29 julho, 2017

A PROVA DOS FACTOS: OS OPORTUNISTAS POLITICOS VIVEM DO FOGO.

Apesar dos incêndios florestais continuarem a devastar o país, o incêndio de Pedrógão e a tragédia que então aconteceu, ainda estão bem presentes na memória dos portugueses. Tragédia, que deveria funcionar como um factor de unidade nacional, de reflexão crítica sobre soluções a adoptar no futuro, e de coesão em torno da tarefa de reconstrução emocional e material daquela região.
Porém e ao invés, a dita tragédia tem sido usada isso sim, como oportunidade politica por um conjunto de caceteiros e caceteiras, incapazes de conhecerem o significado da palavra "solidariedade" para com as pessoas, designadamente para com aquelas que mais estão a sofrer os efeitos dos incêndios, e porque não dizê-lo também, para com todos quantos estão no terreno a combatê-los.
O que tem sido dito por Passos Coelho e por Assunção Cristas, e depois repetido por alguns dos seus mais fiéis seguidores, é a maior aberração politica alguma vez vista em Portugal e revela a enorme mediocridade e insensibilidade desses dirigentes ambiciosos, que pouco ou nada têm para oferecer ao país.
Nunca por nunca o aproveitamento político de uma tragédia foi tão longe e tão miserável!... Desde a exigência da demisssão da Ministra da Administração Interna, passando pela queda de um avião que nunca caíu, pela tese dos suicídios inventada por Passos Coelho, pela insistência na revelação do número de bombeiros feridos, até ao recente ultimato para publicação das listas das vítimas e da ameaça de uma moção de censura ao Governo, tudo tem servido para insultar governantes e governados, com a repetida insinuação de que escondem a verdade aos portugueses.
Tem sido um vale tudo!... A partir de um simples boato, de uma declaração ou de uma notícia não confirmada que a comunicação social repete, repete, volta a repetir e amplifica acriticamente, Assunção Cristas e Passos Coelho têm-se revelado como dois oportunistas sem escrúpulos, de que não há memória igual.
Pegam nos microfones, e como se os portugueses tivessem memória curta e desconhecessem o mal que lhes fizeram quando foram subservientes à Tróika e andaram a vender o país a pataco, não hesitam ainda assim em tratar de aproveitar a terrível conjuntura do fogo florestal para servir os seus interesses pessoais e políticos.
É verdade que ninguém com bom senso poderá negar que a dimensão dos incêndios é preocupante e que têm que ser tomadas medidas drásticas para pelo menos atenuar os seus efeitos. Mas esse papel cabe a todos!... Cabe ao Governo, cabe a quem o apoia, cabe a cada um denós, e como é óbvio, cabe também à Oposição. Só que quanto a esta, bem cedo se percebeu que a tragédia iria ser objecto de aproveitamento político. E cedo se percebeu igualmente, que o "diabo" anunciado para o verão passado estaria para chegar, muito embora com um ano de atraso, ainda que no seu habitat natural - nas chamas do inferno em que o país se tornou.
A notícia dos suicídios dada pelo próprio profeta do "diabo", a que se sucedeu a inacreditável série de artigos publicados no jornal de direita espanhol El Mundo, vomitados e assinados por um cobarde virtual que dá pelo nome de Sebastião Pereira - que continua a monte sem que ninguém se preocupe muito em encontrá-lo, foi o prenúncio do que estava para acontecer.
É verdade que o Governo não tem feito apenas coisas boas!... Sabe-se que como qualquer outro Governo não está imune ao "pecado" e vários erros haveria a apontar-lhe. Porém, seria bom que os profetas da desgraça não fizessem dos portugueses ingénuos. Todos estes ataques políticos perpretados pela direita mais à direita desta III República, têm apenas um objectivo: a pretensão de a todo o custo, e “custe o que custar”, descredibilizar o Executivo e a maioria parlamentar que o apoia, sem se preocupar com o sofrimentos das pessoas. Esta é a Oposição dos SMS´s, das listas e afins. Nem o exemplo do Presidente da República os trava no seu alarido social!... Vivem politicamente do fogo, para o fogo e da desgraça de tanta gente.

Como muito bem disse António Lobo Xavier, um homem que toda a gente sabe ser um destacado membro do Partido de Assunção Cristas e membro do Conselho de Estado, o CDS e o PSD devem um pedido de desculpas ao país e aos portugueses pela conduta que ambos vêm adoptando.

26 julho, 2017

A DECADÊNCIA ÉTICA E OS INIMIGOS DA VERDADE!...ELES ANDAM POR AÍ.

Há sociais-democratas, particularmente aqueles a quem ainda resta o ADN do verdadeiro PPD/PSD, que certamente se sentirão envergonhados com a postura dos actuais dirigentes de um Partido que orgulhosamente ajudaram a construir. E sentindo-se envergonhados, não desdenhariam, se pudessem, em devolver ao “garoto” Hugo Soares – actual Presidente do Grupo Parlamentar, o dislate político de dar ao Governo o prazo de 24 horas para publicar a lista de mortos da tragédia de Pedrógão: " Haja respeito!… V. Ex.ª tem 24 horas para pensar seriamente na sua vida política”- diriam eles certamente.
Só que hoje, o PPD/PSD que foi, já não o é – e esse é que é o problema!... E não o sendo, o que está à vista de todos, é que perante factos tão esclarecedores, o actual PPD/PSD, depois do estrondoso falhanço neo-liberal, se encontra agora em plena transformação num Partido populista, salivando raiva contra a decência politica perante uma alegada suspeita, ainda que a mesma tenha como fonte toda e qualquer teoria da conspiração, noticias desprovidas de factos, ou afiançadas por quem falsamente diz conhecer mais vítimas para além das oficiais, numa espécie de um concurso mórbido do "quem quer ter um minutinho de fama que avance com mais uma vítima mortal". Uma vergonha...
Mas face a tais desmandos, a resposta da Procuradoria Geral da República foi pronta e aí está, confirmando não só aquilo que já se sabia – 64 mortos e um 65.º em averiguação, como também a inventona da estória de "mais mortes", a que o PSD oportunisticamente se agarrou para fazer uma cena, revelando a miséria moral da polítíca no seu pior.
Agora perante os factos, o que terá Hugo Soares a dizer, depois do “circo” que montou à volta de um assunto tão humano e triste?!... Possivelmente nada, a não ser “engolir o sapo e enterrar a cabeça na areia”. Certo é, que o povo português não deixará de avaliar quanto mal ficaram na fotografia este PPD/PSD e o seu líder parlamentar.
Como é possível que um Partido que se diz responsável e que exigiu a constituição de uma Comissão Independente, que tem como missão apresentar em determinado prazo um relatório sobre os acontecimentos; como é possível que um Partido que deveria estar a discutir políticas de prevenção - florestação, desertificação, demografia e movimentos migratórios, bolsas de terras e emparcelamento, biomassa - e de combate aos incêndios, designadamente no que diz respeito às estruturas e papel dos bombeiros, da Protecção Civil, e da responsabilidade das Comunidades Intermunicipais; das falhas de segurança do SIRESP e da eventual revisão da moldura penal para incendiários; como é possível que um Partido que deveria estar a discutir se as ajudas e os subsídios estão a chegar ou não às pessoas, às famílias, às empresas e comunidades, entre tantos outros assuntos, se estenda completamente ao comprido, com um jogo de politiquice do gato e do rato, à volta de um valor estatístico, que em nada valoriza ou menoriza a tragédia e a lição futura para o país em matéria de incêndios?!...

A grande verdade é esta: quando se procura o poder sem um projecto mobilizador, um programa para sufragar ou uma simples ideia construtiva; quando se espera que o dito Poder lhes caia nos braços à boleia do clube que se frequenta; e quando se fomenta a erosão do regime, o resultado só pode ser a decadência ética e politica. Exige-se por isso a quem se lhe opõe, que a desmascare sem a deixar à solta. O país agradece e os portugueses também…
Esta gente não presta…

24 julho, 2017

UM PSD CONTRAFEITO E SOBRE BRASAS...

A Oposição de direita está em brasa e doente!... Mais: pior do que isso, e em vez de curar as suas maleitas, resolveu pelo contrário utilizá-las para propagandear valores que há muito vimos varrer da Europa e do nosso país, com o claro intuito de obter para já mais uns votinhos, e quem sabe no futuro poderem servir também, como teste para outros vôos.
Dirão alguns, que estes são apenas umas andorinhas e que uma andorinha não faz a primavera. Não!... Estes não são apenas andorinhas. São pelo contrário os tais dissimulados que fazem a apologia do antigo regime, e se acoitam num Partido ao qual ainda chamam de social-democrata. E tanto assim é, que no caso do "Le Pen de Loures", o problema até poderia ter sido sanado rapidamente e não foi - o candidato pedia desculpa, e o Presidente do Partido demarcava-se claramente do discurso.Certo é, que depois do apoio dos fascistas do PNR, o primeiro ainda ensaiou um esclarecimento, mas quando percebeu que Passos o apoiava e que o seu populismo criava um ambiente aparentemente favorável à sua candidatura, rapidamente retrocedeu e insistiu no seu palavreado, como se em Portugal existisse uma questão judaica, baseada no principio de que toda uma etnia vivia de forma parasitária e se comportava à margem da lei.
André Ventura teve porém um mérito!... Mostrou a verdadeira face deste PSD, quando pela primeira vez um político da extrema-direita e que nele milita, assumiu claramente ao que vinha e quais eram as suas ideias. Hoje, já não restam dúvidas de que o sujeito  fala verdade, quando afirma que sente um grande apoio dos portugueses. Claro que sente, embora não da esmagadora maioria, como irá ficar provado quando da disputa eleitoral. Porém e até lá, se vier defender que os gays deviam ser capados, ou que Portugal devia exigir às ex-colónias que indemnizassem todos os que perderam as suas propriedades coloniais, se calhar não deixaria de conseguir ainda mais uns votinhos, o que diga-se em abono da verdade, se duvida pudessem resolver o seu problema e fossem suficientes para subir ao púlpito. Afinal de contas, apesar de não terem decorrido muitos anos, em que num programa de televisão que escolhia o maior português de sempre, o eleito tenha sido António de Oliveira Salazar, não foi por isso que os portugueses deixaram de viver em democracia.
Estes, são pois os jovens deserdados de valores, que se perfilam para liderar os Partidos da direita e mais tarde a Nação – claro está, se os democratas deixarem. E André Ventura é um deles. Sabe bem o que diz, porque o diz, e para onde quer ir. Para já, vai no sentido de interpretar o pensamento corrente de alguns sectores da sociedade que estão a ser contaminados por certos vírus partidários de cariz social, racista e étnico, e que inoculam cada vez mais vírus, em vez de procurarem antidotos para os eliminar.Depois logo se verá. No presente imediato, o alvo são os ciganos, àmanhã serão os africanos, depois os emigrantes, e depois ainda o que mais haja. Para esta gente da política feita às “três pancadas" e apologista daquele velho lema do "pão numa mão e pau na outra”, serão todos eles causa dos males sociais. Gente, que também não se inibe de se colocar à parte dos princípios que regem a sociedade portuguesa e a Lei Fundamental deste país que se chama Constituição da República, onde se refere que – (...) todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”, e onde (...) ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever, em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual” – e que ao colocar-se à parte, atenta também ela, de forma deliberada e consciente contra o Estado de Direito - (Cf. artigo 13.º da CRP) -, tal como atenta todo o tipo de marginalidade, venha ela de ciganos, pretos, brancos ou amarelos. Por muito menos, solicitou António Costa o afastamento do Partido Socialista do deputado europeu Manuel dos Santos.
Mas voltando ao tema em si, não foi por acaso que o dirigente do CDS-PP Francisco Mendes da Silva tenha afirmado, que já deseja que o candidato perca, e passo a citar: “Não há praticamente nada que André Ventura diga que eu não considere profundamente errado, ligeiro, fruto da ignorância e de um populismo que tanto pode ser gratuito, telegénico ou eleitoralista. Já o vi falar de tudo e mais alguma coisa, em muitos casos de assuntos que conheço técnica e/ou factualmente. Nunca desilude na impreparação e no gosto em ser o porta-estandarte das mais variadas e assustadoras turbas. Se perder, tudo bem: que nem mais um dia o meu Partido fique associado a tão lamentável personagem – Partido que posteriormente como se sabe lhe viria a retirar o apoio.
Infelizmente porém, este não é caso inédito!... Também em 2013, um elemento do PPD/PSD, Carlos Peixoto de seu nome, ao tempo deputado por este Partido, num artigo de opinião referindo-se ao aumento da população idosa, não hesitou em afirmar que “a nossa Pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha“. Quer isto dizer e citando Camões, que "se mais mundo houvera lá chegara" - isto é: que o PSD está de facto “minado”, que enquanto Partido social-democrata que foi, já não é, e que nele milita a pior direita, que pela vóz de alguns dos herdeiros ideológicos de famílias do passado, o levam a caminhar tendencialmente para a criação de fenómenos de ostracização e de exclusão de sectores da população. Descansem porém!... Quem resistiu no passado, resistirá no presente e também no futuro.

Em jeito de conclusão, direi apenas que a protecção de Passos ao seu correligionário da extrema-direita não aconteceu por acaso!... Se os resultados eleitorais vierem a favorecer esta opção, não me admirará que no futuro não venha a eleger Loures e a questão cigana como a bandeira de um Partido que à sua pála teve já o condão de entrar em decadência moral, e que no futuro se poderá acentuar ainda mais dando vóz aos “Trumps” e aos “Le Pen`s” cá do burgo. Depois do que se passou ao longo de quatro anos e meio da sua governação, dos apelos à vinda do diabo após ser arredado do “trono”, do aproveitamento politico da tragédia de Pedrógão Grande e da forma oportunista como abordou o assalto a Tancos, é de esperar tudo de um politico desesperado e sem escrúpulos na hora de conseguir “ressuscitar”.

20 julho, 2017

SERÁ QUE ESTA GENTE NÃO ENTENDE, QUE NEM SÓ OS CIGANOS "VIVEM À CUSTA DO ESTADO"!...QUANTOS CIGANOS RECEBEM SUBVENÇÕES VITALICIAS?!...

Ainda que à imagem de certos figurões que por lá gravitam o PSD possa parecer que não é nada, verdade se diga porém, que também  não é um Partido com cariz xenófobo!... Longe disso. Ainda assim, é precisamente esse o caminho escolhido por Pedro Passos Coelho ao apoiar o candidato Miguel Ventura, depois do dito ter proferido palavras racistas, caindo nas generalizações abusivas da praxe. Significa isto, que o apoio de Passos Coelho ao candidato à Câmara Municipal de Loures,  transforma o PSD num Partido que olha com bons  olhos para a discriminação racial. Ao apoiar um candidato que não só é racista como faz precisamente a apologia desta forma de discriminação, não pode ser considerado de outra forma. Mais um dia triste para o PSD, mas que creio vai servir-lhe como teste!... Ninguém nos pode garantir, que no futuro não venha a ser este o caminho considerado mais profícuo, para quem se encontra num asfixiante beco sem saída. Aparentemente é este móbil que sustenta um apoio tão obtuso.
De um modo geral, sabemos que esta liderança tem os dias contados, pelo menos até aparecer algum com mais um por cento de substância do que Passos Coelho, e claro está, menos desgastado. Sabe-se igualmente, que precisamente por essa razão e porque a insignificância passou a ser o horizonte, este líder e seus apaniguados estão dispostos a tudo, desde clamar pela vinda de entidades medievais, passando pelo aproveitamento político de desgraças e culminando naquilo a que a imaginação lhes permitir. O que não se sabia era até onde Passos Coelho estava disposto a ir para sobreviver. Agora sabe-se!... Está disposto a tudo, até no apoio a um académico ilustre, mas medíocre cidadão e execrável político, capaz de recorrer aos mais baixos instintos de um País que não se revê no cosmopolitismo e na diversidade de que o fascismo o preservou. O apoio de Passos Coelho ao defensor da prisão perpétua, é mais uma achega para o seu suicídio político. Só os fascistas do PNR o acompanharam. Para evitar um desastre nas eleições que se avizinham vale tudo, até incluir e aceitar um candidato racista perfilhando um populismo que está a fazer escola no outro lado do Atlântico.
E foi precisamente do outro lado que Passos Coelho foi buscar uma comparação. Há escassos dias o líder do PSD comparou António Costa a Trump. Muitos esboçaram um sorriso jocoso!... Mas menos piada terá esta revelação: afinal de contas Passos Coelho apresenta mais similitudes com Trump do que se esperava. Ao perfilhar e apoiar posições racistas como o inefável Presidente americano não se cansa de fazer. O desespero é isto, e ainda não vimos tudo.
Em jeito de conclusão e em abono da verdade, até se poderá dizer bem lá no fundo, que todos somos racistas!... Pela parte que me toca abomino os "gangues que delapidaram os bancos", os "ciganos que receberam comissões dos submarinos", os "esquimós que venderam as Águas de Portugal", os "árabes que privatizaram o sector dos transportes", os "beduínos que arruinaram os CTT`s", os "indianos que venderam os sectores de comunicações e energia", "os chineses que destruíram a CGD", os "índios que transformaram o País em reserva privada" e "os bandos de negros" que quiseram desmantelar o Estado, em especial, aqueles que cortaram salários e pensões e que excluiram os feriados do 1.º de Dezembro e do 5 de Outubro do calendário da Pátria. Mas desses, o tal Ventura e o seu chefe de fila que de venturosos têm “zero”, propositadamente ou não, esqueceram-se. Teremos por isso que lhes lembrar, que nem só os ciganos “vivem à custa do Estado”. Quantos ciganos recebem subvenções vitalicias e quem promoveu as privatizações que permitiu a toda a esta gente, fazerem-no também?!...

As subvenções recebidas pelos "ciganos": https://pt.scribd.com/document/321027960/Lista-de-beneficiarios-das-Subvencoes-Mensais-Vitalicias

18 julho, 2017

PPD/PSD | O PARTIDO QUE FOI, MAS QUE JÁ NÃO É…

Não tem nada que saber e não há como escondê-lo!... A principal razão para o afundamento é esta: nunca antes de Pedro Passos Coelho, o PSD se tinha encostado tanto à direita, tornando-se garantidamente um Partido neo-liberal na verdadeira acepção do termo, e por conseguinte totalmente afastado da sua origem e da sua prática social-democrata sempre reafirmada por líderes como Sá Carneiro, Mota Pinto, Fernando Nogueira ou Manuela Ferreira Leite entre outros.
Mas há também outras razões!... Para concretizar os seus propósitos de grupo, Passos Coelho não hesitou por um lado em aliar-se a Paulo Portas, e pelo outro, em deixar-se ficar refém de um pequeno mas eficaz exército defensor das ideias derivadas do capitalismo laissez-faire surgidas na década de 80, as quais surgiram um pouco a reboque do liberalismo clássico e que ainda hoje advogam e têm como fundamento as políticas de liberalização econômica, designadamente no que diz respeito a privatizações, austeridade fiscal, desregulamentação, livre comércio, e o corte de despesas governamentais a fim de reforçar o papel do sector privado na economia.
E com Passos Coelho à cabeça, se bem o pensaram, melhor os levaram à prática!... Uma vez chegados ao Governo, não hesitaram em levar a cabo um programa político radical de mudança no panorama económico e social, construindo soluções sob o lema de “menor Estado, melhor Estado”, vendendo as melhores empresas sem se preocuparem com a devastação da economia e a promoção da pobreza no país. Quem não se lembra daquela tirada de Marco António Costa – “ou tens eleições no país ou no Partido”, ou do slogan – “temos que empobrecer”?!...
Pois é, poderá até haver quem passe, ou finja passar ao lado, mas a maioria esmagadora do povo não esquece e muito menos perdoa.
E não perdoa, porque nos seus quatro anos e meio de Governo, Passos Coelho ladeado do seu escudeiro Portas e do seu "indefectível exército" que minara todo o espaço politico e o próprio Partido, para além de cumprir totalmente toda a cartilha neo-liberal Thatcheriana, não hesitou sequer em promover politicas que como é sabido íam para além das exigências da Tróika. E o mais curioso, é que não contente com tudo isso, se preparava ainda para levar por diante a fase seguinte do seu programa, que passaria nomeadamente pela reestruturação do sistema de pensões e reformas, acentuando e agravando ainda mais a guerra de gerações que ele próprio e o seu também “exército” geraram nos últimos anos, atacando “forte e feio a peste grisalha”.
Quem não se lembra?!... O povo esse certamente não esquece, mas a arrogância paga-se cara e com juros. É o que hoje acontece...
E a sêde era tanta, que mesmo quando perdeu as eleições - ou mais precisamente, quando não foi capaz de formar Governo após ser indigitado Primeiro-Ministro por Cavaco Siva, Passos Coelho continuou a fazer “finca-pé” na mesma direcção política, apenas condescendendo em ser mais lento na sua execução para tentar amansar o PS, fazendo lembrar aqueles maestros que a certa altura dizem à orquestra, “toquem lá isso outra vez, mas agora mais baixinho”. Passos, nunca percebeu, nunca fez por isso, ou simplesmente não quis perceber, que em Portugal, onde vigora o Parlamentarismo, o Primeiro-Ministro não é eleito, e que juridicamente umas eleições legislativas servem para eleger Deputados em cada círculo eleitoral para a Assembleia da República e não para eleger um Primeiro-Ministro.
E nunca percebeu também, pese embora se reconheça a personalização e o fenómeno fáctico dos chamados “candidatos a Primeiro-Ministro”, que esta figura não existe na nossa Constituição da República, e que igualmente nem sempre é verdade que o Partido mais votado forme Governo, bastando existir uma maioria de Partidos com um acordo pré ou pós eleitoral formando uma maioria parlamentar, para que tal possa ocorrer.
Mas mesmo assim, e quando percebeu que iria perder o Poder e ser remetido para a Oposição, Passos Coelho voltou a cometer mais um erro. Um erro, ao não hesitar mais uma vez em aproximar-se ainda mais ao CDS/PP, que havia feito o negócio do século, ao conseguir manter um Grupo Parlamentar sensivelmente igual ao que vinha de trás, em vez de voltar à dimensão de táxi.
Com esta táctica, acrescida da decisão de rejeitar sempre qualquer entendimento futuro com o Governo de António Costa, Passos Coelho voltou a radicalizar o PSD, acantonando-se totalmente à direita. A direita mais à direita que já se viu no Portugal desta III República, fundindo na prática o seu Partido com o CDS/PP, que é quem domina ideologicamente o tal espaço da direita em que se concentram hoje os dois partidos. As recentes atitudes xenófobas do candidato à Câmara de Loures que já levou o mesmo CDS/PP a retirar-lhe o seu apoio, ou os “vivas a Salazar", são a prova inequívoca de que a cartilha da “tralha” que impestou e impesta o Partido Social Democrata se mantém bem viva. É por isso que o povo não lhe perdoa…
Dito isto, é por isso manifestamente natural que toda esta estratégia de oposição sistemática e de rancôr, venha a ter continuidade nos resultados das sondagens que colocam o PSD nos níveis mais baixos de sempre e que ainda perdurarão durante um tempo razoável, o que quer dizer, que se António Costa souber consolidar-se e levar a água ao seu moinho - e já se percebeu que é pessoa para isso, engordará ainda mais, ao “comer as entranhas” dos desiludidos do Partido de Sá Carneiro, ganhando cada vez mais o espaço político do “velho PSD”.
Enquanto isso, e como forma de combate ao tal definhamento, ao PSD restar-lhe-à a sua reconstrução para voltar a ser o Partido verdadeiramente representativo de uma sociedade interclassista, em que sob o laranja e as setas simbólicas, se juntem quadros, trabalhadores, profissões liberais, gente da administração pública, da sociedade civil, jovens e velhos decididos a reformà-lo em nome do progresso, sem dividir e muito menos excluir.
Este é pois o caminho de quem tiver a coragem para desafiar o status em que o PSD foi enterrado, descaracterizado e despersonalizado nos últimos anos por um grupo que no seu interior, ou em nome de alianças espúrias, aniquilou e destruiu praticamente todos os seus valores.
O PSD tem de optar entre uma mudança, ou uma insistência no mesmo desvario neo-liberal. Se escolher a primeira via, retoma o seu papel matricial na sociedade portuguesa e alternará com o PS. Se optar pela segunda, terá verdade se diga, sempre garantidos menos que 25% dos votos que a última sondagem da Aximage lhe atribuíu e que não servirão para rigorosamente nada, a não ser que venda sempre a sua história ao desbarato e aceite qualquer papel.

O PSD jamais poderá seguir o percurso actual, servindo causas e interesses que nunca foram os seus!... Há outras vias e outros caminhos como aqueles de que fala o próprio Hino de um Partido - Pão, Paz, Povo e Liberdade…
A PROVA PROVADA PORQUE O PSD SE AFUNDA CADA VEZ MAIS NAS SONDAGENS, ESTÁ HOJE À VISTA DE TODOS...

A ARTE DE ASSUNÇÃO EM TRANSFORMAR POLITICA POSITIVA EM NEGATIVA...

Na sua ainda curta carreira política, a Presidente do CDS tem procurado ganhar a notoriedade de que precisa para ter votos, isto porque sem eles obviamente nunca mais chegará ao poder, muito menos terá o apoio dos seus colegas de Partido. Por isso tem tido uma vida um tanto ou quanto difícil, já que para além da vida político-partidária ser muito dura, é igualmente cruel para quem não vence. E a grande verdade é que a senhora não está a vencer, como as sondagens vão dando mostras.
Habituados a terem lugares - tachos e tachinhos - no aparelho do Estado, por fazerem parte daquela solução a que chamaram "arco da governação", os militantes do CDS desesperaram com a solução governativa de António Costa, não só pela natureza da sua consistência, mas também por verificarem, que por cada dia que passa, mais os afasta da esfera governativa e das benesses a que estavam habituados.
Hoje, o CDS está prisioneiro da sua pequenez e da falta de notoriedade e de currículo da sua líder. Então vai daí, a jovem e muito ambiciosa Cristas decidiu espalhar cartazes pela cidade de Lisboa com a sua fotografia associada ao slogan Política Positiva. Esperavam-se ideias e propostas bem diferentes do demagógico anúncio da criação de mais vinte estações do Metropolitano e de uma cidade onde a existência dos "sem-abrigo" fosse igual a zero. Só que propostas com consistência, nem uma para amostra. Depois da ligeireza de avançar para a presidência da Câmara Municipal de Lisboa, convencida que os seus antigos colegas do PSD a apoiariam, e falhada que foi essa jogada, Assunção Cristas está cada vez mais sózinha e já não convence ninguém com aquele slogan mentiroso d’A nossa Lisboa - aliás Cristas nem sequer é lisboeta.
Com a tragédia de Pedrógão, o roubo de Tancos e muitos outros incêndios, Cristas não perdeu a oportunidade e até já esqueceu a tal Política Positiva que fáz parte do seu cartáz de propaganda, substituindo-a pela Política Negativa ou do bota abaixo, que tem tido larga difusão nas televisões, onde aparece todos os dias, quase sempre a dizer disparates, a insultar António Costa e a dizer mal de todos e de tudo, o que mostra a sua ignorância relativamente ao nosso país.
De facto, há muitos problemas estruturais no nosso país, cuja resolução foi adiada durante muitos anos, incluindo os quatro anos e meio em que Cristas tutelou a floresta portuguesa e onde não deixou de colocar os seus correlegionários que ainda lá estão com os resultados que se conhecem e de que o SIRESP é exemplo, ao ignorar a auditoria de 2014, que apontava para a correcção de diversas anomalias.  Recomenda-se por isso à senhora, que tenha mais bom senso, que se lembre do que fez ou não fez quando governou, e que se deixasse da gritaria que nada resolve. Já ninguém tem paciência para a ouvir, designadamente pela forma lamentável como se aproveita desta tragédia para fazer política.

14 julho, 2017

PLAGIAR É FEIO SENHOR PASSOS COELHO...

O debate do Estado da Nação não foi brilhante para os partidos da direita, centrados apenas que estavam na ideia do enfraquecimento do Estado depois de Pedrogão e Tancos. Em bom rigor, ninguém estaria verdadeiramente à espera de um discurso brilhante por parte de Passos Coelho ou de Assunção Cristas, mas não era necessário plagiar, não era preciso chegar a esse ponto. Mas foi precisamente isso que Passos Coelho fez, ao socorrer-se de passagens de um texto colocado por Poiares Maduro nas redes sociais. Passos Coelho, copiou oito parágrafos de um texto do seu antigo Ministro.
Dir-se-á que esse facto não merece importância, que se trata de mais um exercício de crítica pela crítica e que tudo ficou em casa, tendo até em conta que Poiares Maduro foi Ministro do Governo de Passos.  Os seus apaniguados referem que se tratou de um contributo, e que aparentemente é natural que esses ditos contributos prescindam de qualquer referência ao nome do contribuidor.
Contudo, importa relevar que criticar Passos Coelho não é um desporto nacional. Trata-se pelo contrário, de sublinhar a importância que os Partidos da Oposição têm no actual contexto democrático.E sendo assim, será pois pacifico pensar que o país precisa de um outro líder da Oposição!... O país prescinde já de tanta mediocridade, que não necessita de alguém empenhado em aproveitar tudo politicamente, incluindo hipotéticos suicídios; o país prescinde de tanta mediocridade, que não precisa de alguém que recorra  ao ponto de copiar pura e simplesmente o que não é da sua autoria, sem sequer citar o autor. Este gesto do ex-Primeiro-Ministro, por muito inócuo que possa aparentar ser, não deixa de revelar toda essa mediocridade que inquinou a Oposição, inviabilizando os equilíbrios de que as democracias também se alimentam. Não!... Criticar Passos Coelho não é um desporto nacional. Nem tão-pouco é suficiente pedir mais do Governo enquanto se esquece a importância dos Partidos da Oposição. A democracia só tem a ganhar com esse escrutínio e com essa maior exigência. Passos Coelho mostra estar manifestamente aquém do que se exige do líder do maior Partido da Oposição. De resto, não se pode esperar muito de quem anseia pelo Diabo.
Ora é exactamente por tudo isto, que a direita não consegue estar de acordo com o país!... Quer demissões e os portugueses não querem. Quer novos Ministros e os portugueses não querem. Diz mal do Governo e a maioria do país não diz. Ataca a Geringonça e a maioria do país bate palmas a Costa. Em suma, com esta oposição António Costa pode dormir descansado por muitos berros que a direita dê em toda a comunicação social que domina e controla, mesmo a pública como a RTP, e a qual usa e da qual abusa de forma cada vez mais descarada. 

FRANÇA | 14 DE JULHO DE 1789 – REVOLUÇÃO FRANCESA COMEÇA COM A QUEDA DA BASTILHA EM PARIS.

A tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789, foi o dia da vitória do povo francês contra a monarquia e o início de uma nova era. De então para cá, a data passou a ser consagrada como o dia da liberdade e de festa da República Francesa. A história é já por demais conhecida!... O que não é assim tão conhecido, é que foram as respectivas consequências, que modelaram o pensamento moderno. O 14 de Julho é ainda hoje festejado em toda a França com toda a pompa e circunstância, e a herança do Iluminismo que daí adveio, constituíu-se como património de todos os cidadãos que se revêem nas instituições democráticas e republicanas.
República Sempre

- A HISTÓRIA
Os parisienses exasperados pelas restrições e o imobilismo do rei Luis XVI revoltam-se. À procura de armas, invadem  o Hôtel des Invalides e depois  dirigem-se à prisão da Bastilha. O governador De Launay que possui as chaves da fortaleza é forçado a entregá-las aos insurgentes. Todavia, certos revolucionários conseguem atravessar as muralhas e De Launay ordena que se abra fogo. Mais de 80 parisienses são mortos. No final da tarde, o governador capitula e uma hora mais tarde é fuzilado. A tomada da Bastilha em 14 de Julho de 1789 assinala o ponto de partida da Revolução Francesa, uma década de distúrbios políticos e terror, em que o rei Luis XVI foi destronado e dezenas de milhares de pessoas inclusive a sua mulher Maria Antonieta foram executadas na guilhotina. O símbolo do arbítrio real cai. O Antigo Regime vai chegando ao fim.
A Bastilha foi originalmente construída em 1370 como uma fortificação para proteger as muralhas de Paris contra um ataque dos ingleses. Transformou-se mais tarde numa fortaleza independente e o seu nome “bastide” foi mudado para Bastille. A Bastilha foi utilizada primeiramente como prisão estatal no século XVII e as suas celas foram reservadas para os delinquentes das classes abastadas, para os agitadores políticos e para os espiões. A maioria dos prisioneiros estava ali sem que houvesse um julgamento sob ordens directas do rei. Medindo 35 metros de altura e rodeada por um fosso de quase 3 metros de largura, a Bastilha mostrava-se como uma imponente estrutura no panorama urbano de Paris. 
Por ocasião do Verão de 1789, a França movia-se rapidamente em direcção à revolução. Ocorreu severa escassez de alimentos naquele ano e o ressentimento popular contra o governo do rei Luis XVI transformara-se em verdadeira fúria. Em Junho, o Terceiro Estado que representava a plebe e o baixo clero, declara-se em Assembleia Nacional e clama pela redacção de uma constituição. Inicialmente parecendo ceder, Luis XVI legaliza a Assembleia Nacional porém cerca Paris de tropas e demite Jacques Necker, um ministro de Estado popular que defendia abertamente as reformas. Em resposta, multidões começam a manifestar-se nas ruas de Paris comandadas por líderes revolucionários.
Bernard-Jordan de Launay, o governador militar da Bastilha, temia que a sua fortaleza pudesse ser alvo dos revolucionários, tendo solicitado urgentes reforços. Uma companhia de soldados mercenários suíços chegou em sete de Julho a fim de reforçar a sua guarnição de 82 soldados. O Marquês de Sade, um dos poucos prisioneiros da Bastilha à época, foi transferido para um asilo de loucos após a tentativa de incitar uma pequena multidão que se encontrava em frente à sua janela ao gritar: "Estão a massacrar os prisioneiros; vocês precisam vir e libertá-los." Em 12 de Julho, as autoridades reais transferiram 250 barris de pólvora para a Bastilha do Arsenal de Paris, que era muito vulnerável ao ataque. Launay trouxe os seus homens para dentro da Bastilha, erguendo as duas pontes levadiças.
Em 13 de Julho, revolucionários empunhando mosquetes começaram a atirar aos soldados que montavam guarda às torres da Bastilha e procuraram abrigar-se no pátio da fortaleza quando os homens de Launay passaram a responder. Naquela noite, multidões irromperam no Arsenal de Paris e outro depósito de armas e tomaram milhares de mosquetes. Ao amanhecer de 14 de Julho, uma grande multidão armada de mosquetes, espadas e diversas armas improvisadas começou a reunir-se em torno da Bastilha.
Launay recebeu uma delegação de líderes revolucionários, porém recusou-se a entregar a fortaleza e as suas munições como lhe era exigido. Mais tarde recebeu uma segunda delegação e prometeu não abrir fogo contra a multidão. Para convencer os revolucionários, mostrou-lhes que os canhões não estavam carregados. Ao invés de acalmar a agitada multidão, a notícia de que os canhões não estavam activos encorajou um grupo de homens a escalar o muro externo, chegar ao pátio interno e baixar a ponte levadiça. Trezentos revolucionários invadiram a fortificação. Os soldados de Launay assumiram uma posição defensiva. Quando a multidão começou a tentar baixar a segunda ponte levadiça, Launay ordenou que os seus homens abrissem fogo. Cerca de 100 manifestantes morreram ou ficaram feridos.
Num primeiro momento, o contingente de Launay mostrou-se capaz de conter e afastar a multidão, contudo mais e mais parisienses convergiam para a Bastilha. Cerca de 3 horas da tarde, chega uma companhia de desertores do exército francês. Os soldados, ocultados pela cortina de fumo de uma fogueira alimentada pelos manifestantes, posicionaram cinco canhões e assestaram como alvo a Bastilha. Diante da circunstância, Launay ergueu uma bandeira branca de rendição numa haste da fortaleza. Launay e os seus homens foram feitos prisioneiros, a pólvora e os canhões foram tomados e os sete prisioneiros da Bastilha, libertados. Ao chegarem ao Hotel de Ville, onde a prisão de Launay deveria ser ditada por um conselho revolucionário, o governador da Bastilha foi afastado dos seus acompanhantes por gente do povo e morto.
A Tomada da Bastilha simboliza o fim do Antigo Regime e proporcionou à causa dos revolucionários franceses um irresistível momento. Apoiados pela esmagadora maioria do exército francês, os revolucionários assumiram o controlo de Paris e a partir daí dos arredores, forçando o rei Luís XVI a aceitar um governo constitucional. Em 1792, a monarquia foi abolida e Luís XVI e sua mulher Maria Antonieta foram levados à guilhotina por traição em 1793.
Por ordem do novo governo revolucionário, a Bastilha foi derrubada. Em 6 de Fevereiro de 1790, a última pedra da odiada prisão-fortaleza foi apresentada à Assembleia Nacional. Actualmente, - o dia 14 de Julho – dia da Queda da Bastilha – é celebrado como o maior feriado de França. 

Fonte: Opera Mundi

13 julho, 2017

- O QUE NOS DISSE O DEBATE SOBRE O ESTADO DA NAÇÃO: AFINAL A “CRISE” MORA NO GOVERNO OU NA OPOSIÇÃO?!...

Decorreu durante toda a tarde de ontem na Assembleia da República, o debate sobre o Estado da Nação que coloca um ponto final nesta sessão legislativa.
Durante o mesmo, aquilo a que assistimos, foi por um lado, ao inequívoco apoio de PCP e do BE a António Costa e ao seu Governo assente no principio que governa para os portugueses e não apenas para alguns, e pelo outro, a um facto não menos importante que é o do clima de confiança reinante, que nos permite acreditar que no futuro próximo continuaremos a ter políticas que vão ajudar o povo a viver sem jugos e com esperanças num futuro melhor.
António Costa – como refere hoje a imprensa internacional, nem sequer precisou dos deputados socialistas para sair reforçado deste debate. E não precisou, porque no que à Oposição diz respeito, assistimos como já vem sendo hábito, a mais do mesmo: a um discurso populista de gente completamente desorientada, mal educada e sem o menor rasgo de clarividência e de propostas que visem um futuro melhor para o país e para os portugueses.
A tàctica foi simplesmente a do bota-abaixo, e o “campeão”- como não podia deixar de ser, foi o sempre cinico Luis Montenegro, quem sabe já a pensar noutras andanças, agora que irá ser relegado para as filas traseiras da bancada “social-democrata”.
Mas as contingências do “jogo” não se ficaram por aí!... Chamar “cobarde” a um Primeiro-Ministro, ou falar de assinaturas levianas de diplomas, esquecendo que foi Assunção Cristas quem admitiu ter assinado diplomas de cruz e sem ler enquanto "andava a banhos", só poderia mesmo sair da boca de quem porventura se tenha aproveitado do facto do bar da Assembleia da República ter estado aberto em permanência durante os trabalhos e em saldos.
Deixando porém para trás estes tristes exemplos, as estrelas da tarde, ainda que por motivos diferentes, acabariam mesmo por ser Assunção Cristas e Passos Coelho.
No que diz respeito à primeira - candidata à Câmara de Lisboa, deve ter aprendido (se a ganhar), que o simples facto de um qualquer municipe sair de casa, deixar a janela aberta e esta fôr assaltada, tal não é motivo suficiente para pedir a demissão do Chefe da Esquadra lá do do bairro. E o mesmo se aplica a Ministros!... Agora, desautorizada que foi, cabe-lhe o óbvio: apresentar uma Moção de Censura ao Governo tão depressa quanto possível para mostrar o que vale. Sob pena de ser considerada uma politica de "aviário", não lhe resta outra alternativa... 
Quanto ao segundo e como já vem sendo hábito, mais nada disse senão inanidades. Como sempre, o seu discurso apenas veio confirmar aquilo a que já nos habituou – navegação à vista.
Pior do que isso porém, foi utilizar um incêndio catastrófico e o roubo de material militar de um paiol, como armas de arremesso politico e presentear-nos com um discurso construído com frases rebuscadas na página pessoal de um seu antigo Ministro sem o citar.
É sobejamente conhecido, que Passos Coelho foi um “cábula” ao longo da sua carreira académica!... Porém, a um ex.Primeiro-Ministro e hoje chefe da Oposição, exige-se muito mais.
E assim vai o “reino da geringonça”, já com sêlo de garantia para mais uma sessão legislativa.

10 julho, 2017

. - EUROPEU DE FRANÇA AINDA MEXE!... VIAGENS GALP FAZEM "MOSSA" NO GOVERNO!...

Três Secretários de Estado pediram ontem a exoneração de funções do Governo de António Costa, uma vez que são suspeitos do “crime de recebimento indevido de vantagem”, em função do cargo que desempenharam.
A questão tem a ver com as viagens pagas pela Galp quando do Europeu de Futebol em França hà um ano!... Escrevi na altura, que o exercicio de funções públicas não se compadece com este tipo de situações, e que não compreendia as razões porque num evento como foi o Europeu de Futebol, a Galp tenha deixado de fora o Secretário de Estado dos Desportos, e convidado o seu homólogo dos Assuntos Fiscais, sabendo-se da existência de um litigio que ao tempo envolvia o Governo e aquela empresa por dividas ao fisco no montante de milhões de euros.
Hoje continuo a pensar do mesmo modo. Acredito que aceitar uma viagem para presenciar um jogo de futebol onde se discutia um título europeu, poderá ter sido uma imprudência de quem a aceitou, mas não foi certamente de quem a ofereceu. Não há “almoços grátis”, e os Secretários de Estado deveriam saber que para além disso “à mulher de César não basta ser séria - tem de parecê-lo”. E por uma razão simples: é que a ética republicana, para além de ser incompatível com a “aceitação de almoços”, o acto dos Secretários de Estado é também politicamente censurável.
Embora estejamos perante pessoas de excepcional competência técnica, particularmente Fernando Rocha Andrade, com quem privei quando da sua passagem pelo M.A.I., uma vez constituídos arguidos não lhes restava outra alternativa que não fosse o pedido de exoneração. Agora, caberá aos Tribunais decidir se há lugar ou não a sansões penais, embora com a certeza de que neste mundo para além de não haver insubstituíveis, de heróis estão os cemitérios cheios. António Costa saberá encontrar as soluções que mais interessam ao país e ao seu Governo.
Num àparte, o que não deixa de surpreender é a investigação tardia de um acto público ao tempo amplamente divulgado para que os alegados “prevaricadores” tivessem sido constituídos arguidos.
E surpreende ainda mais, o tratamento dado a este caso, comparativamente a outros que agora não cabe agora referir, mas que pelo menos os mais atentos a estas coisas da politica e aos meandros que a envolve conhecem.
Se estamos perante uma mudança de paradigma, ainda bem que assim é!... Se pelo contrário se trata de uma coincidência temporal com a campanha orquestrada pela direita salazarenta que prolifera aquém e além-fronteiras contra o actual Governo, então o azar chegou a dobrar.
Dito isto, será pois pacifico pensar, que a Justiça está agora também sob escrutínio.

TANCOS E A ENCOBERTA DIREITA MILITARISTA...

A Direita mais fervorosa e fossilizada resolveu reaparecer à volta da questão de Tancos e aproveitar a oportunidade para atacar tudo e todos a começar pelo 25 de Abril.
O ex-militar Brandão Ferreira -  e vou ignorar o posto que abandonou em 1999 para se dedicar às companhias áreas de charters - escreveu uma carta aberta a quem ocupa a função de CEME link onde tráz ao de cima tudo o que representa o enfeudamento da Direita militarista, que venera os condestáveis - sejam santos ou pecadores - e se encafuou na caserna, dedicando-se à malograda tentativa de ressuscitar um passado epopeico, reaccionário, colonialista e passadista, pululado de falsos valores e de um indeclinável patrioteirismo.
Brandão Ferreira tem aliás currículo afirmado nesta matéria de “insultos” e “difamações”!... Todos se devem lembram do soez ataque a Manuel Alegre candidato às presidenciais de 2011 link. que lhe valeu  uma condenação 25 mil euros de indemnização ao poeta socialista e ex.deputado, de traição à Pátria. 
Isto para dizer, que todas as situações, ocorrências ou dislates - que os há - e das quais Brandão Ferreira discorde ou não encaixam no seu ideário são automaticamente classificadas como traição à Pátria. 
Este homem, é dos tais que parece ter a Pátria no seu bolso e saca-a como se fosse uma pistola à mínima contrariedade. Mas acima de tudo é um serôdio adepto daquelas máximas salazarentas: “… a pátria não se discute”.
A gongórica carta–aberta de Brandão Ferreira é um verdadeiro manancial, e contém pérolas dignas de um verdadeiro museu de horrores. Desde ver o roubo de Tancos e o apuramento das suas condicionantes como um regresso ao PREC, até à insinuação de estar perante alguém sem moral nem princípios e a sugestão que as chefias militares estão envolvidas em conluios partidários e negócios obscuros, mostram o seu carácter. O recuo histórico tende a acantonar-se na ditadura onde reside a matriz do pensamento do seu autor e só lhe faltou invocar a velha expressão fascista de justificar todas as ocorrências como sendo a expressão daqueles que estariam a soldo de inconfessáveis interesses estrangeiros.
Na realidade, a autoridade reinante na ditadura e incensada pelos chefes e sequazes, não impediu por exemplo, o assalto ao quartel de Beja. Só que - neste caso - as chefias militares ficaram de fora da resposta à humilhação de então. A investigação e a feroz repressão foi entregue à PIDE e a hierarquia militar aceitou essa intromissão sem manifestar a mínima humilhação.
A situação ocorrida em Tancos começa nos quartéis mas não está confinada, nem se resume, a ser um assunto de caserna. A segurança é um assunto nacional de extrema relevância e diz respeito a todos os cidadãos e caiu na praça pública. Durante quase meio século, este alcance e estas características foram reprimidas, e agora quando voltam a entrar no domínio público os carrascos de então - ou os seus defensores - voltam à carga.
O material roubado em Tancos é uma porção de património nacional adquirido com dinheiros públicos e cuja guarda foi confiada a forças militares. O problema está aqui.
Usar as circunstâncias decorrentes de uma grave ocorrência, ainda longe do cabal esclarecimento para desestabilizar o regime democrático é um aproveitamento vil e oportunista. Resta perguntar utilizando a metodologia de antanho que se encaixa no personagem: a soldo de quem?!...
Na verdade, no tempo da velha senhora, invocado amiudadas vezes pelo autor da carta-aberta nos seus escritos, a autoridade das chefias não podia ser discutida em público e muito menos livremente.  Mas agora são possíveis todas as atoardas. Inclusive a de um ex-militar que abandonou as fileiras há 18 anos e agora se arvora na parada das vaidades, como credenciado conhecedor  do estado anímico das Forças Armadas e a partir daí passa a especular quem tem confiança em quem.
Quando Brandão Ferreira reivindica a liberdade de expressão adquirida com o 25 de Abril - como fez no caso Manuel Alegre - deveria carregar no mesmo bornal os deveres que a democracia impõe.

Sem querer ir mais longe - como a situação em investigação o exige - solicitaria por isso ao ex-militar para começar, um mínimo de decência, isto é, o exercício do dever de urbanidade.

07 julho, 2017

CUIDADO COM OS OPORTUNISTAS!... ELES ANDAM POR AÍ...

O incêndio de Pedrógão e concelhos limítrofes, e o roubo de Tancos foram factos muito graves que têm provocado enorme pesar e um justificado alarme na sociedade portuguesa.
A onda de solidariedade que se gerou em torno da tragédia dos incêndios e a apreensão sobre as circunstâncias em que aconteceu o roubo em Tancos, têm assim marcado o nosso quotidiano e uma agenda politica onde quase todos querem saber o que realmente se passou.
Depois de muitos meses de euforia económica e de descontracção social, estes dois momentos foram autênticos murros no estômago que assolaram o país. Hoje porém, já ninguém tem dúvidas que quer num caso quer no outro, houve coisas que não correram bem e que têm e devem ser totalmente esclarecidas; que quer num caso quer no outro, há coisas em que todos os Governos desde hà muitos anos a esta parte, deram o seu contributo para que estas sinistras ocorrências se tivessem verificado; e que ninguém terá igualmente dúvidas – a não ser por má fé, que os Ministros que tutelam as Instituições envolvidas fizeram o que podiam fazer.
Que se saiba, a Ministra Constança não ateou qualquer fogo, não lhe compete “prender o bandido”, substituir-se às estruturas do SIRESP, às do Instituto do Mar e da Atmosfera ou à ordem de operações emanadas da Autoridade Nacional da Protecção Civil.
Porque tudo se passou em áreas sob a sua tutela, cabe-lhe agora isso sim enquanto Ministra tirar as devidas ilações. “Fugir”, deixar tudo na mesma e virem outros para demitir a seguir, seria a opção mais fácil!... Ficar e chamar a si a responsabilidade, alterar o que tiver que ser alterado, é pelo contrário um acto de coragem politica.
Quanto ao Ministro Azeredo, levantam-se várias questões!... Terá sido ele a furar alguma vedação?!... A não ordenar a deslocação de sentinelas para junto dos paióis?!... A estipular rondas com intervalos de 20 horas, sabendo-se que o sistema de vídeo-vigilância se encontrava inoperacional?!...
Ontem no Parlamento, o Chefe do Estado Maior do Exército “respondeu” a isto tudo!... A tudo que j´não era segredo para ninguém, e de que aqui dei conta em textos anteriores: a “SITUAÇÃO REFLECTE UM PROBLEMA DE COMANDO E ERROS ESTRUTURAIS INADMISSÍVEIS QUE SÓ PODEM SER ASSACADOS AO COMANDO” – afirmou o senhor.
Claro que estas declarações não deram jeito nenhum à Oposição!... Ser o Chefe do Estado Maior do Exército a afirmar que as responsabilidades são militares e não políticas, que as culpas devem ser apenas assacadas às estruturas militares intermédias e que as falhas na vedação e da vídeo-vigilância não justificam um furto desta dimensão, caíu junto daqueles que apostam no “tudo quanto pior melhor”, como um balde de água fria.
Mas estas declarações chamam-nos também à razão para outra coisa que é a seguinte: para a prova, de que a “chefe” do CDS Assunção Cristas disparou numa histeria sem pudor, não tendo procurado outra coisa senão fazer sangue no Governo e até no seu adversário directo. Adversário directo, que embora sem a histeria desta “politica de aviário e feita à pressa” e que quer governar Lisboa, também não se cansou de atacar o Governo e dar mostras à oposição interna, de que afinal existe. Tudo gente que resolveu chafurdar na politica, e para quem aquilo que aconteceu não parece ter sido uma tragédia, mas tão só uma oportunidade politica para fazerem a sua prova de vida.
Ao invés de se lembrarem dos que sofreram e do que é preciso fazer para os ajudar, a palavra de ordem era demitam-se!... Só faltou mesmo pedir a demissão do Presidente da República, que garantiu ter sido feito tudo o que era possível ser feito, e de Pedro Passos Coelho que não ligou patavina ao relatório da auditoria da KPMG ao sistema SIRESP em 2014 identificando as falhas, que meteu os pés pelas mãos e estas pelos eucaliptos, e que se apressou a cavalgar a tragédia acrescentando-lhe suicídios soprados por um correligionário, um dinossauro autárquico em trânsito pela Santa Casa lá do sítio, em tempo de fazer tempo para fintar a lei, e regressar em Outubro ao poiso.
A isto chama-se chafurdice, oportunismo e politica de esgoto!... Porquê este desregramento e esta histeria dos líderes da Oposição que ao verem o adversário político e o país debilitados pela tragédia, os esmurram e pontapeiam para colher dividendos, como se o que agora aconteceu não fosse também da sua responsabilidade política?!...

Desta vez sim temos que admiti-lo, o diabo chegou. E como chegou a palavra de ordem é, demitam-se. Mas demitam-se todos e venham outros para demitir a seguir. Quem ficar para trás que feche a porta…

05 julho, 2017

TANCOS E OS GENERAIS - A INVENTONA FALHADA!...

Um conjunto de oficiais, ao que parece próximos dos cinco comandantes exonerados na sequência dos acontecimentos em Tancos, desmarcou o protesto que haviam agendado e se propunham aparecer fardados em frente à Presidência da República, num acto de pura insubordinação pública e num intolerável desafio às instituições democráticas. Após a desmarcação, ouvi dos bonzos do costume, o elogio ao patriotismo por a coisa ter sido interrompida. Patriotismo?!... Só o facto destes oficiais terem tornado pública uma iniciativa, que caso fosse preparada pelos seus inferiores hierárquicos os levaria a usar a sua mão pesada para repôr a disciplina, é para mim assombroso.
A exoneração dos cinco comandantes, é do meu ponto de vista uma fuga para a frente do Chefe de Estado-Maior do Exército. É a ele que cabe a demissão, responsabilizando-se por uma falha operacional inaceitável. Se era contra a decisão de Rovisco Duarte e a sua manutenção no lugar que estes oficiais se queriam manifestar, poderiam ter razão, mas assim estaríamos perante um levantamento militar contra o superior, o que só poderia ter consequências disciplinares severas. Mas os oficiais esclareceram que não!... Numa carta que parece uma postagem de Facebook, as acusações vão como não podia deixar de ser para “os políticos”. E se é contra os “políticos” a malta aplaude – terão pensado. É que sendo assim, lá estarão aqueles que servem para assumir a “responsabilidade política” para ninguém ter de assumir a responsabilidade real.
Só que a realidade é bem diferente!... Os oficiais não têm qualquer legitimidade para protestar. Pelo contrário, o Exército deve isso sim um pedido de desculpas ao país por ter falhado na mais básica das mais básicas das suas funções. Primeiro mostrem algum sinal de vergonha perante o que aconteceu e só depois a indignação
Sendo para mim muito desconfortável ler cartas de militares a contestar o poder civil a quem devem obediência – pôr em causa esta obediência é historicamente o primeiro passo para pôr em causa a democracia.  Sou obviamente sensível à queixa de falta de meios dos militares, dos policias, dos bombeiros, dos médicos, dos professores ou dos enfermeiros. Há muito que defendo que a obsessão com a contenção nas contas públicas e no emagrecimento do Estado, tão elogiada por aqueles que hoje cinicamente se colocam ao lado destes militares, levaria ao colapso dos serviços públicos. Mas poupem-nos do Bloco ao CDS, passando por oficiais anónimos, à conversa da austeridade para explicar o assalto de Tancos. Não há contenção na despesa que explique tamanha incúria. Não há cortes orçamentais que expliquem uma falha desta magnitude. A austeridade é um crime, mas tem por vezes as costas largas. E parece ser uma excelente forma de atirar a falha de cada um para as costas do Ministro que estiver mais à mão.
Neste preciso momento, os oficiais não têm qualquer legitimidade para protestar... Pelo contrário, o Exército deve um pedido de desculpas ao país por ter falhado na mais básica das mais básicas das suas funções. O que o país precisa destes militares não é de oito páginas de paleio pseudo-patriótico para justificarem o cancelamento do que seria um vergonhoso acto de indisciplina. O país precisa de explicações muito claras sobre o que aconteceu em Tancos e só o Exército as pode dar. Talvez o facto de uma manifestação de militares fardados numa democracia consolidada ter passado pela cabeça destes oficiais ajude a explicar a balda instalada e este assalto tão absurdo que me parece mal contado.
Seguramente os portugueses serão solidários com as queixas dos militares perante os cortes absurdos que se continuam a fazer nos vários sectores do Estado, da saúde à educação, da segurança social à defesa. Desde que isso não sirva para o Exército atirar para longe as suas próprias responsabilidades. Primeiro expliquem-se, depois protestem. Primeiro mostrem algum sinal de vergonha perante o que aconteceu, só depois a indignação.


Dito isto, é hoje líquido que a manifestação dos Generais indignados, não passou de uma inventona que os media alimentaram até à exaustão.

04 julho, 2017

- TANCOS | ONDE PÁRA A SENTINELA?!...

Assunção Cristas descobriu a “pólvora”, fez o julgamento, a festa e deitou os foguetes. Julguei que a senhora tivesse já aprendido alguma coisa perante situações análogas, algumas das quais ocorridas na vigência do Governo de que fez parte, mas nâo!... Cristas não aprendeu nada, e resolveu descer politicamente ao nível do esgoto.
É verdade que cada vez estamos perante mais crimes, mais criminosos, mais irresponsáveis, mais gente "de topo" com brutas mordomias a mostrar escandalosamente que não cumpre o seu dever, e que até nos envergonha como povo e nos ensombra a democracia. Porém, não é com atitudes demagógicas e populistas que podem servir para tudo, menos para a salvaguarda do país e para o clima de segurança que fazem de Portugal o terceiro mais pacifico do mundo, que se resolve o problema.
O “desvio” de armas de guerra, são de facto um sinal de que “a segurança começa a estar em crise”, mas isso não significa que seja um assunto que deva ser tratado com falta de seriedade e com a ligeireza com que Assunção Cristas o tratou, designadamente com o facilismo da demissão de Ministros.
Mas vamos então falar seriamente neste caso!... Na última semana, três dos cerca de vinte - repito, cerca de vinte - paióis com material bélico foram assaltados em Tancos. O que foi possível apurar de então para cá, em relação ao assunto?!...
Foi possível apurar, que dos três paióis haviam sido furtadas 44 lança-granadas; quatro engenhos explosivos prontos a detonar; 120 granadas ofensivas; 1.500 munições de calibre 9 milímetros e 20 granadas de gás lacrimogéneo. Dizem-nos também, que não havia vídeo-vigilância há cerca de dois anos e que a ronda aos ditos paióis foi intervalada com 20 horas de diferença.
Outros factos!... Tendo em conta a especificidade do furto e a tipologia do armamento furtado – quantidade, peso e volume – impõem-se desde já mais algumas perguntas: será que tal furto teria sido possível, sem que tenha havido "colaboração" interna ou fugas de informação, àcerca do referido material e especificamente dos paióis onde o mesmo se encontrava em depósito?!...
Qual o tempo decorrido entre o último inventário e a data da ocorrência?!...
Porque razão, na ausência da vídeo-vigilância, as sentinelas não foram reforçadas – e porquê?!...
Justificará a ausência da vídeo-vigilância o furto?!...
Será que o armamento furtado terá passado pelo tal "buraco da agulha" existente na rede de protecção?!...
E porquê, a guarda aos paióis, como refere a imprensa de hoje, ser feita com armas sem munições - para fazer de conta?!...
Até agora tudo incógnitas, menos para a deputada Assunção Cristas e outros da sua “laia” que já sabem tudo, e por isso não hesitaram na “guerra” de pedirem a cabeça de dois Ministros, juntando à fome a vontade de comer.
Nada que não seja useiro e vezeiro em Portugal!... Infelizmente, vai-se generalizando o hábito entre a classe política, de sempre que existe um problema de maior gravidade em qualquer área ou sector, se levantar um coro afinado de assobios, clamando pela demissão do, ou dos responsáveis dessa mesma área ou sector.
Chamam a isto, o assumir da “responsabilidade politica”!... Mas que raio é isso da responsabilidade politica?!... Será a fuga prá frente?!...
Tenho muita pena, mas jamais poderia estar de acordo com isso. E porquê?!... Porque difícil e até cómodo, não é ser demitido ou demitir-se e ir à sua vida, descartar responsabilidades e entrar no limbo do esquecimento. Dificil mesmo, é pelo contrário ficar, assumi-las e enfrentar o “boi”.
Como tantas vezes tenho escrito, as eventuais responsabilidades devem ser apuradas até ao tutano e a culpa se a houver, nunca poderá morrer solteira no reino da impunidade. Para a Justiça não pode haver “vacas sagradas”!... E não as podendo haver, é exactamente por isso, que ao invés da cobardia politica assente na demissão, que a vontade de se verem apuradas todas as responsabilidades - doa a quem doer, fáz os Homens corajosos.
Em contraste e curiosamente, há quem opte pelo coro que exige demissões para alimentar a espuma dos dias, uma característica aliás, do pantanoso estado em que navegam alguns dos nossos políticos que fazem parte daquela pequena política do Portugal dos Pequeninos.
Assunção Cristas é uma dessas e por isso saíu “borrada” – nada que aliás não merecesse. Talvez venha a perceber daqui para a frente, que os 3,5 % da sondagem pedida e mantida no segredo dos deuses não justifica tudo.

Difícil quando algo corre mal é ficar, lidar com as consequências, aceitar escrutínios independentes sobre o que aconteceu e correu mal, e finalmente - então assim, se for caso disso, demitir-se quem tiver de ser demitido. Cristas, colocou o “carro à frente dos bois”…

01 julho, 2017

1 DE JULHO DE 1867-2017 |150 ANOS DA ABOLIÇÃO DA PENA DE MORTE EM PORTUGAL E O RETRATO DO PAÍS À ÈPOCA…

. 15 de Abril de 1842: o alto cadastrado Francisco de Matos Lobo é enforcado em Lisboa, por quádruplo homicidio na Rua de São Paulo também na capital.

. 7 de Setembro de 1844: Manuel Moutinho Pereira, conhecido por "Manuel Custódio", é enforcado na Rua da Cordoaria no Porto, quando tinha 24 anos de idade e havia sido condenado por ter assassinado dois homens e uma mulher.

. 17 de Setembro de 1844: é chegada a vez de José Fernandes Begueiro natural da aldeia de Codeçoso da Venda Nova cumprir igual pena, no patíbulo previamente montado na Praça do Toural em Montalegre, por duplo homicídio próximo da Venda Nova, deste concelho.

. 8 de Maio de 1845: no lugar de Vila de Rua, do concelho de Sernancelhe, Manuel Pires, com a alcunha de Pires da Rua, conhecido assassino e salteador, é também vitima de enforcamento.

. 19 de Setembro de 1845: no Campo do Tabulado em Chaves, José Maria, também conhecido pelo “Calças”, é o última vitima va pena de morte em Portugal, também ocorrida por enforcamento.

. 5 de Julho de 1852: é abolida a pena de morte para crimes políticos - artigo 16º do Acto Adicional à Carta Constitucional, sancionado por D. Maria II.

. 1 de Julho de 1867: abolida finalmente a pena de morte para crimes civis.

E como era então Portugal há 150 anos, quando da abolição da pena de morte?!...
Era a época da transição entre o absolutismo, a República e um país muito violento. Era a época em que se aprovara o primeiro Código Civil, uma Reforma Administrativa territorial, e em que era criada a Polícia Cívica. Passavam então 47 anos desde a revolução liberal de 1820; 33 desde a guerra civil entre liberais e miguelistas e a abolição da propriedade feudal, e 21 desde a revolta da Maria da Fonte.
Para o regicídio faltariam 41 e para a implantação da República 44. A situação política era então muito instável!... No ano seguinte, o Governo dirigido pelo jurista coimbrão Joaquim António de Aguiar, foi derrubado pela Janeirinha após um protesto contra o imposto de consumo e a Reforma Administrativa do território consubstanciada na Lei da Administração Civil de 1867, que extinguia vários concelhos.
Em apenas uma década, ocorreram então sete eleições legislativas!... Apenas escaparam ás mesmas, os anos de 1862, 1863 e 1866. Nas de 4 de Fevereiro de 1867, saíu vencedora a Oposição - era mesmo assim que se chamava o Partido. Os votantes habilitados eram apenas 366.448, menos de 10% da população.
Esta, de acordo como o Censos de 1864, somava quatro milhões e 200 mil "almas" e era maioritariamente rural. Mais de 88% vivia no campo e 80% era analfabeta e muito jovem. 34% dos habitantes no país tinham menos de 15 anos e apenas 7% ultrapassavam os 60. A maioria nascia, vivia e morria muito cedo e no mesmo lugar. As viagens, mesmo no território nacional eram raras. Os caminhos-de-ferro estavam então em expansão!... A primeira linha Lisboa-Carregado, tinha apenas 11 anos e construía-se a de Lisboa-Porto, que viria a ser inaugurada 10 anos mais tarde em 1877.
A alternativa residia no barco, mas a maioria das viagens era feita em veículos de tracção animal, enfrentando o perigo dos salteadores, dos quais se destacam o Zé do Telhado e João Brandão como os mais famosos.

- SETE VEZES MAIS HOMICIDIOS QUE HOJE!...
Portugal era - como o retrata o mais popular escritor da época Camilo Castelo Branco, um país violento e muito inseguro, no qual a taxa de homicídio - quarto crime então mais denunciado, era sete vezes superior à actualjdade. Aliás, os crimes contra as pessoas, com relevo para o de ofensas corporais, que estava então no top, ultrapassavam em muito, ao contrário do que se passa hoje, as denúncias de crimes contra a propriedade. Mesmo assim, muito do que hoje é crime, passava por actos normais.
O primeiro Código Penal, aprovado 15 anos antes em 1852 - outro existira mas nunca chegou a entrar em vigor, estabelecia o suicídio e o adultério feminino como crimes, tal como as ofensas à religião oficial - a católica, e a oposição ao regime – por exemplo gritar "Viva a República". Mas não criminalizava a prostituição!... Tal só viria a ocorrer um século depois em 1963 e descriminalizada no pós-25 de Abril. Por outro lado, este Código consagrava os "crimes de honra": homem que matasse a mulher adúltera e as filhas menores de 21 anos "desonradas", só teriam como pena, o exílio temporário da comarca.
As violações eram muito pouco referidas!... A sociedade, refere a historiadora Maria João Vaz, em Crime e Sociedade - Portugal na Segunda Metade do Século XIX e O crime em Lisboa 1850--1910, "compreendia razoavelmente o delito da violação desde que houvesse reparação, ou seja: se violador casasse com a vítima ou se responsabilizasse por ela."
Não estava em causa naturalmente a ideia da liberdade e auto-determinação sexual da mulher, mas a moralidade social e a "honra" da família. E como é evidente, violência doméstica e abuso sexual de menores, assim como os maus-tratos a dependentes, só seriam crime daí a mais de um século.
Milhares de crianças eram abandonadas nas ruas, o infanticídio era tolerado - não é sequer incluído na categoria de homicídio, e o aborto apesar de considerado crime, raramente era alvo de perseguição judicial. O trabalho infantil estava mais do que instituído!... Os órfãos que escapavam à morte e chegavam aos 7 ou 8 anos, eram entregues a quem se dispusesse a "ensinar-lhes um ofício" e o casamento civil era permitido ainda em tenra idade como evidenciam os Censos da época. Em 1867, 153 meninas casaram entre os 11 e os 15 anos.

- MORRER COMO TORDOS
O Estado tal como o conhecemos hoje foi-se construindo: 1867 foi também o ano do primeiro Código Civil, igualmente conhecido por Código Seabra. Entrou em vigor em 1868, substituindo as Ordenações Filipinas, e só será substituído pelo Código Civil de 1966, que ainda hoje vigora.
É também neste ano que foi criada por Decreto Régio, a Polícia Civil - hoje Policia de Segurança Pública. Uma Policia que conjugava as competências e atribuições das actuais Polícia Judiciária, assim como do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, e do SIS-Serviço de Informações e Segurança. Foi o primeiro corpo de Polícia não militar a surgir em Portugal!... Antes existira a militarizada Guarda Municipal, criada em 1834 - antepassada da GNR-Guarda Nacional Republicana, mas que só funcionava nas regiões de Lisboa e Porto. No resto do país, quando havia problemas chamava-se o exército.
De como e onde eram julgados os crimes dependia da gravidade. "Não havia Juiz de Instrução Criminal, as pessoas eram entregues ao Governo Civil e iam a tribunal de primeira instância", refere a historiadora Maria João Vaz. "Ainda havia juízes eleitos pela população dos Municípios, e todos os crimes maiores eram julgados por júri, constituído a partir de cadernos de jurados elaborados anualmente e só compostos por homens”.
Apesar do seu estatuto de menoridade, as mulheres de então, ao contrário do que é mito, sustentavam-se a si próprias. "A ideia de que as mulheres não trabalhavam é falsa", assevera ainda a historiadora. "O trabalho delas era mais indiferenciado, mas começa então a haver costureiras, tabaqueiras, e algumas a trabalhar em fábricas de têxteis, onde trabalhavam também crianças.
Nas cidades, elas estavam à frente das tabernas, casas de pasto e de bebidas, e havia muita prostituição!... As prostitutas até eram inspecionadas para terem boletim sanitário. Além claro, das "criadas de servir", um enorme contingente que o Censos de 1864 não quantifica, por não ter conseguido fazê-lo em relação às profissões.
Por outro lado, grande parte da população não casava, e quando o fazia era tardiamente!... Entre os 16 e os 20 anos não chegam a dez mil as casadas, e eles são apenas entre casados e viúvos, 1261. Só depois dos 31 anos o número de casados é maior do que o dos solteiros entre os 31 e 40 anos.
A insegurança advém também da pobreza e da doença!... Aos hospitais ia-se para morrer, não para ser tratado. Morria-se muitíssimo de parto - caso da mãe do rei, D. Maria II em 1853; e de febre tifoide - que vitimou o irmão mais velho do rei aos 24 anos.
A alimentação média da classe baixa em zonas rurais era muito incipiente. Couve galega das próprias hortas, um pouco de azeite, broa de milho e vinho, constituem a comida com que se sustenta todo o ano a maioria da população, excepto nas poucas alturas em que conseguia deitar a mão a algum bacalhau ou a uma sardinha. Os melhores trabalhadores fazem um caldo de feijões, banha e abóbora - caldo de unto, que não era nada mau numa noite fria nas terras de montanha. Na cidade, onde não havia ainda água canalizada, “a higiene era péssima", explica a citada historiadora. "O ambiente urbano era malcheiroso, sujo, com detritos que se deviam a vários factores, como a passagem dos animais para o matadouro. Os produtos alimentares vendidos eram muito adulterados. Punham urina no leite - água talhava, mas urina não – e havia pequenos esquemas que causavam muitas doenças."

Este era afinal o retrato de um país hà 150 anos, em que a 1 de Julho de 1867, foi finalmente abolida a pena de morte