Já
disse e repito!... Tanto se me dá que a “mãe” do alegado novo
imposto especial sobre imobiliário superior a um milhão de euros
seja a filha do Camilo, como o “pai”, algum filho ou neto de
Salazar!... É exactamente igual, apenas com uma ressalva: peca por
tardio.
E
a este propósito, não vou aqui falar dos “Robin dos Bosques”,
que agora resolveram arvorar-se em defensores da classe média. Pobre
classe média, se precisasse de tal “tralha” para os defender. A
sua receita é por demais conhecida dos trabalhadores por conta de
outrém, dos reformados e pensionistas, dos pequenos e médios
empresários, dos jovens, dos desempregados, e mais que ninguém dos
funcionários públicos. Portanto nada mais a dizer.
Do
que aqui se pretende falar, é de um tal senhor Rui Moreira – que
por acaso até é Presidente da Câmara Municipal do Porto, por se
ter “apresentado” como um dos defensores dos 8.618 milionários,
ameaçados pelo tal alegado novo imposto sobre as grandes fortunas, e
que o dito senhor designou de “saque” (ver Diário Económico de
18 Setembro).
Quer
dizer: Rui Moreira – o tal que diz que o Porto nunca se calará,
nunca abriu o bico em defesa daqueles que foram vitimas do maior
roubo fiscal de sempre, ao ponto de ocupar o primeiro lugar em termos
de impostos, entre os 34 países da OCDE durante os anos de 2014 e
2015. Agora, vem apelidar de “saque”, a tributação de um
imposto especial a milionários, quando se sabe que muitos deles não
pagam impostos, ou pagam-nos muito abaixo dos valores que deveriam
pagar, fruto da deslocalização das sedes das suas empresas para
onde mais lhes convém, ou da colocação do seu património pessoal
em nome de empresas com sede em paraísos fiscais, vulgarmente
conhecidos por offshores.
Mas
pergunta-se: o que terá este senhor a dizer, quando é o próprio
ex. Chefe da Direcção Geral dos Impostos a afirmar, que em
Portugal, “as 1.000 familias mais ricas – ou seja, as que
acumulam valores iguais ou superiores a 25 milhões de euros de
património, ou recebem 5 milhões de euros de rendimento por ano –
pagam menos impostos que a generalidade dos cidadãos”?!.... O que
terá o mesmo senhor a dizer, quando o dito ex.Chefe da DGI afirma,
que “em qualquer país que leve os impostos a sério, não é
concebível que esse grupo de cidadãos pague apenas 500 vezes menos,
do que seria suposto pagar”?!... E já agora, porque não dizê-lo,
o que terá Rui Moreira a dizer, sobre os recentíssimos relatórios
da Fundação Francisco Manuel dos Santos e da OCDE - Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Económico sobre o tema?!..
Será que os desconhece?!....
Descanse
o senhor Rui Moreira!... O autor desta linhas, não é daqueles que
pretende acabar com os ricos. Não - nada disso!...O que quer isso
sim, é que haja menos pobres. Deveria interiorizar o senhor Moreira,
que quem tem disponibilidade para saquear bancos e fazer ofertas de
milhões de euros, ou quem usufrui de rendimentos de milhões anuais,
também pode pagar mais um pouco a favor da comunidade e do país.
Sempre ouvi dizer, que onde todos ajudam, nada custa – ou custa
obviamente menos, mas esse parece não ser o pensamento do senhor
Moreira..
Dito
isto, surge porém uma pergunta: será que o dito senhor, estará
mesmo preocupado com essa gente milionária?!... Se calhar até está,
mas acima de tudo, estará muito mais preocupado consigo próprio.
No
“mundo global de hoje – tal como no de ontem - nada se perde,
tudo se transforma”. Desconfiado, fui à procura de informação e
o que é encontrei: nada mais nada menos, que uma noticia do jornal
The New York Times, que em manchete de primeira página, retrata o
Presidente da Câmara do Porto, como sendo o "rebento" de
uma das familias mais ricas do Porto, com estudos no estrangeiro, uma
passagem pela gestão da empresa familiar de transporte marítimo, e
investimentos em áreas tão diversas como uma discoteca, a
distribuição de vinhos no Brasil, e o imobiliário no Chile. Rui
Moreira chega mesmo a ser comparado pelo dito jornal norte-americano,
a Michael Bloomberg.
Perante
a comparação que segundo o jornal terá provocado o riso de Rui
Moreira, este não deixou porém de afirmar: "quem me dera ser
assim tão rico"!... Mas ainda assim, terá admitido que a sua
fortuna pessoal rondará os 10 milhões de euros, entre propriedades
e outros bens.
Então
se é assim, se não tem “despesas com passe social”; com
combustível nas suas deslocações diárias; com imposto automóvel
ou com a manutenção de veículos, tudo pago pelos contribuintes,
será que não poderia retirar do seu rendimento anual mais uns
“cobres” para pagar o tal imposto especial e mostrar-se menos
avesso ao mesmo?!... Será que a sua vontade de ser tão rico como
Michael Bloomberg - que é legitima – não poderia ocorrer de forma
mais moderada?!... Será que ainda não percebeu, que se os tais
8.618 que veio defender, pagassem o que deveriam pagar (como referiu
o tal ex.Chefe da DGI), até poderiam contribuir para que os 0,36%
que cobra de IMI aos municipes portuenses pudessem ser reduzidos e
assim desafogar as suas carteiras?!...
Dito
isto e dando o caso do senhor Moreira como exemplo, até podia dar de
barato que o património já foi taxado e que o capital que lhe deu
origem também. Mas entre o tributar mais e mais, quem ganha 600,
700, 1.000 ou 2.000 euros, ou quem tem património acima de um
milhão, que escolha deve ser feita?!...
Só
em 2014 e em 2015, a carga fiscal que atingiu as familias, foi
superior em 16,8 mil milhões de euros, comparativamente à suportada
pelas empresas durante o mesmo periodo. Dito de outra forma: segundo
os relatórios acima referidos - que hoje o senhor Coelho resolveu
vir contestar - enquanto o esforço fiscal imposto aos trabalhadores
por conta de outrém e aos reformados e pensionistas duplicou no
referido periodo, o mesmo esforço fiscal pedido às grandes empresas
estagnou, fixando-se nos valores do antecedente.
Será
que perante os factos se poderá chamar a isto equidade fiscal?!...
Para o senhor Moreira que é rico e tem parte das suas despesas pagas
pelos contrinuintes, parece que sim. Se tivesse que andar a pé, como
andam muitos dos seus municipes, porque não têm sequer dinheiro
para o passe social, certamente pensaria de maneira diferente. Haja
decência...