Tudo o que se tentou evitar até agora está a acontecer!... Chegámos ao limite, e se formos muito para lá do ponto em que estamos, corremos sérios riscos de agravar ainda mais os danos de uma pandemia com a perda da auto-estima que sustenta o nervo da nossa terra, mas também do país inteiro.
Dito de outra forma: se o confinamento falhar, o preço a pagar será altíssimo. Cada um de nós e como é óbvio enquanto comunidade, temos muitos interesses em jogo!... Neste momento porém, não “brinquemos em serviço” – outros valores se levantam. E sendo assim, resta uma só solução: levar o confinamento muito a sério, olhar para as regras e não para as excepções, e perceber que as decisões de cada um contam. E contam para o bem e para o mal!... Relativizar o perigo é exponenciá-lo e virar-lhe as costas por fadiga ou impaciência, por descrença ou por dúvidas sobre prescrições dos especialistas - é fugir à responsabilidade. Ficar em casa, é por isso mais do que uma opção individual: é um acto político, uma prova de empenho cívico e um gesto de resistência em favor do bem comum.
Para lá
dos ecos da História, há um princípio basilar a que estamos obrigados: a
solidariedade, a que a condição daquilo que somos não dispensa...
O desafio que se coloca é muito grande e deve ser levado a cabo pelo
conjunto da sociedade, ainda que, como é natural em democracia, possam e devam
existir escolhas diferentes relacionadas com alegados detalhes que têm sempre a
ver com as medidas tomadas e os seus paliativos. Mas isso, dá ainda maior importância
à necessidade de um compromisso colectivo que passa também pela intervenção dos
políticos ou dos aspirantes à politica. Mais do que representantes de
interesses – que também o são por definição – é chegada também a sua hora de
serem escolas de cidadania e baixar a guarda, neste momento muito difícil que
atravessamos.
Vivemos uma “guerra” que é preciso vencer ou no mínimo escapar
aos seus efeitos!... E não é discutindo e a lançar alarvidades dia a dia, hora
a hora e minuto a minuto, procurando por essa via os louros dos distraídos, que
a vencemos. Se continuarmos nessa onda, o inimigo avança e vai continuar a
destruir tudo pelo caminho. O combate politico não sendo um vírus, não é por
isso uma prioridade. Os interesses das pessoas sim, sobretudo das menos
protegidas e têm por isso de falar bem mais alto. Trata-se de uma missão
colectiva que nesta altura das nossas vidas é mais importante que a “caça ao
voto” e com a qual os agentes políticos se devem comprometer num combate
solidário e neste momento imprescindível. Repito: não brinquemos em serviço!...
Este não é o tempo de cavar trincheiras. Para lá dos ecos da História,
há um princípio basilar: a solidariedade a que a condição daquilo que somos,
nos obriga.
Crónica para a Revista A Barrosana|Fevereiro 2021