto”. Um assalto - diga-se, que os seus promotores não irão abandonar, nem que para o efeito tenham que desenterrar as armas que outrora utilizaram para disputas semelhantes.

Hà muitos anos nestas andanças, nunca pensei assistir a tais demandas, designadamente, quando julgava estar na presença de pessoas livres e inteligentes, mas que infelizmente tenho vindo a constatar, que só a sua ruindade, ignorância ou má fé, podem conduzir a tanta mentira, à calúnia e ao rancôr que bolçam. Um verdadeiro emaranhado de comportamentos, que a menos que sejam do domínio da psiquiatria, não se compreendem na análise política. Sim, porque na politica não devia valer tudo, mesmo admitindo estarmos na presença de comportamentos bem orquestrados por quem não olha a meios para atingir os fins. 

Dito de outro modo: comportamentos, que podem não ter sido fadados pela inteligência, nem fazem da ética uma exigência, mas que somam à indigência mental e oportunista, a boçalidade de acusações que ultrapassam já a centena e meia de denúncias, todas elas desprovidas de qualquer acusação até ao momento. Gente, que seja quais forem as razões porque se ridiculariza, não é a população que procura esclarecer e ajudar, muito menos zelar pelos interesses do concelho, pelo qual nunca levantou uma palha. O que procura isso sim, é preparar o seu próprio terreno. Terreno, que temem possa fugir-lhe se não grunhirem barbaridades e se encolherem na desfaçatez, para que os julguem como pessoas de coragem, em vez de alguém a quem mingua o discernimento.

Desiludam-se!... O concelho não está em saldo, e se alguém pensa que os Barrosões ainda não sabem “comer de faca e garfo”, que se desengane. Sabem isso e muito mais!... Sabem até dos milhares que desde a década de sessenta, setenta e oitenta e não de agora – como pretendem insinuar, tiveram de fugir à pobreza e ainda hoje os procuram discriminar;  sabem do analfabetismo que então reinava;  da escola facultativa; sabem da mais elevada taxa de mortalidade infantil; sabem  da falta dos cuidados médicos e de saúde; sabem de quem ardilosamente procura hoje branquear toda essa época; e sabem também, que ainda existem por cá, em qualquer das áreas politicas, Homens e Mulheres de coragem, gente séria e capaz, que dispensam os “novos fariseus”. O que está à vista escusa candeia!... Nenhum Barrosão com orgulho de o ser, deixará de resistir à argúcia dos oportunistas, assim como saberão resistir a todos aqueles que não carecendo de açaime, precisam isso sim e pelo contrário, de um arganel que lhe fira bem os beiços ao refocilarem no esterco que eles próprios cavam.

A verdade não é irrelevante, e da razão não há por isso que ter receio. À justiça o que é da justiça e à politica o que é da politica. Que ninguém tenha pressa, caso contrário de tanto incharem acabarão por definhar…   

Crónica publicada no Planalto Barrosão 1/11/2020